Cacos

Capítulo 5 | Prope

Com o passar dos dias, te encontrar virou rotina. E eu não poderia ter ficado menos feliz com isso.

Quando Nathan e Melissa oficializaram a relação deles, também nos condenaram a uma amizade. Desde o jantar, nós quatro começamos a passar a maior parte do tempo juntos, inclusive você estava praticamente morando no campus da Argosy, e isso sempre me fazia pensar em quantas matérias você já estava reprovado. 

Você dizia que ficava ali por nós mas nunca fomos bobos, Zach. Todos viam você desfilando para cima e para baixo com uma garota diferente a cada semana. Acabou tornando-se o sonho das garotas e o pesadelo dos garotos da nossa universidade.

Era uma sexta-feira de tarde quando eu saí da aula de Imunologia, eu já estava dispensada e pretendia ler algum livro na área verde da faculdade enquanto esperava Melissa, que era a minha carona. Quando cheguei lá, você estava encostado em uma mesa de madeira, literalmente rodeado por várias garotas. Tinha aquele seu sorriso travesso no rosto, que com certeza conquistou o coração de todas elas. 

Pensar no quão iludidas elas eram me fez rir, e foi exatamente nesse momento que seus olhos encontraram os meus. Eu poderia até dizer que eles brilharam, mas eu me proibi de cogitar qualquer coisa do tipo quando começamos a nos aproximar, assim eu evitaria de me tornar mais uma dessas coitadinhas que se arrastavam por você. Imediatamente o seu sorriso vacilou e uma expressão de curiosidade acendeu em seu rosto, você se levantou e disse algo para elas, em seguida começou a se aproximar de onde eu estava.

O lado bom de estar próxima de você é que eu podia ficar te encarando – e babando – o tempo todo, mesmo quando você estava apenas caminhando na minha direção, e ainda assim ninguém relevante desconfiava de que eu estava começando a ter uma queda por ti.

— Qual é a graça, linda? — Você se aproximou e cutucou a lateral do meu corpo. Alguns dias antes você tinha descoberto que eu sentia muitas cócegas quando acompanhei Melissa até o apartamento que você dividia com Nathan.

Inclinei a minha cabeça levemente para o lado, enquanto observava os mínimos detalhes do seu rosto pela quingentésima vez. Você realmente era uma obra de arte contemporânea, cada traçado era perfeito... Eu não era uma pessoa exatamente religiosa, mas se realmente existia um ser superior onipotente, eu tinha certeza de que ele tinha passado horas apenas planejando cada um dos seus detalhes.
   
— Você está começando a me assustar. Eu pensei que eu era o observador compulsivo da nossa relação — você disse, diante do meu silêncio. Imediatamente eu me recompus, o que foi quase impossível já que você tinha dito algo como nossa relação e a minha mente travara nesse termo.

— Não seja tolo, eu estava apenas tentando entender o que elas enxergam em você — falei em tom de brincadeira. 

— Ah, sei muito bem que você também enxerga o mesmo que elas, não tente me enganar — você brincou de volta, mas estava absolutamente certo e sabia — O que está fazendo aqui, você não estuda não, linda?