Louise, Alvin, Maia, Ramla e Abasi estavam emocionados, como padrinhos de Noah e Kion. Eles observavam, e aprovavam, a entrada dos dois, juntos, como iguais que eram, apenas um casal que se amava e que reafirmaria esse amor naquela linda cerimonia. Os casamentos eram iguais, nos dois lados da fronteira e seguiu seu rito até o momento do casal declarar seus votos. Foi Kion quem começou.
- Noah, eu sou um político, estou acostumado com discursos, mas nada foi tão difícil quanto me preparar para esse momento. Eu esperei tanto pra encontrar alguém especial, mas com você, eu sei que encontrei o meu lugar, eu sei que é com você que eu devo estar. Eu vivi dedicado ao povo e deixei meus sonhos de felicidade, escondidos em um quarto escuro, no fundo da minha alma, mas aí você chegou... e você Noah, é a minha luz, a luz que trouxe fim à escuridão que era minha alma. Eu sou seu Noah, para sempre. – Os dois choravam emocionados e Noah precisou de uns segundos para falar.
- Kion, mesmo sendo um repórter, eu também tive dificuldades com o que eu falaria, pensei muito em como eu poderia expressar o que eu sinto, o que você significa para mim e, pensando nisso pensei em minha mãe. – Ele respirou fundo para conseguir continuar. – Quando minha irmã e eu éramos crianças ela nos contou uma linda história sobre uma tribo, de séculos antes de nós, na África do Sul. Essa tribo não falava eu te amo, eles diziam, em zulu, Sawubona, que significa. Eu vejo você. – Louise que escutava tudo, começou a soluçar emocionada, Noah olhou para ela. – Me perdoe te fazer chorar Lou.
- É de felicidade, você finalmente se libertou. Me perdoe atrapalhar seus votos.
- Sim, eu consegui dizer, não foi? Eu vejo você. Essa era a forma que nós dizíamos que nos amávamos e foi a última coisa que eu disse pra minha mãe, antes do acidente... A Lou me diz até hoje, mas eu nunca mais consegui dizer, acho que eu tinha medo de perde-la também, mas eu não tenho esse medo com você...
- Você precisa explicar, Noah. – Louise falou entre soluços.
- Eu Vejo você, Kion, para essa tribo, era uma forma de enxergar o outro, de aceitá-lo tal como é, com suas virtudes, nuances, e também com seus defeitos. Eu te respeito, eu te valorizo, você é importante para mim. Toda minha atenção está com você, eu vejo você e me permito descobrir suas necessidades, vislumbrar seus medos, me aprofundar nos seus erros e aceitá-los. Eu aceito você como você é, e você faz parte de mim. Eu vejo você por que eu também consigo me ver. Em resposta a Sawubona, as pessoas costumam dizer Shikoba, que quer dizer "Então eu existo para você". Kion, eu vejo você. – Ele não conseguiu mais falar pois Kion o beijou.
- Então, eu existo para você Noah, só para você. – Ele disse com a testa ainda colada a dele.
...
- Você é muito bom com as palavras Noah. – Abasi falou para o genro, já na área da recepção.
- Obrigado, só falei o que meu coração mandou.
- Ninguém nunca me fez chorar tanto. Acho que você vai escrever meus discursos a partir de agora. – Kion o abraçou e o beijou.
- Isso não é nepotismo?
- Quem disse que eu iria pagar? – Kion riu. – Você vai começar a trabalhar em nosso canal de notícias, eles estão ansiosos.
- Acho que vou ter que esperar um pouco pra isso, vou estar um tanto ocupado.
- Infelizmente nossa viagem só vai durar duas semanas, vamos estar bem ocupados, mas quando voltarmos, podemos nos ocupar após o trabalho. – Kion mordiscou seu pescoço, fazendo com que Noah controlasse um gemido.
- Não é dessa ocupação que estou falando. – Noah o olhou repreensivo. – E, imagino que essa ocupação, a que você se refere, também tenha que ser diminuída.
- Por que? Você já enjoou de mim? Nós acabamos de nos casar... – Kion fez um bico triste e Noah riu.
- Não, não enjoei de você, mas eu tenho ficado enjoado nos últimos dias, tenho comido bastante, tenho estado muito sensível, choro à toa e as vezes me sinto bem cansado.
