Resgate

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ROMANCES MENSAIS

LIVRO VII – CASAMENTO DE JULHO

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CAPÍTULO XXVIII - RESGATE

- Coma! – A bandeja com a comida grotesca é colocada na porta de entrada do quarto sem qualquer cuidado. O capanga de Kai me encara com um sorriso satisfeito ao ver o quanto eu ainda estava fragilizado pela luta da noite anterior. – E eu acho melhor você comer tudo ou o sr. Parker terá o prazer de alimentá-lo pessoalmente e nós dois sabemos que seus métodos não são nada divertidos. Quer dizer, não para você.

Limito-me a lançar um olhar indiferente aos seus comentários. Eu não me importava com as provocações de Kai e seus homens. Nem com as condições precárias que tenho vivido desde que fui obrigado a vir para Londres. Nada disso importava mais.

O homem bufa, irritado por não conseguir qualquer reação de minha parte, e volta a sair do quarto, trancando a porta em seguida. Suspiro e observo os feixes de luz que entravam pela frestas da janela fechada por grades grossas, sendo a única iluminação do minúsculo quarto em que eu me encontrava.

Para me punir, Kai tinha feito questão de me colocar em um quarto de no máximo oito metros quadrado, com um banheiro menor ainda. O lugar fedia a mofo e a única saída de ar eram as frestas da porta e da janela. Eu não tinha direito nem mesmo a coberta de cama, travesseiro ou um coberto. O colchão era velho e fino, sendo extremamente desconfortável para dormir. As paredes do quarto possuíam uma aparência asquerosa e não era tão incomum assim encontrar ratos e baratas perambulando pelo local durante a madrugada.

Respiro fundo e me forço a levantar. Sentindo todos os membros do meu corpo reclamarem de dor. Há uma semana tenho sido obrigado a lutar todas as noites no Grand Slam, enfrentando oponentes fortes, que não se importam nenhum pouco em seguir as regras, se é que esse torneio de lutas clandestinas tem alguma regra além de lutar até que um dos lutadores não esteja mais consciente.

Não foram poucas as vezes em que jovens perderam suas vidas nessas lutas perigosas e nada era feito, porque isso gerava dinheiro. Muito dinheiro. A cada luta realizada, mais apostas são feitas e mais alto se torna o prêmio final. Era surreal pensar que as pessoas consumiam um entretenimento tão baixo quanto esse. Era surreal pensar que as pessoas consumiam um entretenimento tão baixo quanto esse.

Meu estômago se contrai ao ver a aparência repugnante dos dois sanduíches e o suco fino. Suspiro mais uma vez e decido comer de uma vez. Eu já estava há muito tempo sem comer e teria que me preparar hoje para as semifinais do Grand Slam.

A última luta tinha sido bastante desgastante. Eu já não estava mais suportando toda a pressão psicológica de Kai e o cansaço físico e emocional. A saudade que sinto de casa era massacrante e me torturava diariamente. Mas a pior parte de tudo isso era ficar longe de Elena.

Desde que sai de Hawkins, eu sentia como se uma parte importante de mim estivesse ficado para trás. Como meu celular havia sido tomado por Kai, nas poucas vezes que tive a chance de entrar em contato com a minha família nessa semana, eu evitei conversar com a garota, porque sabia que poderia desabar se ouvisse sua voz.

Ainda que fosse difícil mentir para tia Isobel, meu pai e Oliver, eu não conseguiria sustentar a farsa sobre a minha atual realidade se conversasse com Elena. Eu tinha ciência de que ela não estava tão bem. Meu melhor amigo e minha madrasta já haviam me alertado sobre seu estado. No entanto, eu sabia que seria mais fácil ela não saber sobre o que está acontecendo comigo. Eu a conheço bem para saber que assim que soubesse, ela pegaria o primeiro voo para Londres e acabaria se envolvendo em problemas.

Casamento de JulhoOnde histórias criam vida. Descubra agora