❇ 27.

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❇ Heron narrando ❇

Meus pensamentos estavam á mil, depois do show com a Loreta na manhã seguinte eu já acordei com uma porrada de problema vindo na minha cabeça e como eu não queria que ninguém participasse eu preferi ficar calado e na minha, não queria tratar ninguém mal principalmente a Loreta que não merecia nem 1% do meu mau humor.

Eu e Heitor estávamos no hospital junto com Matheus, mas minha cabeça estava em Sampa.
Malia já iria ser liberada mas Heitor preferiu voltar quando eles estivessem voltando eu apenas concordei porque eu queria ficar um pouco afastado do pessoal.

— Qual é da parada? — Matheus me conhecia.

Estávamos na lanchonete enquanto Heitor preferiu ficar na recepção.

— A mesma coisa... mas acho que a situação tá ficando maior, envolveram polícia no meio.
— Heron, tu sabe que não tem jeito cara por que ainda insiste?
— Porque é uma parada pessoal minha. — respondi curto e grosso.

Matheus fez um sinal negativo com a cabeça e soltou um suspiro pesado.

— E a Melissa? Chega quando?
— Amanhã.
— Está preparado?
— Pra ela? Nunca estou.
— Te desejo sorte então.
— É o que eu vou precisar..
— Tu já viu aquela parada do apartamento? Tá tudo certo mesmo?
— Sim.

Foi a única coisa que eu consegui responder, ele saiu.

Tinha visto com meu pai um apartamento mais próximo da faculdade e queria também ver um trabalho mas ia ser difícil porque eu mal cheguei na cidade e ainda não conheço todas as coisas, mas daqui uns tempos eu consigo.

— Ela já vai ser liberada. — Matheus me avisou quando eu voltei pra recepção
— Vamos agora?
— Eu acho melhor ela ir com vocês porque já implicou dizendo que eu estou muito cansado pra dirigir etc. — Matheus reclamou.
— Eu dirijo seu carro e você vai com o Heitor e a Malia no carro dele, sem nenhum problema.

Aquilo seria bom porque assim eu poderia resolver algumas coisas, sim, resolver algumas ''coisas'' ás 22h45.

— Beleza.

Depois de uns 30 minutos Malia já estava dentro do carro e Matheus no banco de trás junto com ela, me despedi deles e então Heitor deu partida peguei logo o carro de Matheus e dei partida também mas peguei um caminho diferente, qualquer coisa se me perguntassem porque eu demorei digo que tive que procurar um posto para abastecer.

Assim que eu cheguei no local marcado meu celular tocou, eu nem precisei olhar no visor para saber quem era.

— Já tô aqui. — eu disse e desliguei.

O local era mal iluminado e fedia um pouco, típico dos lugares que não se faz nada correto.

— Achei que ia demorar, playboy.
— Tu sabe que eu não demoro — falei, tirando um pen drive do meu bolso — toma.
— A parada tá feia pro teu coroa, tá ligado né?
— Eu sei mas acho que isso não é da tua conta, só entrega isso.
— Beleza.

Eu não falei mais nenhuma palavra e vi o cara e mais outros dois se afastando, eles entraram no carro e saíram praticamente voando, respirei fundo e voltei pro carro dessa vez seguindo para casa mesmo. O caminho todo eu fui pensando como seria amanhã com a vinda da Melissa ou Mel, que no caso era minha namorada e sim, eu namoro.

Fui um filho da puta por ter ficado com a Loreta mesmo namorando? Sim eu fui, mas eu e a Mel tínhamos dado um tempo até ela me ligar dois dias antes de rolar algo com a Loreta e cá pra nós ela estava a quilômetros de distância de mim então não estava muito errado, eu acho.

Meu celular tocou e quando olhei no visor meu pensamento mudou de rumo rapidamente.

— Fala.
— Valeu.
— Por nada.
— Tu sabe que não fui eu quem envolvi essas porras tudo no meio, não sabe?
— Sei mas acho que você deveria ficar um pouco mais espero, mete o pé dai por um tempo!
— Não dá, preciso de alguém aqui e se eu não tenho você que é quem meu mais confio, vou ter quem? Ninguém.
— Beleza, tu sabe o que faz depois a gente se fala. — desliguei.

Quando cheguei na casa de Matheus já era de se esperar que estivesse tudo em silêncio, mas fui surpreendido quando me deparei com a minha tia na sala.

— Tia? — perguntei, um pouco sem entender.
— Oi Heron. — ela sorriu e eu me lembrei da minha mãe, bateu uma saudade do caralho.
— Que foi? Você por aqui e ainda essa hora? Algo sério?
— Não, bom... — ela parecia tensa — tem alguma coisa acontecendo com o Heitor?
— Não, por que? —
— Ele anda tenso, nervoso e anda falando muito sozinho... Você sabe se ele ainda está usando aquelas coisas ou se ele voltou a usar?
— Po tia, eu e Heitor não estamos uma relação muito boa mas eu não tenho percebido nada de diferente nele, o mesmo jeito super-protetor, mandão, se achando o responsável..
— Ah bom, obrigado querido.
— Por nada tia, vai embora essa hora?
— Não vou ficar no quarto de hóspedes — ela disse, se levantando e saindo da sala — boa noite.
— Noite boa! — falei, jogando-me no sofá.

A verdade é que minha relação com o Heitor nunca foi boa desde pequenos, ele roubava as meninas que eu ia ficar e eu fazia a mesma coisa e sempre ficamos nessa guerrinha idiota. Claro que nem sempre foi assim, no Ensino Médio éramos grudados mas eu comecei a seguir um lado ''obscuro'' — como ele prefere falar — da minha vida e então ele se afastou e aí juntou a Loreta no meio e então foi um motivo pra ele ficar mais na defensiva ainda, achei milagre ele não ter contado da Mel para Lô.

— Ainda bem. — disse.

Brasa IncandescenteOnde histórias criam vida. Descubra agora