quarenta e um.

1.5K 167 236
                                    

Los angeles, Califórnia

Era um dia nublado. Frio demais para uma manhã de outono em Los Angeles que, apesar de incomum, podia ser interessante.
Uma semana desde o sorteio na aula. Por mais que não quisesse, Sina sabia que precisava enfrentar o passado e trabalhar com Maggie, nem sempre comemos do que gostamos e isso ainda era o que ela amava fazer. Sempre vestia uma cara forte quando tinha que enfrentar situações difíceis.

— Já viram o temporal lá fora? — Any fecha as cortinas do apê de Heyoon. — vai cair o mundo.

— Pena de quem tiver debaixo. — Joalin senta no tapete com uma xícara de café. — Estranho esse clima se nem estamos no inverno.

— Eu tô no inverno há uma semana. — Sina guarda o notebook dentro da bolsa. — tenho um trabalho para fazer com a Maggie.

— Mentira— Joalin olha para Heyoon. — é mentira, né?

— É mais que sério. — Sina levanta uma sobrancelha. — O Thomas tentou mudar e ser a minha dupla, mas não deu certo.

— Não — Shivani respira fundo. — Mas vocês já fizeram, né?

— Marcamos de fazer hoje. — confere as horas pelo celular. — Inclusive, tenho que ir.

— E onde vocês marcaram? — Any pergunta, com receio.

— Na casa dela. — Sina responde pegando as coisas. — Não sabemos quanto tempo vamos levar, então...

— Puta merda. — Shivani diz. — Puta merda.

— Toma cuidado, amiga. — Heyoon encara a loira nos olhos. — por favor.

— Sim, e qualquer coisa liga pra gente. — Sabina abraça a amiga. — qualquer coisa.

— Tudo bem — sorri. — prometo que ligo.




🥀



— Sina. — a loira analisa a outra. — Entra.

Sina entrava na casa de Maggie com um ar de desconforto, mesmo que já tivesse estado ali milhões vezes, tinha lembranças ruins e ainda piores da pessoa com quem estava.

— Fica a vontade, quer algo para beber?

— Não precisa. — tentava gentilmente esboçar um sorriso. — sem sede.

— Certo. E quanto ao trabalho? — pergunta sentando-se em uma poltrona.

— Pensei em dar uma olhada nas apostilas e você pode ir checando aqueles slides de anatomia. — a alemã diz, breve.

— Só vou precisar pegar o meu computador lá em cima. — vai em direção às escadas. — um segundo.

— Tranquilo.

Era estranho estar ali depois de ter presenciado uma traição, e mais ainda, agir como se nada tivesse acontecido. Estava sendo profissional, o que era mais complicado do que pensou. Arrastava os olhos pelo espaço vazio e fitava alguns objetos nostálgicos, mas tinha algo tão familiar nas credenciais em cima da estante que se perguntava aonde tinha as visto antes.

— Voltei. — Maggie desce as escadas e Sina vira instantaneamente. — podemos começar.

— É. — olha de relance para a loira. — podemos.

— Sina, eu sei que está desconfortável, sabia que ficaria assim. Se pudesse eu faria com outra pessoa, mas não temos muitas opções. — abre um sorriso torto. — Não acha que isso é um sinal?

— Um sinal?

— Um sinal. — pega em uma das mãos dela. — Não sente falta da nossa amizade? Já parou pra pensar que talvez eu mereça seu perdão? Não acha que poderíamos voltar ao que éramos antes?

— Não existe o que éramos antes, Maggie. Eu não te conheço mais e nem sei se conheci alguma vez, prefiro dessa forma. — puxa a mão. — Não confunda um trabalho obrigatório com um gesto de amizade. Se você soubesse o que essa palavra significa, nós teríamos evitado muitas coisas.

— Eu sempre fui sua amiga, Sin. — coloca a mão no peito. — Acho que deveríamos fazer o que é certo, isso já faz um ano, podemos superar.

— Você vai acabar virando uma fábula de tanta lição de moral. — nega com a cabeça. — o próprio durex, se forçar mais caga e sai voando.

— Sina, isso é sério. — acaricia a mão da alemã com o polegar. — você sempre foi importante.

— As minhas coisas foram importantes pra você. A forma que eu fazia de tudo foram importante pra você. O meu namorado foi importante pra você. Não eu. — Corrige. — Sempre teve inveja até das mínimas coisas que eu tinha ou fazia e eu fingia não ver isso,  porque você sim sempre foi importante pra mim.

— Tem razão, que bom que tocou no assunto. — sorri cínica. — Desde criança eu tenho inveja de você, da sua vida, da família perfeita, dos seus amiguinhos, das suas coisas, nada nunca dá errado pra você. Tenho ciúme da sua relação com os seus pais, porque eu nunca vou ter. Eu concordo com você, te invejei mesmo e sempre fico com quem você se desfaz. Mas eu fico por último e aproveito bastante.

— Você é maluca, ou esqueceu de agitar o toddynho? — Sina olha para Maggie com uma expressão indecifrável. — Como passou a vida inteira com essa visão, com tantos sentimentos negativos? Você cresceu comigo.

— Não se faça de doida, Sina. — cruza os braços. — Nós duas sabemos que você sempre me provocou.

— Eu nunca provoquei nada, nunca tive essa intenção. — balança a cabeça negativamente. — Eu te considerava uma irmã.

— E eu te considerava uma chata. — revira os olhos. — Sabe, Sin, teve um momento na minha vida que eu percebi que você não tinha que ser invejada por mim. A sua vida? muito chata. Fala sério, eu sou muito melhor. E por quê? vejamos... porque eu adoro me aproveitar do que você não quer,  inclusive do seu namoradinho.

— O Thomas não é meu namorado. — arruma algo na bolsa. — Fica longe dele e dos meus amigos, nunca fiz nada com você porque você não merece nem a minha atenção, mas se tocar nos meus amigos...

— Tarde demais, docinho. — interrompe.       
— pra alguém que já foi traída, você continua bem bobinha.

— Do que está falando?

— Que quando eu disse "namoradinho" — faz aspas com os dedos. — Eu não me referi ao Thomas, eu tava falando do Noah Urrea.

🥀



































estamos na reta final...

-R💖

𝐋𝐞𝐭 𝐦𝐞 𝐛𝐞 𝐭𝐡𝐞 𝐨𝐧𝐞 » 𝐍𝐨𝐚𝐫𝐭Onde histórias criam vida. Descubra agora