- Você está estressado, essas duas semanas de viagem vão ajuda-lo a relaxar, eu vou ajuda-lo a relaxar.
- Sua sorte é que eu te amo Kion. – Ele respondeu irritado.
- O que eu fiz agora?
- Filho, você é uma lesma. – Abasi gritou indo abraçar Noah.
- Presta atenção leãozinho. – Alvin falou provocando.
- Que maravilha! – Maia também abraçou Noah. Kion olhava paralisado, em completo estado de choque.
- Acho que você deve abraçá-lo agora. – A dra. Bhekisisa falou baixo para ele.
- Mas... como... – Ele ainda estava assustado.
- O hospital confirmou. Parabéns! – Ela concluiu.
Como reação, as pupilas de Kion se dilataram e ele liberou seu lado transmorfo, um urro tão potente quanto o que ele deu, quando reivindicou Noah, saiu de sua boca, mesmo em sua forma humana. Ele finalmente abraçou Noah e o beijou em prantos.
- Como isso é possível? Você é humano. Por que você não me disse antes?
- Parece que a anomalia genética, só não me fez um transmorfo, eu não posso me transformar em um animal, mas ela me fez um Hidja completo. Os exames só ficaram prontos antes da cerimônia. Nós vamos ser pais Kion. Eu estou completamente apavorado...
- Eu vou cuidar de você e do nosso filho, ou filha. Eu vou cancelar a viagem, você precisa descansar. Você está em pé a muito tempo, senta aqui. – Ele puxou uma cadeira. - Eu vou pegar o carro e te levar pra casa...
- Kion, ele só está esperando um bebe. Você não precisa exagerar. – Louise falou com vontade de rir.
- Mas ele falou que está cansado... Você comeu? O que você quer? Eu vou buscar um pouco de cada coisa...
- Kion! – Noah falou firme fazendo que ele parasse e o olhasse. – Eu só preciso que você não surte, eu já estou assustado o suficiente por nós dois. Eu estou bem e o bebe também.
- Tudo bem, não surtar... acho que consigo fazer isso... Nós vamos ser pais Noah! Tudo que eu quero agora, é sair gritando pra que todo mundo saiba. Nós vamos ser pais! – Ele se ajoelhou e abraçou Noah colocando sua cabeça na barriga dele. – Oi bebe, é o papai. Eu só soube agora que você tá aí, mas eu quero que você saiba que eu já te amo muito, assim como amo seu pai. – Kion falou chorando, fazendo Noah abraçar sua cabeça, também em prantos.
...
- Eu estou tão feliz por meu irmão. – Louise falou para Alvin.
- Eu também estou.
- Você precisa parar de implicar com o KIon.
- Nunca! Eu me divirto fazendo isso, fora que ele dá motivos, como pode ser tão lerdo assim?
- Acho que deve ser coisa de homem, meu irmão também é lerdo pra algumas coisas e você, nem preciso dizer, não é?
- Eu?
- Vamos dançar?
- Dançar?
- Sim, dançar. Quando um casal se balança, ao som de uma música de forma rítmica e sincronizada.
- Ca casal?
- Sabe Alvin. – Ela o pegou pela mão e o levou para a pista de dança. – Você e o Noah são parecidos em algumas coisas e tem outras que você se parece com o Kion, eles são cabeças dura, os dois e você também é. O Kion é mais lerdo que o Noah, mas os dois são e você também é. O Kion não soube se expressar, quando estava apaixonado pelo Noah... você também não sabe se expressar. O Noah ficou com medo do que sentia e fugiu. Você está quase fugindo agora.
- Eu... eu...
- Sim Alvin, você. Eu não vou te reivindicar, como meu irmão fez, por mais que eu ache romântica a atitude dele, mas você não pode mais atormentar o Kion com isso, pois você é igualzinho.
- Me reivindicar?
- Então, você vai me beijar ou não? – Ele ficou imóvel, olhando para ela. – Acho que eu que tenho que fazer isso também, não é? – Ela o puxou e o beijou.
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Transmorfis - MPREG - ABO
Ficción GeneralEm 2573, após uma mutação causada por uma vacina, o mundo estava dividido entre Transmorfos e Humanos. Após muitos conflitos, as duas raças coabitavam o planeta, vivendo separadas em territórios designados. Kion Aryeh era o governador da província d...