Capítulo 215

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Capítulo 215 💛

Um mês depois.

|Tobias narrando|

Sentado nessa cadeira de rodas, encarando a parede florida a minha frente, eu me pergunto: onde e quando perdi o controle da minha vida? Como pude me tornar um homem tão canalha? Por que eu traí a Silvana e fingi ser um bom marido? Por que peguei esse ódio tão grande da Nathália, uma moça que nunca me fez nada na vida?! Por quê?
Hoje eu enfrento a vida, praticamente, sozinho. Me condenaram a prisão domiciliar, voltei pra cidade onde eu nasci, fica em Minas, mais ou menos há oitocentos quilômetros de Juiz de Fora. A última vez que vi meus filhos, foi há uma semana atrás, eles não fazem ideia do porquê eu não poder viver com eles e nem poder sair dessa casa.
Passo horas, sentado nessa cadeira de rodas, sem poder mexer as pernas e dependendo de uma enfermeira estúpida e vez ou outra de Rebecca.
Caminhei para o fundo do poço e trouxe comigo, Rebecca. Ela precisou se demitir da loja onde trabalhava no shopping e veio atrás de mim, porque disse que jamais me abandonaria. Ela é a única pessoa que tenho no mundo. Rebecca, que antes trabalhava em uma luxuosa loja de cosméticos, hoje trabalha na cozinha de uma creche e também faz outros serviços, como faxineira e vez ou outra é baba dos filhos da vizinha da frente.
Às vezes tenho pesadelos com Nathália, na verdade, lembranças. Lembranças do seu olhar assustado, das suas mãos trêmulas e suadas ao escutar minhas ameaças de morte, das lágrimas no seu rosto e do desespero estampado em sua face. Em partes, me arrependo e por outro lado, confesso que achava engraçado ver o desespero dela.
Não sei quando vou ver meus filhos novamente, não sei se eles vão me perdoar quando souberem que eu fui o motivo do fim da nossa família. Não sei se um dia terei a vida feliz que já tive.
Sigo sozinho, eu, meus erros e arrependimentos do passado.
Não sei se esse é o meu fim, talvez seja um fim provisório.

...

CONTINUAÇÃO - COR DE MELOnde histórias criam vida. Descubra agora