quarenta.

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Estamos cercados o tempo inteiro de pessoas. Pessoas as quais causam um grande impacto em cada um de nós; positivo ou negativo, essa busca por provar para alguém - ou para si mesmo - que tem, pode ou é algo, nos torna as piores influências para nós mesmos. Intensidade não é ter tudo, ou ser demais, intensidade é tentar sempre mergulhar nas relações, nas situações, enxergar em uma coisinha tão sucinta e apagada, uma forma incrível de crescer, de sentir-se livre ou de apenas sentir. Estamos tão acostumados a nos forçar a entrar no tempo, nos padrões do outro, que esquecemos de que nossas vidas também importam, e importam muito mais do que realmente percebemos. Nossas questões internas também importam, nossos medos, aflições, emoções, sentimentos... Essa ideia de perfeição, de poder tudo, é nula. A perfeição é estéril, ela não se conecta, não cria nada, e ser perfeito nos torna qualquer um menos nós mesmos. Somos apenas nós, querendo aprender a cada dia e estando dispostos a isso, errando muito e precisando entender que isso faz parte de qualquer processo. Não somos perfeitos e estamos muito longe disso, o que nos faz nós é a forma com que lidamos com isso e tentamos melhorar a cada dia, porque no final das contas, nosso tempo também importa e até ele precisa de um tempo.

Sina acordava um pouco mais tarde do que de costume. Fazia quase um ano que havia terminado com peter e desde então muita coisa aconteceu, depois de concentrar tanto tempo e energia no curso, parou de pensar demais em coisas que ainda estavam em aberto no coração, por mais que tivesse passado muito tempo desde Ibiza, ela ainda sentia a mesma coisa que sentiu aquela noite e estava tentando seguir em frente. Já tinha percebido que Thomas gostava dela, sempre houvera sido perceptiva e mesmo assim, ele de alguma forma queria que ela soubesse, demonstrava sempre e ela se sentia melhor com isso, afinal duas vezes sendo traída tinha sua carga emocional.
Sorria largamente quando passava pelo porta de saída do prédio e deparava-se com um céu azul como nunca e o Sol, que surgia a pouco, em um misto alaranjado e dourado, dava brilho aos olhos verdes. O outono havia acabado de começar.

A aula começara há um tempo, talvez até menos do que pensava que fosse, matérias de último ano são sempre revisões e levar tanto tempo em casa revisando resumos, apostilas e livros tinha seu efeito. Os pensamentos eram vazios, mas ainda assim haviam um ou dois, nada que importasse realmente, mas provavelmente seria bem mais interessante do que ouvir aquela voz de fundo falar e apontar para um slide nada convidativo.

 — Ei — susurra na cadeira de trás. — Sin.

 — Ah, oi. — sorri fraco. — Me distraí um pouco.

 — The sims não resolveu hoje? — o moreno sorri de lado.  — Te entendo perfeitamente.

 — Como sabe que eu jogo The sims na aula? é tão óbvio assim? — a alemã esconde o celular dentro do caderno.

 — Te conheço mais do que imagina, Sin. — pisca um olho. — E você me contou que hackeou o wifi.

— Deinert. — o homem a frente da sala, chama.

— Sim.

 — Preciso de um trabalho baseado no conteúdo de hoje. — explica. — em dupla.

 — Podemos fazer juntos, se quiser. — o loiro apoia a mão no ombro dela.

— ...E eu já selecionei todas as duplas, Sina Deinert e Maggie Prescott, vocês ficam juntas.

 — Não pode ser. — a alemã leva as maos ao rosto. — Tudo, menos isso.

— Não podemos trocar? — Thomas pergunta ao professor. — Talvez eu possa ficar com a Sina, acho que ela prefere assim.

— Não posso fazer muita coisa, foi decidido de forma justa, por sorteio.

— Tudo bem. — Sina fala mais para si. — É só um trabalho e depois, livre.





🥀



A campainha soava na mansão e um Noah com cabelos bagunçados e calça de moletom descia as escadas, estar sozinho em casa era realmente bom, mas atender a porta não fazia parte dos seus planos de dormir até tarde e muito menos, de ver quem não precisava ver no momento.

 — Te acordei? — uma morena entra dentro de casa. — já disse que você fica lindo com cara de sono?

 — O que você quer aqui? — encara a garota já do outro lado da sala.

 — Primeiro, um bom dia decente e depois, eu aceito uma água sim. — Sorri e senta no sofá.

 — O que você quer aqui, Olivia? — vai até ela.  — achei que você já tinha conseguido o que queria, não?

 — Noah, assim você me ofende, docinho. — bate os dedos na mesa de centro. — Mas enfim, vamos cortar caminhos porque eu sou uma pessoa ocupada.

 — Não sei se lembra, mas eu te disse que não queria que você viesse aqui de novo. — Cruza os braços. — O que quer dessa vez?

 — Você. Em Londres. Comigo.

 — Eu adoraria, mas não quero. — Abre a porta novamente. — Se me der licença...

 — Acho que você não entendeu. — gargalha. — Eu não tô pedindo nada, eu tô mandando. Você vai comigo para Londres, Noah. E vai ainda essa semana, nós vamos construir uma vida juntos lá e você vai ver que sempre sentiu algo forte por mim.

 — Você enlouqueceu? — bate a porta com força. — Acha que eu sou seu? Você não pode mandar em mim, você nem deveria estar aqui. Quando vai entender que não existe nada entre nós dois?   

— Sempre existiu. E sim, você vai. — pega a bolsa.

 — Não, eu não vou pra lugar nenhum com você, se acha que pode mandar em mim, tá totalmente enganada. Você precisa entender que o que nós tivemos foi totalmente sem compromisso e por diversão, esquece isso e segue em frente.

 — Nem você acredita nisso, Jae. — ri. — ainda não esqueceu a Sina Deinert? qual é, vocês transaram quantas vezes, uma?

 — Deixa a Sina fora disso, Olivia. — passa as mãos pelos fios desalinhados. — O que tivemos foi mais forte do que qualquer sexo sem significado que eu e você já fizemos.

 — Ah, e por que não anexa num livro de memórias, então? Talvez você possa mandar o livro pra Disney e eles façam uma adaptação pra filme desse lindo conto de fadas. — revira os olhos. — Acorda, Jacob. Ela é só mais uma inocente que se apaixonou e tenho certeza que já esqueceu. Além do mais, nós já estamos juntos, de todo jeito.

 — Nós não estam...

 — Você vai, quer queira ou quer não. Novamente: eu não estou pedindo, é melhor ir, já sabe do que eu sou capaz e eu garanto que não vai querer pagar pra ver. — Sai pela porta e bate a mesma.

Dias bonitos nem sempre são incríveis, as vezes só existem para balancear o peso da parte complicada. A chegada do outono pode servir como um aviso prévio, talvez seja hora de deixar o verão e prepar-se para o inverno.

🥀


































estamos chegando ao fim...

-R💖

𝐋𝐞𝐭 𝐦𝐞 𝐛𝐞 𝐭𝐡𝐞 𝐨𝐧𝐞 » 𝐍𝐨𝐚𝐫𝐭Onde histórias criam vida. Descubra agora