- Chegamos, finalmente. - disse Dominique quando entramos na caverna.
- É... Kiam. - chamou Diana e o homem a olhou. - Tem certeza que esse é o lugar certo?
Olhei ao redor e a mulher estava certa, na caverna não tinha nada demais. Apenas a escuridão e a umidade.
- Absoluta, minha querida. - ele riu nasalizando. - Vocês acham que nós, membros da Dragon Guard, somos estúpidos por deixar um dos maiores templos de Argônia, assim? À vista de qualquer um? - Kiam andou até uma parede coberta por folhas e passou sua mão em cada centímetro da área.
Olhei para Diana que tinha o cenho franzido e para Dominique que sorria de canto, como se já soubesse o que iria acontecer. Escutei Kiam murmurar alguma coisa e quando olhei para frente, a parede estava se separando no meio.
- Vamos! Temos muita coisa para fazer. - disse o homem, que agora tinha um sorriso radiante nos lábios.
Seguimos ele em um corredor que não parecia ter fim, era escuro e não daria para enxergar nada se Kiam não tivesse uma tocha em suas mãos.
Quando chegamos no fim do longo corredor demos de cara com uma enorme estátua de um homem e a sua frente um grande círculo feito de pedra com uma jarra emperrada no centro.
- Este é Arwel Senior. - disse Dominique. - O primeiro Dragonato a pisar nas terras de Argônia.
- Ah... aqui está o Blood Price. - falou Kiam, apontando para o círculo. - Outra das artes Khavaraki perdidas. Sem dúvida desencadeado por... bem, sangue. - proferiu ele. - Seu sangue, Dragonato. - olhei para ele com os olhos arregalados e o mesmo balançou a cabeça para me encorajar.
Andei até o centro do círculo e me agachei de frente a jarra emperrada no chão. Puxei uma faca que estava dentro da minha bota e passei a lâmina na minha mão, rasgando-a enfim. Resmunguei pela dor, mas logo iria cicatrizar. O meu sangue pingava dentro da jarra e depois de alguns segundos, uma nova parede se dividiu ao meio, nos dando a vista de uma longa escadaria.
- Você conseguiu. - murmurou Kiam, olhei para o homem atrás de mim e ele sorriu, com os olhos brilhando na minha direção. - Depois de você, Dragonato. Você deve ter a honra de ser a primeira a pôr os pés no Templo de Draco. - ignorei a minha mão que expelia sangue e me direcionei até as escadas.
Subi a longa escadaria e quando cheguei no final dela, empurrei uma porta, dando de cara com uma enorme sala. No centro dela tinha uma grande mesa e em volta diversas cadeiras de pedra. Andando mais a frente, pude ver mais algumas escadas que levavam para o andar de cima. Tudo era feito de pedra. A sala era esplêndida, tinha diversos quadros e lustres. E a minha direita estava ela...
- A Parede de Igni, tão bem preservada, nunca vi um exemplo mais refinado do relevo escultural de Khavaraki no início da segunda era. - disse Kiam, deslumbrado com o que estava diante aos seus olhos.
- Kiam, nós precisamos de respostas, não uma palestra sobre história da arte. - demandou Diana.
- Claro, vamos ver o que temos aqui... - respondeu o homem andando até a parte esquerda da parede, onde tinha uma imagem de um dragão. - Olhem, aqui está Igni. Este painel remonta ao início dos tempos, quando Igni e o Culto ao Dragão dominava Argônia. - ele apontou para uma imagem que estava um pouco mais abaixo. - Aqui estão os humanos, rebeldes contra seus senhores dragões, que lutaram na lendária Guerra dos Dragões. A derrota de Igni é o centro das atenções do muro. - Kiam andou até o centro da parede e continuou. - Vocês veem, aqui ele está fugindo do céu. A língua nórdica, manifestadora da voz, está vestida contra ele.
- Então, isso mostra como eles o derrotaram? Não é por isso que estamos aqui? - questionou Diana.
- Paciência, minha querida. Os Khavaraki não eram um povo direto. Tudo é contado em alegoria e simbolismo mítico. - respondeu ele. - Aqui está. - o homem apontou para um símbolo na parede. - Vindo da boca dos heróis nórdicos, este é o símbolo Khavaraki para o natus, mas não há como saber o significado dela.
- Você quer dizer que eles usaram o natus para derrotar Igni? Você tem certeza? - perguntou Dominique.
- Huum. Ah sim, presumivelmente, algo bastante específico para os dragões, ou até mesmo para o próprio Igni. - respondeu Kiam. - Lembrem-se, é aqui que eles gravaram tudo o que sabiam sobre Igni e o seu retorno.
- Então, estamos procurando por um natus... - disse Dominique, ela parecia apreensiva com tudo isso e Diana pareceu notar já que logo foi para o seu lado. - Você já ouviu falar de uma coisa dessas? Um natus que possa derrubar um dragão do céu?
- Os Níger devem saber. - respondi.
- Você está certa, eu não queria envolvê-los nisso, mas acho que não temos escolha. - demandou ela, mas senti um tom de desleixo na sua voz.
- Você tem... alguma coisa contra eles? - perguntei curiosa.
- Se eles tivessem o que querem, você não faria nada além de sentar na montanha com eles e conversar com o céu, ou o que quer que eles façam. - ela bufou antes de continuar. - Os Níger têm tanto medo do poder que não o usam. Pense nisso. Eles tentaram parar a Guerra Civil ou fizeram alguma coisa sobre Igni? - perguntou retoricamente. - Não! - exclamou ela. - E eles têm medo de você, do seu poder. Confie em mim, não há necessidade de ter medo. Pense em Arwel Senior. Você acha que ele teria fundado o Império se tivesse ouvido os Níger?
- Não se preocupe em minha questão, eu não tenho medo do meu poder. - assegurei à mulher que agora estava irritada.
- Bom. Os Níger podem te ensinar muita coisa, mas não deixe que eles desviem você do seu destino. - proferiu ela. - Você é o Dragonato, você é a única que pode destruir Igni. Não se esqueça disso.
- É melhor eu ir ver o que Malba sabe sobre essa voz.
- Certo. Ainda bem que eles já o deixaram entrar no pequeno culto deles. Não é provável que eles ajudem Kiam ou eu, se algum de nós for com você. - disse Dominique. - Vamos dar uma olhada ao redor do Templo de Draco e ver o que mais os antigos membros da Dragon Guard podem ter deixado para nós. É um esconderijo melhor do que eu poderia esperar. - ela andou até mim e me abraçou. - Que Amara proteja você.
N/a: o capítulo de hoje está bem curto, mas prometo que serão recompensados! Não esqueçam de votar.
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REBURN
Fantasy• LIVRO UM DA DUOLOGIA ARGONIANA • "E quando a verdade finalmente amanhece, amanhece em fogo. Mas há um que eles temem. Na língua deles, ele é o Dragonato, nascido do sangue do dragão." Confundida com um Stoermer, uma guerreira é levada em direção à...