Transmorfis - MPREG - ABO

Capítulo 2

Província de Minos – Território Transmorfo

Kion estava irritado com as notícias que sua amiga e secretária de segurança, Maia Wos, havia acabado de lhe dar. Kion Aryeh era o governante da província de Minos, uma das maiores, mais importantes e influentes do mundo transmorfo. As coisas iam bem na província, os cidadãos tinham segurança, trabalho, comida, desenvolvimento tecnológico e todas as comodidades que o mundo humano oferecia. Como seu pai, Abasi Aryeh, que governou antes dele, Kion manteve o contato e comércio com a Europa, tornando a província, uma das mais avançadas no mundo.

Agora estava ali, irritado, tendo que lidar com adolescentes arruaceiros que teimavam em desrespeitar as leis e insistiam em acampar próximos a divisa. – Maldito DNA, que transforma os jovens em animais irracionais! – Bufou para a amiga.

- Animais Kion?

- Ah, você me entendeu Maia. Vamos montar alguns grupos. A divisa é gigantesca só para nós dois.

- Eu posso voar. – Ela falou rindo.

- E eu posso te triturar. – Ele respondeu irritado.

- Por que tanta irritação? São só um bando de jovens. Já lidamos com vários antes. Você não precisa ir, isso é coisa para a polícia.

- Os humanos colocaram militares na divisa Maia, eles estão preocupados com os boatos de que estamos desenvolvendo armas aqui. Se algum desses jovens causar um incidente, é melhor que o governador esteja lá para apaziguar as coisas.

- Kion, nós somos amigos desde crianças, eu conheço muito bem você. O que está acontecendo?

- Eu não sei explicar Maia. Talvez eu deva ir a um médico.

- Médico? O que você está sentindo?

- É como se minha parte animal quisesse tomar o controle. Eu só penso em me transformar e correr pela mata, em direção a divisa e hoje essa sensação está ainda mais forte.

- Você tem trabalhado muito e duro. Sua parte animal deve estar apenas precisando de um pouco de liberdade. É melhor você ir junto então, vai lhe fazer bem.

Após selecionarem algumas pessoas, dividiram a divisa em quadrantes e estipularam um ponto de encontro. Quem encontrasse os jovens, avisava os outros e, em grupo, levariam os baderneiros de volta para a cidade.

Kion, a princípio, esqueceu o motivo de estar transformado e correndo pela mata, apenas curtia a sensação de liberdade que sentia, seus instintos estavam todos descomunalmente ativos. Podia ouvir sons a uma distância maior que o normal, via, com clareza, as coisas a uma grande distância e sentia todos os odores com maior intensidade.

Foi justamente um cheiro que o trouxe de volta ao motivo que estava ali. Um odor doce, almiscarado, inebriante. Atraído pelo cheiro e, curioso, em descobrir quem era, viu, ainda de longe, quatro jovens transmorfos perseguindo alguém. Se preocupou, achando que eles estavam atacando um humano, mas percebeu que o dor vinha do rapaz. – Um Hijra! – Exclamou surpreso. Os Hijras eram raros, mas explicava o odor inebriante que sentia.

Não podia interferir, quando um Hijra emitia seu odor, ele deveria escolher seu parceiro e os quatro jovens queriam muito serem escolhidos, pois começaram inclusive a brigar entre si em uma demonstração de força, obviamente, tentando impressionar o rapaz, o que ganhasse poderia reivindicar o Hijra. – Mas por que diabos ele não se transforma e acaba com essa perseguição? – Como animal, os Hijras, não podem ser perseguidos por seus pretendentes e ele mesmo pode escolher com quem ficar.

Continuou assistindo, sem entender muito bem o que acontecia, o rapaz estava apavorado, ele podia ver isso. Acompanhou toda a perseguição, de longe, quando o rapaz rolou, ribanceira abaixo e sangrou, seu olfato pode identificar que o sangue era humano. – Merda! Eles não sabem disso. Como ele pode ter esse odor?