Punição

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ROMANCES MENSAIS

LIVRO VII – CASAMENTO DE JULHO

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CAPÍTULO XXVI - PUNIÇÃO

O dia tinha amanhecido e eu não tinha conseguido pregar os olhos durante toda a noite. Todos os acontecimentos do dia anterior invadiam a minha mente. A preocupação por não saber o paradeiro de minha namorada e madrasta pareciam pesar toneladas em meu peito.

Eu tinha me acostumado a dormir abraçado a Elena. Tê-la longe de mim deixava um espaço grande demais em minha cama. E foi por isso que assim que o dia amanheceu e não tive respostas as minhas mensagens, resolvi ligar. Para a minha infelicidade, o toque de seu celular ecoa no quarto de frente ao meu. Tento entrar em contato com tia Isobel, mas não tenho respostas.

- Droga! Elena não levou o celular. Agora eu não consigo falar nem com ela e nem com a tia Isobel. – Sussurro frustrado, entrando na sala de jantar com o celular de minha namorada em mãos. Eu precisava de um café para afastar o cansaço. Surpreendo-me ao encontrar meu pai com as mesmas roupas da noite anterior, encarando o céu nublado pela janela com uma expressão desolada. – Pai?

O homem desvia o olhar para me encarar. Durante alguns instantes, permanecemos em um silêncio que parecia dizer muito mais do que aparentava. Ele estava péssimo. Os olhos vermelhos e inchados pelo evidente choro, os cabelos bagunçados e as roupas amassadas demonstravam que ele não havia dormido nada essa noite.

Meu pai então suspira e se afasta da janela, indo se sentar à mesa. Sem conseguir me encarar, ele esconde o rosto entre suas mãos e expressa o mesmo desespero que o vi se entregar quando Lilly nos abandonou há quase vinte anos.

- Eu fiz de novo. – Ele sussurra com a voz embargada pelo choro. Suspiro e me aproximo, sentando-me ao lado dele. – Mais uma vez eu não consegui ser um bom marido e um bom pai.

Suspiro mais uma vez, sem saber o que dizer. Eu também me sentia culpado por essa situação. É claro que eu planejava contar a meu pai e a tia Isobel sobre meu relacionamento com Elena, mas eles não deveriam ter descoberto tudo daquela forma. Se eu tivesse sido mais responsável e explicado direito sobre os meus sentimentos por Elena, talvez tudo tivesse sido evitado.

- Pai... – Chamo o homem, tentando soar o mais sincero possível. Ele suspira e me encara. – Eu sinto muito. Eu nunca quis atrapalhar seu casamento com tia Isobel. Ela te faz feliz e isso me deixa feliz também. Acredite em mim. Se eu tivesse controle sobre os meus sentimentos, eu não escolheria amar Elena. Mas eu a amo. Muito mesmo. Eu nunca sentir por alguém o que eu sinto por ela. E é por isso que mesmo com medo de você me odiar, pela primeira vez na vida, eu fui incapaz de ignorar meus sentimentos. Eu decidi lutar e acreditar que juntos nós poderíamos vencer qualquer obstáculo. Fosse um líder de uma organização de lutas clandestinas ou um meio-irmão obcecado e vingativo, eu simplesmente não poderia desistir dela.

"Elena é a melhor coisa que aconteceu em minha vida, pai. Eu sei que já cometi muitos erros e nunca fui um exemplo de filho. Eu também sei que não deve ser fácil criar uma criança rebelde sozinho. E sinto muito mesmo por ter tornado as coisas mais difíceis para você, mas... é ela, sabe? A pessoa que faz meu coração bater mais forte. Aquela que me dar coragem para enfrentar meus medos e me faz ser um homem melhor. Elena é a mulher que eu amo. E eu faço o que for preciso para vê-la feliz e segura. Então... eu realmente sinto muito por te decepcionar mais uma vez. Você é um homem incrível, pai. Merecia um filho melhor do que eu e...

- Não diga isso. – Ele ergue mais o olhar e suspira, enquanto balança a cabeça em negação. – Eu sinto muito por não ter sido o pai que você merecia. Você já sofreu muito e teve que suportar muita coisa por causa da minha covardia. E é por isso que eu sou e serei eternamente grato a Clint por ter sido o pai que eu nunca fui. Apesar de ser um fracasso como pai, eu te amo, filho. Muito mais do que eu consigo demonstrar. Eu tenho orgulho de você, Damon. Você é a melhor parte de mim, filho. Acho que a única parte realmente boa de mim.

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