Capítulo 2: A caça.

6.7K 1K 1K
                                    


_ Olá! Sejam bem vindos a nossa casa! - Disse minha tia me assustando e fazendo-me afastar um pouco para que ela tomasse a frente das coisas.

Ela estava animada e esbanjava uma felicidade anormal para o beta com terno azul assim como o outro homem de terno preto. Até mesmo a sua postura estava completamente ereta, e as suas roupas bem passadas. Olhei para o chão, e deixei que minha tia levasse os visitantes para sala, enquanto eu ficava para trás para fechar a porta. Suspirei profundamente e a fechei com cautela. Eu realmente não estava afim de participar daquele jantar, algo me dizia que ia acontecer alguma coisa de errado comigo. Então eu já estava me preparando mentalmente para não ter que sair no tapa com alguém. Por que motivos eles iriam receber um puro aqui? Meus tios não gostavam deles, porque segundo os mesmos, eles foram os culpados do sumiço de meus pais. Mas fazer o quê? Parece que as pessoas mudam rápido de opinião.

Me virei novamente e tombei em alguém, fazendo-me tropeçar nos próprios pés e segurar na primeira coisa que estava na minha frente, como apoio. O moço de terno escuro se virou de frente para mim, e eu segurei firme nas dobras de seus braços, tentando me erguer no lugar novamente. Eu ia pedir desculpas, mas travei ao sentir aquela temperatura gostosa que só um alfa poderia exalar. Apertei levemente o lugar onde eu estava segurando, sentindo aqueles músculos bem marcados por debaixo daquelas mangas longas e escuras.

Olhei desde os pés do homem até a cabeça. Notando suas botas marrons de cavalaria e calça preta, junto a um o sobretudo fechado com botões escuros e um lindo broche de prata num formato de cabeça de lobo. Olhei para cima e encarei o rosto do ser que me encarava em silêncio. Cabelos negros, lábios finos e levemente rosados, a pele nem bronzeada e nem alva - meio a meio -, uma pequena pinta abaixo do lábio inferior e perto da ponta do nariz, uma pequena marca na bochecha na parte superior, olhos castanhos escuros e redondos, junto as sobrancelhas que estavam um pouco juntas, e um olhar misterioso que me fez soltar um pequeno suspiro discreto. Ele é lindo demais.

O homem abaixou o rosto levemente e observou-me com cautela, sem deixar nenhum dos seus pensamentos sobre mim aparentes naquele momento. Ele ergueu sua mão com dedos longos, cheios de veias bem marcadas e alguns anéis de prata distribuídos em seus dedos. Tocou levemente os fios do meu cabelo que tampavam o meu pescoço, deixando-o completamente exposto. Deslizou um de seus dedos ali, e soltou um pequeno arfar que me fez tremer. Eu me senti completamente travado no lugar, assim que um sorriso enigmático tomou os seus belos lábios, e eu pude ver as pontas de suas presas de alfa. Ele tragou o ar com força, e o medo tomou o meu interior ao ver um brilho estranho em seus olhos. Me afastei rápido, engolindo em seco completamente envergonhado.

Fiquei sem saber o que dizer, já que eu nem sequer conhecia aquele cara e praticamente fiquei em cima dele, e ele me tocou daquele jeito. Respirei profundamente tentando identificar o seu aroma, mas não veio nada. Ele estava parado me olhando intensamente, me deixando cada vez mais acanhado. Talvez ele estivesse esperando um pedido de perdão ou algo do tipo, quem sabe um "obrigado", mas estou me sentindo tão travado na frente dele que não consigo ao menos abri a boca para falar algo. Talvez saia mais um miado desesperado do que um agradecimento. Suspirei novamente e fechei os olhos, voltando os abri com calma. O homem ainda estava no mesmo lugar em silêncio.

_ Me desculpe, eu... - Comecei a dizer com educação, mas o cara simplesmente saiu dali me deixando falar com as paredes.

Que?

Além de estranho é um baita de um grotesco...

Coçei os cabelos em confusão e balancei a cabeça para espantar toda aquela tensão. Andei até a sala de jantar com a maior preguiça do mundo, já que eu não estava a fim de ficar ouvindo os meus tios puxar o meu saco na frente dos outros, ou ser o centro das atenções de pessoas que eu ao menos conheço. Principalmente o beta que andou me observando, eu tinha certeza de que era o mesmo moço que andava me perseguindo a uns meses atrás, em todos os lugares que eu estava. Quando estava na forma de lobo, ele rondava minha casa silenciosamente a espreita, me observando como se eu fosse um bobo ao ponto de não saber que ele estava por ali. Eu sabia ser bem sagaz quando eu queria - não foi a toa que me envolvi com os ladrões da região. E em sua forma humana, vi ele me olhando de longe, mesmo que eu fingisse que não notava a presença dele. Ele era o mesmo cara que ia todas as noites no bar, e se sentava no balcão pedindo um whisky e me olhando tocar o piano de madeira vermelha. Eu tenho certeza que é ele, aquelas covinhas não me enganam, muito menos aquele penteado de lado.

Prometido ao SupremoOnde histórias criam vida. Descubra agora