Capítulo 3: Vampira.

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Abri meus olhos com lentidão sentindo a pequena claridade incomodá-los. Suspirei profundamente ao me agraciar com o conforto e a temperatura boa que estava deixando-me completamente relaxado. Meu pé estava latejando, mas eu não sentia uma dor tão terrível quanto antes. Pisquei algumas vezes e me remexi levemente, bocejando preguiçosamente, além do mais o meu corpo ainda estava se curando do ferimento, e isso fazia com que qualquer mestiço se sentisse sonolento, tendo uma grande necessidade de estar bem aquecido e confortável - além do mais, eu ainda sou um meio humano.

Os puros tem a capacidade de se curar bem mais rápido, sem a necessidade de estar bem aquecido - mas não tô afim de discutir o quanto a minha espécie é frágil em alguns sentindos. Foquei minha visão aos poucos, e encarei o lugar onde estava deitado de lado e de modo confortável para que eu não machucasse mais ainda o meu pé. Toquei aquela imensidão de pelos negros e macios que exalava um cheiro agradável e cítrico, com uma temperatura agradável. Aquilo com certeza não era uma cama ou sequer um pano.

Vi o movimentar de subir e descer do dorso, do que eu descobri se tratar de um lobo. Era um respiração calma e serena, eu podia ouvir as lufadas de ar daquela criatura, que me deixava cada vez mais com medo e fascínio.

Tenho medo dos puros transformados por causa das histórias que os meus tios me contavam quando eu era criança, mas olhando para um de tão perto, eu até que não me sinto tão horrorizado. Ele é grande, na verdade acho que se ele ficasse em pé, o mesmo seria do meu tamanho - no caso, uns um e setenta e três.

Ele dormia calmamente com as orelhas abaixadas e um ar nada selvagem. No entanto notei a mancha branca em um de seus olhos, e as lembranças do ataque vieram em minha mente, fazendo-me levantar de forma rápida e cuidadosa para não acordá-lo.

Olhei em volta e vi mais quatro lobos dormindo em volta da fogueira - a qual estava eu e o alfa, próximos. Eu ainda usava as mesmas roupas de ontem, mas estava sem os meus coturnos. Dobrei meu joelho com delicadeza e observei meu pé que estava no lugar - normal de um pé estar -, junto a uma faixa branca enrolada nele. Tirei-a com bastante cuidado para dar uma analisada na situação. Meu calcanhar estava levemente inchado, mas estava bem melhor do que a cena que vi ontem. Toquei com delicadeza o começo da minha canela, e nela havia uma pequena marca.

Era exatamente igual àquele símbolo que estava no cavalo branco - a qual tive a oportunidade de galopar -, exatamente igual ao brochê do Jeon. Aquele era o símbolo da alcateia dele, com certeza. Suspirei tristonho no quanto era estranho saber que eu fazia parte de um conjunto de lobos agora. Eu não posso simplesmente fugir deles, é a regra principal de um elo dentro de uma alcateia. Apenas o supremo decide se serei exilado ou não de seu "povo" ou simplesmente dar a liberdade para a pessoa. E eu com certeza vou lutar por ela. Mas a minha preocupação não é fato de eu ter sido atacado, entrado numa alcateia ou sequer ser a promessa de alguém - essas coisas eu resolveria num piscar de olhos -, meu real problema eram os lobos. Eles iriam me aceitar? Aceitar um mestiço dentre eles? Eu realmente espero uma resposta positiva, já que além de mestiço, eu sou um ômega.

As vezes somos tratados como escória por sermos não tão fortes quanto os outros. Isso é algo tão ridículo! Se existe alguém fisicamente frágil e você pode ajudá-lo a se proteger, e tratá-lo com respeito, por quê não faz? Ultimamente as pessoas só pensam nelas mesmas, e quão maravilhoso e testar alguém como se fosse um lixo qualquer. No entanto suponho que o Jungkook não seja tão ruim - mas isso não quer dizer que não estou com raiva dele, além do mais, ele quase arrancou o meu pé - pois deixou que eu dormisse sobre ele e deu-me todo o calor necessário para me curar - é provável que ele tenha colocado a faixa na minha fratura, sem contar que meu pé e canela estavam completamente limpinhos daquele sangue.

O supremo poderia ter me deixado num tipo de cela até o lugar onde ele esteja me levando, com um ferimento feio daqueles, mas não o fez. Isso é o que me deixa desconfiado e cheio de perguntas em minha mente, mas a vontade que tenho é de dar umas belas bofetadas nele por ter me feito chorar que nem um bobo, e até mesmo ter me deixado tão acanhado naquele maldito jantar. Esse é o outro fato que me dar ódio nos alfas... Aah... Como eles conseguem mexer tanto com nós ômegas? Isso é quase um pecado mortal! Poxa vida!

Prometido ao SupremoOnde histórias criam vida. Descubra agora