P R Ó L O G O

90 17 73
                                    

E lá estava eu, a ilustre Dragonato. A esperança não só de Argônia, mas do mundo todo, jogada nas terras de Ustengrav - o lugar para onde eram encaminhadas as almas que não concluíram seus objetivos na terra. No momento, esperava que de alguma maneira a morte finalmente me encontrasse. Eu não passo de um mero ser humano. E saber que a vida da humanidade depende de mim, é amedrontador.

É um sonho distante, um desejo que eu já anseio por um bom tempo, algo tão "simples" como meramente matar uma criatura que vive desde o início da história do mundo. Sem me importar como isso se tornaria realidade, desde que meu anseio se realizasse. Parece, entretanto, ser um desejo inalcançável.

Enquanto uma guerra acontecia ao meu lado, eu observava o céu desse lindo lugar onde os mortos se encontravam. Eu merecia estar ali. Não consegui cumprir nenhum de meus objetivos - agora me questiono o motivo da minha existência.

Dominique facilmente responderia essa minha dúvida. Ela olharia para mim e falaria simplesmente: "está de brincadeira? Você é a porra do Dragonato, a mulher que irá salvar Argônia das garras de Igni."

Lembrar dela me emocionava. Foi a pessoa que me acolheu na época que eu estava mais perdida. A pessoa mais fantástica do mundo, que não mereceu o fim que teve.

- Ruby! - um dos ancestrais me chamou. - Precisamos de você! Nossa força não é nada comparada a sua, vamos, levante!

Eu tentava. Mas minhas esperanças acabaram muito antes dessa guerra. Na verdade, elas foram embora quando segurei nos meus braços o corpo gelado de um dos grande motivo de eu querer continuar seguindo em frente. Porém se eu morrer, que eu morra da maneira certa.

Levantei e peguei meu arco e flecha e minha espada, me juntando aos meus ancestrais.

- Pensei que tivéssemos te perdido. - disse Kiera. - Usem o Descensus, irmãos! Vamos trazê-lo ao alcance de nossas lâminas! - gritou ela.

Eu e os anciões nos preparamos para usar o natus e gritamos juntos. Minhas cordas vocais tremiam. Tudo ao meu redor tinha sumido. Eu só foquei em uma coisa - Igni. Senti todo o meu corpo vibrar e a minha mente gritar junto comigo.

O devorador de mundos pousou no chão, e pelo visto, o grito tinha dado certo. Igni não pôde voar. O dragão estava muito machucado. Com lanças e flechas fincadas em sua pele preta. Por serem espíritos, nada foi capaz de machucar os ancestrais.

O grande dragão infelizmente conseguiu voar novamente e quando eu estava me preparando para utilizar novamente o Descensus, senti alguém puxar meu braço.

- Ruby, só você consegue mata-lo! - exclamou Arwel Senior, o primeiro Dragonato a pisar na terra. - Nós só podemos enfraquece-lo, mas só você pode salvar Argônia e acabar com Igni de uma vez por todas.

Concordei com a cabeça e me afastei deles, indo em direção até uma grande rocha que se localizava atrás do grande dragão de olhos vermelhos, que brilhavam de puro ódio.

Comecei a escalar a pedra com a ajuda de facas e quando finalmente cheguei no topo, respirei fundo.

- Igni, desgraçado! - ele me olhou. O dragão estava na mesma altura que eu, batendo suas asas. - Por Argônia! - exclamei e pulei da rocha, indo em direção da criatura, pronta para mata-la.

Os próximos momentos pareceram acontecer em uma forma bem lenta. Igni cuspia fogo na minha direção, mas eu não senti nada, apenas o calor.

Arremessei a minha espada que estava entre minhas duas mãos na direção da cabeça do dragão, porém ela acabou atravessando a sua garganta, enquanto eu caí nas terras de Ustengrav.

Quando meu corpo se encontrou com o chão, senti uma dor imensa no meu ombro esquerdo, como se o osso tivesse saído do lugar, mas minha preocupação não era essa. Igni caiu próximo de mim e dos anciões e nós corremos até ele.

O dragão urrava e se contorcia de dor, enquanto sua pele se transformava em uma luz branca e muito forte. A criatura se virou para mim e me olhou com seus olhos vermelhos e fundos.

- O fim não termina aqui. - proferiu a enorme criatura que agora tinha se transmutado para um brilho que se difundia com o meu corpo.

E foi aqui. Onde o Deus do caos se foi e eu renasci.

Tudo tinha finalmente acabado. Mas alguma coisa me dizia que essa guerra não terminaria fácil assim, ele estava certo, talvez o fim não termine aqui.

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.
REBURNOnde histórias criam vida. Descubra agora