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- Está tudo bem? — Hope perguntou assim que Justin desligou o celular.

- Está, é só a Carrie sendo irritante. — o Adams revirou os olhos, indignado com as palavras da amiga, fazendo a Collins rir. — Ela te mandou um abraço.

- Ah... — a menina sorriu. — Eu gosto muito dela e da Naomi, elas são pessoas boas.

- E eu e o Austin? — o garoto cruzou os braços, fazendo biquinho.

- Vocês também. — a cirurgiã pediátrica corou, mas riu da falsa irritação do rapaz. — Corey mesmo com pouco tempo aqui, assim como eu, parece ser também uma pessoa super legal.

- É, conversamos pouco, mas ele é um cara legal.

- E aí? — Hope o se debruçou sobre o pequeno balcão, mudando de assunto. — O que vamos beber?

- Que tal... — ele tirou uma garrafa da prateleira após alguns minutos escolhendo. — Licor de morango?

- Hm, sabe que eu nunca tomei...

- Vê se não exagera então.

- Ei! Eu não sou fraca para bebida. — ela reclamou, enquanto ele ria e servia a bebida.

- Sério? Então, bebe. — ele lhe estendeu um dos copos.

Ela virou o líquido de uma só vez, e em seguida fez uma careta, fazendo Justin rir e virar o seu também.

- Ah! — a médica bateu o copo na mesa. — Quase não sinto o gosto do morango, Jesus.

- É um pouco forte assim mesmo. — Justin serviu mais um pouco para os dois. — Então... Seu primeiro dia no hospital amanhã.

- Pois é, eu estou muito feliz por voltar a fazer o que eu amo. Não é só pediatria, não é só cuidar de uma criança ou dar seu diagnóstico. É sensação de estar fazendo uma cirurgia em um corpo tão pequeno e indefeso e fazer de tudo para que a criança volte aos seu pais. — ela falou com os olhos brilhando, atraindo um olhar admiração do Adams. — Eu não tenho experiência com adultos, por isso não fiz cirurgia geral, mas as crianças... Elas são o nosso futuro.

- Isso é lindo. — ele sorriu, dando a volta no balcão e parando ao lado dela, enchendo novamente seus copos. — Eu fiz cirurgia cardíaca pelos mesmos motivos, só muda a parte das crianças. Claro que, às vezes eu tenho que cuidar delas caso tenham algum problema no coração, mas tirando isso, não tenho muito contato. Eu amo o que faço. Você tem razão, a sensação de estar salvando uma vida é... Nossa. — suspirou. — A adrenalina de estar ali e seu pensamento focado em salvar, é sem igual.

- Sua mãe que lhe disse para seguir sua profissão ou...

- Não, não. Minha mãe sempre me deu liberdade para fazer minhas próprias escolhas. Eu escolhi a medicina, e nunca vi tanto orgulho nos olhos dela quando eu me formei e comecei meu estágio. Nunca quis decepcionar a minha mãe depois daquilo, e mesmo assim... — ele soltou mais um suspiro, mas dessa vez, um tenso. — Matei pacientes ao longo da minha carreira.

- É inevitável. Acha que eu nunca matei alguma criança na mesa de cirurgia? — a garota perguntou, retórica, segurando a mão do médico, que ouvia as palavras da moça atentamente. — Tem sempre um risco, um erro, o que importa é aprender com ele e ensinar sobre. Nós não matamos alguém, nós sabíamos que não daria para salvar. Eu e você sabemos, todos os cirurgiões sabem quando alguém vai ou não morrer antes de entrar em uma sala. Mas nós tentamos porque é nosso dever e quando fazemos o impossível é uma realização. — ela encarou os olhos castanhos do rapaz, sendo prontamente retribuída. — No fim, nós fazemos o nosso trabalho, não por ser só o que temos que fazer, mas por amor a isso.

Where Is The Love?Onde histórias criam vida. Descubra agora