— Ela tem quase 55 anos — foi a primeira coisa que te falei.Me lembro que em seguida, seu rosto foi assombrado por pelo menos três expressões diferentes. Primeiro você me olhou confuso, depois arregalou os olhos com o susto de ter sido pego e por fim, cravou os seus olhos indiferentes em mim e abriu um sorriso de canto, que revelou as suas covinhas profundas.
— Desde que ela continue aparentando ter trinta anos, pode ter setenta e não vou ligar — a sua voz estava carregada com o mesmo sentimento que permanecia em seu olhar: indiferença. Você realmente não dava a mínima para isso.
Bufei baixinho e me sentei na poltrona do quarto de hóspedes, convicta de que ainda não estava totalmente recuperada do ataque de pânico. Me permiti levantar os meus olhos e te observar por alguns longos segundos, você ainda estava sem camiseta, então foi para o seu abdômen que o meu olhar foi atraído. Assim como o restante do seu corpo, ele era todo definido e eu só consegui me imaginar tocando todas as linhas que demarcavam os três pares de gominhos perfeitamente esculpidos. Passei os meus olhos para os seus braços – que eram muito volumosos –, e antes que eu pudesse continuar a observar todo o seu corpo, ouvi um pigarro e imediatamente levei o meu olhar até o seu, que se mantia fixo em mim com ambas as sobrancelhas elevadas.
— Ela é casada com o dono da casa — tentei continuar o assunto, ignorando o fato de as minhas bochechas terem corado violentamente.
Você manteve os olhos fixos em mim por alguns segundos, completamente calado.
— Isso não é problema seu — sua voz estava tão dura quanto o seu olhar, eu provavelmente estava com os olhos arregalados diante da grosseria inesperada — E nem meu, se quer saber. O único culpado é o marido dela, que não é capaz de segurar uma mulher — você completou, debochando.
Eu me recostei na cadeira e me mantive calada, estupefata com tamanha babaquice. Abri um sorriso amargo enquanto encarava o chão e comecei a balançar a cabeça negativamente, me preparando para levantar e sair daquele quarto.
Era possível sentir o seu olhar em minhas costas enquanto eu atravessava o quarto, mas você não pronunciou nenhuma palavra até que eu chegasse no batente da porta.
— Onde você vai? — perguntou, o que fez eu me virar em sua direção.
— Para qualquer lugar — soltei uma risada carregada de desprezo — Qualquer lugar é melhor do que estar trancafiada com um babaca.
E então te deixei ali, de braços cruzados enquanto me observava atravessar a porta e sumir no corredor.
Eu realmente pensei que ficaria melhor em outro lugar, mas percebi que estava errada quando parei ao lado da parede que dividia a sala de estar e a de jantar. Cheguei a conclusão de que os adultos conseguiam ser piores.
Suspirei e continuei a andar, só que dessa vez rumo ao sofá de couro creme. Fiz menção de apressar a caminhada ao passar na frente da porta da sala de jantar, torcendo para que ninguém me visse ali e estragasse os meus minutos sozinha. Mas eu tinha que ter adivinhado que se alguém iria atrapalhar a minha paz, a pessoa não estaria jantando, estaria no quarto de hóspedes do andar superior.
— Você não sabe o que a traição faz na vida de uma pessoa — murmurei exasperada, sentindo a sua presença no cômodo.
— Não fale como se você me conhecesse — você falou inexpressivo.
— Só... Pare de ser idiota — murmurei irritada.
Você finalmente se manteve em silêncio e eu mantive o meu queixo erguido com o olhar fixo na estante de madeira em minha frente, analisando todos os detalhes dela enquanto torcia para o jantar chegar logo ao fim e eu poder ir dormir.
— Meu nome é Zach.
Essa foi a primeira coisa decente e gentil que você me falou. E eu apenas ignorei.
— Não vai me dizer o seu nome? — você estava com um sobrancelha elevada, seu rosto continuava sério e sua voz carregava desafio, era como se você tivesse certeza de que eu não iria resistir e que acabaria te contando.
A sua autoconfiança era tão excessiva que quase se tornou um defeito.
Eu continuei calada, ainda observando a estante e os porta-retratos distribuídos pela mesma. Em todas as fotos o casal Smith parecia feliz e apaixonado, e eu teria acredito no amor deles, se não tivesse presenciado a traição.
— Ah... Você gosta de brincar? — estreitei os olhos e me virei em sua direção, o duplo sentido da frase me pegou desprevenida e me deixou mais irritada ainda.
— Gosto de brincar de entregar traições — eu pensei em dar alguma resposta grosseira, mas com certeza não teria o mesmo efeito que essa teve. Minha voz carregada de inocência e veneno fez os seus olhos arregalarem brevemente, mas você não deixou se abalar e soltou uma gargalhada. Mas não era uma gargalhada forçada ou algo assim, era um riso genuíno, como se você realmente achasse a situação engraçada.
— Acha que algo vai mudar na minha vida se alguém souber? — você perguntou quando interrompeu os seus risos. Eu soltei um suspiro frustrado e resolvi que a melhor maneira de te irritar seria te ignorando.
E foi isso o que eu fiz por longos 10 minutos. Ouvindo todas as suas provocações, era impossível pensar que um dia eu passaria a gostar tanto de ficar perto de você, e mais ainda, que eu seria dependente disso.
— Não houve traição alguma — você falou depois de algum tempo, me surpreendendo — Eles não são mais um casal há muitos anos, mas preferem continuar com as aparências.
Me mantive calada e você voltou a soltar piadinhas sujas.
Você estava me desafiando, talvez eu valesse tanto o seu esforço por ter sido – acredito eu – a única garota que não se jogou aos seus pés e fez tudo o que pediu. Mas você não sabia de uma coisa Zach, eu amava ser desafiada. Apenas para no final sentir o sabor da vitória. Eu era viciada em estar certa.
E eu tinha certeza de que você não iria saber o meu nome por isso. Pelo menos não pela minha boca.
Você só soube porque eu fui traída pelo meu pai.
— Maritza, se despeça do seu amigo, já estamos indo embora — ele disse ao sair da sala de jantar e me encontrar.
Eu sabia que você estava com um maldito sorriso vitorioso nos lábios, e foi exatamente por conta disso que eu não olhei para trás enquanto seguia os meus pais, mas não foi o suficiente para me impedir de ouvir a sua voz sarcástica atrás de mim.
— Até breve, Maritza.
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"Não importa quem começou o jogo, mas quem chegou ao final." - John Wooden.
Oi amores, hoje ouso utilizar esse espaço para colocar algumas palavras minhas, e bom, prometo ser breve. Quero avisar que infelizmente teremos alguns saltos no decorrer da história (aliás, é uma carta e a nossa mocinha não conseguiria relatar exatamente TUDO) e pedir ajuda em divulgações. Me recuso a estabelecer metas para liberar novos capítulos, mas ainda assim, peço que me ajudem a levar esse livro para o conhecimento de outras pessoas também. Enfim, é isso... Desde já agradeço e peço desculpas por interromper a sua leitura.
Grandes beijos,
Dusky.
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Cacos
Romansa[REPOSTADA] A combinação perfeita de ego, confiança e beleza cheirava mal, mas ainda assim atraía Maritza. Zach era aquele tipo de homem que todas sabem que não devem se aproximar, mas arriscam de qualquer jeito. Quanto vale um sonho? Ele se apresen...