❇ 09.

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O almoço foi servido para nós e eu evitei ao máximo voltar ao assunto da noite anterior, quando Malia contou de sua gravidez passamos o restante do almoço falando sobre filhos e como cuidar de um neném, mãe deu várias dicas para Malia que com certeza ficou mais boba ainda.

— Uma pena meu horário de almoço estar acabando.
— Prometo que vamos ter mais tempos assim, tudo bem dona Lelly? Agora precisamos ir.
— Sem problemas amores, se cuidem viu? E Malia qualquer coisa que você precisar estou aqui para te ajudar querida. — mãe disse sorrindo sincera para mesma que retribiu na mesma intensidade.
— Vai pra casa agora? — Malia perguntou, me olhando.
— Digamos assim que agora é minha casa, então, sim... Por quê?
— Vou pra casa dos meninos não quer ir comigo? Heitor comentou que precisava conversar com você.
— Conversar comigo? — perguntei, num tom um pouco surpreso.
— Sim e eu não sei o motivo então nem tente arrancar alguma coisa de mim.
— Como se eu fizesse isso..
— Não, imagina né Loreta.
— Ai credo! — falei, rindo.

***

Quando chegamos na casa dos meninos e quando eu digo casa é casa mesmo, não apartamento como Malia se referiu ao perguntar se eu iria para ''casa'' — no caso o apartamento da Thaís — logo senti um cheiro maravilhoso vindo da cozinha e se eu não tivesse acabado de almoçar juro que comeria ali, porque o cheiro estava divinamente bom.

— Nossa que cheiro bom. — acho que eu não fui a única a notar, Malia também notou.

Os meninos estavam na bancada mexendo em alguma coisa no notebook e então eu vi uma senhora baixinha e um pouco gordinha cozinhando alguma coisa, estava explicado o motivo daquele cheiro tão gostoso.

— Quem é ela? — perguntei quase num sussurro para não parecer rude.
— A Mimi, mas conhecia como a nossa mais nova empregada e mãezona, não é não Mimi? — Matheus perguntou num tom mais alto para que a mesma pudesse escutar.
— Aí menino você já me azucrinou demais, me deixa em paz! — ela respondeu sem nem dar o trabalho de ser gentil sabendo que eu e Malia estávamos ali.
— Cara, ninguém suporta você. — Heitor disse gargalhando vendo Matheus fechar a cara.
— Do que tu tá falando aí, Heitor? Você ás vezes consegue ser mais chato ainda, menino.

Matheus desfez o bico que estava se formando em seu rosto para dar lugar a um sorriso vitorioso olhando para Heitor como quem dizia ''tomou no cu, otário''.

— E então, ao que devo a presença de vocês duas? — Heitor perguntou nos olhando.
— Eu vim ver meu namorado e disse para Loreta que você comentou que precisava conversar com ela.
— Ah! — Heitor se levantou num pulo do banquinho como se tivesse lembrado de algo muito importante — vem. — ele concluiu me puxando para provavelmente seu quarto.

E realmente era seu quarto mesmo, me joguei na cama por causa da linda intimidade que tínhamos e Heitor tirou sua blusa na minha frente porque o quarto estava um pouco mais quente que a cozinha e se jogou na cama ao meu lado.

— E ai, o quê você quer conversar? — perguntei me virando lado e o encarando.
— Sobre a Babs. O quê você achou dela?
— Eu gostei dela... por que?
— Porque acho que estou querendo um lance mais sério.

Com certeza muita gente deve pensar que eu e Heitor já tivemos alguma coisa mas não, nunca, nunca mesmo tivemos algo e aquele selinho que eu lhe dei no carro não foi o primeiro.

— Ela parece ser gente boa e bem diferente do tipo que você está acostumado a pegar, quer mudar é?
— Não po.. é que com ela as paradas estão sendo diferentes, ela é bem diferente mesmo.
— Então já que tu quer e ela provavelmente quer também, por que tá com medo?
— Não é medo, só precisava de uma confirmação de uma amiga e você teve um contato com ela, Malia e Thaís não.
— Fala a verdade e Heitor! Você tem muito mais intimidade comigo do que com as meninas.
— Isso também anã. — ele disse, bagunçando meu cabelo.

O resto da tarde se resumiu em eu ficar com preguiça de ir embora e ficar jogando tempo fora com Heitor na sala jogando vídeo-game já que Matheus e Malia estavam em algum canto da casa fazendo sei lá o que.

— Heitor! — era a 3ª vez que eu o chamava, até que ele me olhou — seu celular tá tocando, merda.

Ele pegou o mesmo e logo atendeu pausando o jogo e indo para varanda, como eu era mais curiosa do que tudo quando ele voltou eu nem fiz cerimonias e fui logo perguntando quem era.
— Com quem você estava falando? — perguntei, me aproximando mais dele e me sentando em formato de pernas de índio no sofá.

— Heron.
— Heron... Heron... Heron... — repeti o nome tentando me lembrar se eu conhecia porque se Heitor falou assim sem me explicar quem era, com certeza eu conhecia ou já tinha ouvido falar — o irmão do Matheus?
— Sim.
— O quê ele queria?
— Falar que está chegando amanhã e que é pra irmos organizando a festa.
— Ah, maneiro.
— É.
— Por que você ficou assim de cara virada depois dessa ligação?
— Heron vai transformar essa casa num inferno.
— Por que?
— Ele não sabe separar as coisas, não sabe pegar uma puta e levar pra um motel ele tem que trazer pra casa dele mas espero que ele tenha senso que aqui não é a casa dele, ele vai estar aqui de favor até ele achar uma casa, apartamento, a porra que for para ele.
— Calma, não precisa ficar tão agressivo assim. — disse, me assustando um pouco com a reação de Heitor.
— Relaxa anã, tô de boa. — ele disse rindo, voltando a jogar.

Eu voltei a me deitar no sofá e peguei o celular de Heitor fuçando em tudo que tinha direito, principalmente nas conversas que ele tinha com as piriguetizinhas da faculdade, era umas coisas que eu nem perco meu tempo de comentar..

Brasa IncandescenteOnde histórias criam vida. Descubra agora