Em meio à penumbra da noite uma loba corria contra o vento que batia violentamente em seus pelos. No peito, o coração ganhava um novo ritmo, era violento e selvagem. Os olhos azuis conseguiam ver com perfeição tudo ao seu redor, até as coisas mais pequenas e insignificantes.
A lua cheia banhava a floresta como se fosse um grande manto feito de prata, dando à floresta um ar de mistérios e belezas. Suas enormes patas batiam no chão com firmeza sentindo a terra úmida e fria a cada troca de passos.
Liberdade.
Essa era a palavra que definia aquele momento.
Sara não conseguia pensar em nada, apenas sentia ser envolvida pela floresta e pelas enormes e complexas sensação que a mesma lhe proporcionava. A alfa amava aqueles momentos, sentia como se ela e a floresta fosse uma só.
Com velocidade Sara corria sem se importar com o que estava à frente. Conhecia aquele lugar como ninguém. Nem mesmo a sua matilha tinha o conhecimento sobre aquele lugar como Sara tinha.
Claro, isso se devia ao fato de que a alfa passou uma grande parcela de sua vida em meio à aquela vida selvagem. A alguns anos Sara era uma loba solitária que gostava de manter seu passado obscuro longe de tudo e de todos. Quanto menos pessoas soubessem, melhor e mais seguro seria.
Ela gostava de se sentir e de estar solitária, mas isso mudou. A necessidade de se sentir alguém ou parte de alguma coisa a atraíu para os que hoje ela pode dizer com toda a certeza que eram seus irmãos. Não de sangue, mas de laços. Laços tão fortes que foram capazes de arrancar Sara da escuridão. Não totalmente, pois é impossível se livrar ou esquecer do passado por completo. Ele sempre estará ali, te matando aos poucos ou te dando motivos para viver.
Suas orelhas cumpridos captaram um som diferente dos que costumavam ouvir fazendo com que a mesma desacelera-se até parar totalmente.
Eram vozes e risadas.
O humanos realmente eram seres muito estúpidos para estarem em um local como aquele. Sua vontade era de ir lá e estraçalhar todos, um por um, até que só restassem rastros do que eles um dia já foram. Mas seu passado já estava muito manchado e ela não queria decepcionar seus irmãos.
À contra gosto ela correu para o lado contrário das vozes enquanto ignorava seus instintos mais primitivos.
***
- Ava? - Thomas chamou quando notou que a irmã mais nova estava perdida em pensamentos enquanto olhava para as chamas da fogueira. Não obtendo resposta alguma ele à chamou novamente - Ei, Ava? - estralou seus dedos perto do seu rosto fazendo com que a mesma saísse do transe.
- Ah, oi - balançou a cabeça afastando os pensamentos - eu estava distraída, o que estava dizendo?
- Que a Lizzy se declarou para o Bruno!
- O que? - gritou enquanto olhava espantanda para a garota do seu lado.
- O que? Não... - Lizzy se aproximou rapidamente de Thomas dando tapas no mesmo.
- Aí isso tá doendo - disse tentando segurar as mãos de sua agressora. - para sua louca!
- Não escuta o ele disse Ava, é mentira. - disse mandando língua para Thomas que riu de sua cara.
- Então do que estavam falando?
- Da floresta! - disse Gary - e de como esse lugar é assustador e aterrorizante. Ai meu Deus eu não devia ter vindo - falou a última parte um pouco mais alto demonstrando todo seu medo de estar ali.
- Gary relaxa - Thomas o encorajou - pense que amanhã você vai poder dizer para a Laura que você passou uma noite inteira dentro da floresta obscura.