Transmorfis - MPREG - ABO

Capítulo 3

Após relatar tudo, detalhadamente, para Noah, Kion olhava para o rapaz apreensivo, esperando que ele entendesse a seriedade da situação entre eles. Um humano estava na casa do governador de Minos e ele, o governador, havia reivindicado esse humano como companheiro. Tudo era surreal, até para um Transmorfo.

- Você está me dizendo que é um Transmorfo?

- Sim.

- Que é aquele leão que eu vi?

- Sou.

- Que os animais que estavam me atacando eram transmorfos também e que não queriam me ferir? Que queriam...

- Você quer que eu conte tudo de novo?

- Não. Eu estou apenas tentando entender as coisas. Essa é sua casa?

- Sim e agora é sua também.

- Olha, isso é ainda mais estranho para mim. Não tenho problema com relacionamentos gays, eu nunca me interessei, apenas isso...

- Não use essa palavra ridícula humana.

- O que?

- Vocês humanos denominam as coisas de forma depreciativa, como se gay fosse um subgênero, os seres nascem como são, sua sexualidade não muda isso. São apenas casais.

- Mas você disse que achou que eu era um...

- Hijra.

- Isso. Que diabos é isso afinal, já que não se refere a gay?

- Um Hijra é um transmorfo com características masculina, mas que possui a capacidade de gerar filhos. Eles não são comuns, por isso aqueles jovens ficaram eufóricos com você.

- Mas eu não sou um transmorfo!

- E esse é o problema aqui. Eu reivindiquei você.

- Reivindicou! Como se eu fosse uma propriedade, um objeto... e eu impressionado por você não ser o que eu pensei...

- Os humanos acham que somos animais selvagens. Somos tão desenvolvidos ou até mais que vocês. Não vivemos em cavernas no meio do mato, nossas cidades são tão urbanas quanto as suas. Você mesmo está incrédulo por essa ser minha casa, moderna, confortável.

- Eu não quis ofender, mas essa coisa de reivindicar...

- Nosso DNA possui uma parte animal, não selvagem, que fique claro, na natureza os casais são formados por indivíduos que, unidos, podem garantir vantagens e sobrevivência, além de uma prole mais forte em alguns casos. Nosso DNA identifica essas características e, principalmente quando estamos transformados, mostra aos outros que aquele individuo é nosso par, reivindicar nada mais é que deixar claro que ninguém vai chegar perto de nosso par.

- Vocês romantizam a subjugação... Dominação.

- Alguns são dominantes por natureza, inclusive humanos. Sim, sou um dominante e meus instintos e DNA me fizeram reivindicar você, te proteger.

- Não preciso de proteção e eu não sou um Hijra. Eles geram filhos? Como isso é possível?

- Foi algo na mutação, eu não sei explicar os detalhes, mas posso chamar um médico para explicar, seria bom mesmo, você se feriu e desmaiou...

- Médico? Eu não acho que ele... – Os dois foram interrompidos por alguém batendo à porta.

- Deve ser a Maia, eu já volto. – Kion foi recebe-la.

- Como ele está? – Ela perguntou assim que ele abriu a porta.

- Acho que bem, já que não para de fazer perguntas.

- Você explicou para ele o que aconteceu?

- Sim, mas acho que ele não entendeu a gravidade da coisa toda.

- Eu pensei em algumas coisas, nós já tivemos humanos vivendo aqui, se casaram com transmorfos e tudo, nós não somos discriminatórios como eles.

- Eu sei Maia, mas eu nunca soube de um humano ser reivindicado e nós não estamos em um bom momento das relações com eles, o governador se unir a um humano.... e ele...

- O que tem ele?

- Ele não entendeu o que reivindicar significa, ele acha que eu quero ser dono dele.

- Deve ser confuso mesmo, já que eles nunca se preocuparam em nos conhecer, mas ele vai ter que aceitar. A notícia já se espalhou, o solteiro mais cobiçado da província reivindicou um Hijra.

- Ele não é um Hijra! É um humano.

- Mas todos acham que é, ele cheira como um.

- Merda!

- O que foi agora?

- Cheiro...

- Sim, precisamos descobrir por que ele cheira como um Hijra.

- Também, mas não é isso Maia. Quando reivindicamos alguém o que acontece depois, pela lógica?

- Vocês transam... Merda!

- Por minha conversa com ele, não há nenhuma chance disso acontecer... como ele vai ter meu cheiro então? Ele vai continuar sendo perseguido pelos dominantes e se outro o reivindicar?

- Isso não é possível, ele já foi reivindicado por você.

- Ele é humano Maia, não deveria ser possível reivindica-lo e, sem meu cheiro, não há nada que mostre que ele tem um companheiro.

- Calma Kion, nós vamos pensar em alguma coisa, droga, ele foi reivindicado, seus instintos deveriam jogá-lo em seus braços.

- Ele é humano.

- Mesmo assim, nenhum transmorfo reagiria assim a alguém que não fosse seu companheiro.

- Mas só eu sinto isso...

- Talvez com o tempo os instintos dele...

- Ele provavelmente vai querer ir embora pela manhã e eu não posso impedi-lo, você sabe disso.

- Isso vai ser um problema, como vamos explicar que você reivindicou alguém e ele foi embora? Até os sites de fofocas já estão contando de sua escolha...

- Minha vida particular não é da conta de ninguém!

- Você é o governador, nosso líder. Espera! O que ele faz aqui?

- Como?

- O humano, por que ele estava na mata, em nosso território?

- Eu não perguntei e o nome dele é Noah, Noah Kenneth.

- Noah Kenneth? O repórter?

- Repórter?

- Puta que pariu Kion, você não assiste os canais de notícias deles?

- Assisto, mas só presto atenção nas notícias e mesmo assim só no que tem relevância para a gente.

- Pelo menos ele é bonito.

- Maia! Esse não é o ponto.

- Claro que é! Um lindo casal.

- Ouça o absurdo que você está dizendo... se ele é um repórter, o que está fazendo aqui? Esse é o ponto Maia.

- Você mesmo disse que as relações não andam boas, talvez ele tenha vindo investigar sobre os boatos que você falou...

- Se for isso, as coisas estão mais sérias do que eu pensei. Vamos até o quarto, está na hora de você o conhecer.

- Kion, olhe para mim. – Ele obedeceu. – Não pense como o governador agora, você o escolheu, essas coisas não acontecem do nada.

- Eu sei Maia e é por isso que eu estou apavorado.