Acordei assustada, suada e com os olhos cheios de lágrimas. Estava completamente nervosa. Toda noite, era o mesmo pesadelo, mas a cada dia, sentia um medo ainda maior daquele tormento. Era como se fosse tornar realidade. Me levantei da cama na ponta dos pés, mas o piso de madeira velha rangia enquanto eu me aproximava da janela. A vista do quarto dos garotos dava para montanhas, enquanto a nossa, se via apenas árvores de galhos retorcidos e o portão de grades enferrujadas. Era uma vista sombria e triste. Aquele lugar era antigo, e precisava de uma reforma. Nossos quartos pareciam mais um lugar de isolamento, com paredes de madeira, mas que tinham o aspecto de que estavam mofadas a décadas. Vestindo minhas roupas, fui correr um pouco ao redor da casa para esfriar a cabeça. Ainda era cedo, ninguém tinha acordado, a não ser Abey, que era responsável pelas tarefas da casa. Eu descia devagar, tentando não fazer barulho, mas o piso feito de madeiras envelhecidas, apesar do carpete azul que as recobriam, não paravam de ranger.
- Onde a senhorita pensa que está indo? - Perguntou Abey.
Ela pensava que eu fugiria.
- Hoje, vou apenas corre ao redor da casa. Porque? Não posso? Tenho que pedir permissão ao senhor Willy para isso também? - Perguntei em tom desfiador.
- Casey, não se faça de inocente. Você acha que também não haverá um castigo dessa vez? - Abey me alertou.
- Seja qual for, irei suportar Abey. - Respondi de volta.
- Quando você vai crescer Casey? Nós só queremos o seu bem. - Ela explicou com sua voz mansa.
- Eu sei... desculpe-me se fui grossa com você, mas não levantei muito bem hoje. - Falei com a voz mais calma.
- Deseja algo? - Ela perguntou carinhosamente.
Abey sempre foi como uma mãe para todos no orfanato. Não importava o quanto éramos ignorantes, ela sempre oferecia carinhosamente sua ajuda e seus cuidados a cada um de nós. Seus olhos eram castanhos, assim como seus cabelos e sua pele era clara.
- É apenas um mal estar passageiro. Vou correr para esfriar a cabeça e me aquecer para o treino. - Respondi.
Abey concordou com a cabeça, e me ofereceu o seu doce sorriso. Respondi da mesma forma e segui até a grande porta de madeira. O ar gélido veio ao meu encontro quando abri a porta, o que me causou arrepios. As árvores balançavam, por conta desse vento frio. Coloquei-me a correr ao redor do grande casarão. Logo me veio à mente o pesadelo, que para mim não fazia sentido algum, apenas me incomodava. Em minha cabeça só ouvia a voz de Alan me dizendo: - "Eu te avisei Casey, mas você não me ouviu!". Fechei os olhos para me distrair, mas acabei trombando em alguém e caindo sentada no chão.
- Casey! Você está bem? - Perguntou a voz, a qual eu já tinha reconhecido.
Tratava-se de Dener, um garoto alto, forte, que tinha cabelos lisos e escuros. Tinha sido o primeiro que chegou ao orfanato de Orion, e também era o mais velho de todos nós. Por esse motivo, ele sempre nos treinava e ajudava Abey a cuidar de todos. Eu cheguei muito nova a aquele lugar, mas uma das minhas primeiras lembranças, foram com Dener. Ele era como um irmão mais velho.
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Os fugitivos de Orion (Em Revisão)
Ficção CientíficaOrfanatos são muito comuns para as pessoas, mas o que se sabe sobre o de Orion, o transforma de normal para extremamente fora do comum. O dono daquele lugar é o senhor Willy, um caloroso e gentil homem, o qual decidiu abrir o lugar quando encontrou...