Hipnotizantes e mistériosos. Realmente algo extraordinário. Ava gostaria de ter a sua câmera em mãos para poder registrá-los. Tudo bem que não era um momento propício, já que ela estava diante de sua morte. Mas ela queria poder registrar aquilo, aquela façanha com certeza, não tinha sido feita por nenhum outro.
Jamais, uma câmera havia registrado algo daquela magnitude. Era quase... anormal.
Os olhos de Ava não piscavam, com medo de fechar as pálpebras e ao abri-las novamente, os universos desaparecessem. O que não era má odeia, afinal, se acontecesse ela estaria salva.
Seu frágil coração, por um motivo inexplicável já não batia em nível desregulado. As batidas eram calmas e ritmados. Isso a deixou confusa. Afinal... como? A insanidade teria a abandonado de vez, fazendo com que ela não vesse a situação como realmente era?
Sua linha de raciocínio foi interrompida quando uma voz carregada de poder e domínio pode ser ouvida.
- Minha!
Ava sabia claramente o que ouviu já que seu corpo reagiu instantaneamente. Seu sangue correu com mais força e e vida.O coração antes calmo, acelerou novamente . Estranhamente, sua visão ficou mais ampla sendo acompanhada pela audição e olfato. Era possível escutar o ritmo cardíaco do animal, sua respiração, seu peito subindo e descendo. ventos, folhas animais e outros sons que ela não podia identificar a origem .
Seus ouvidos pareciam sangrar, fazendo com que ela tampasse os mesmo instintivamente. O olfato não ficou para trás, eram incontáveis cheiros que antes eram desconhecidos para ela. Mas não tinha nenhum que se igualava à do animal à sua frente. Era inebriante e Ava tinha certeza que aquele cheiro, ficaria gravado em sua memória enquanto ela vivesse.
A voz não era dela, muito menos do animal. Afinal, animais não falavam! E ela não tinha visto em nenhum momento, os lábios do animal se mexerem. Mas se não foi o animal e nem ela, quem seria?
Estavam sozinhas, Ava estava assustada, mas não louca. Parecia um absurdo, mas algo dizia que a voz vinha da fera que agora se encontrava um pouco mais longe.
Em que momento ela havia se afastado? Ava não sabia responder. O ser assassino não estava mais lá, não havia nem rastros. Em seu lugar se encontrava um animal que parecia estar... asustado.
Sara, ainda jogada no canto profundo se sua mente, estava petrificada. Seus dedos estavam formigando, seu rosto estava com uma expressão desacreditada. Ela foi invadida por todas as novas sensações. Sua loba queria pular de alegria, mas não o fez porque estava assustada demais para isso.
Os companheiros, eram uma coisa que estava praticamente extinta. O elo inquebrável que unia dois seres, não era visto nem sentido por décadas. Ninguém mais acreditava que ele poderia existir, mas ali no chão, estava a prova viva de que ele existia e corria nas veias da felina e da humana.
O mais surpreendente não era o fato de Sara ter encontrado sua companheira, era que ela era humana, HUMANA! E ainda por cima era do mesmo sexo que ela. As histórias e lendas que ela tinha escutado a vida toda podiam comprovar que aquilo nunca tinha acontecido.
Eram sempre lobos com lobos. Aquilo era no mínimo bizarro. Como Sara apresentaria aquela humana como a Luna? Eles se revoltariam e poderiam até matar sua companheira, afinal, em que ela serveria?
Seria um fardo para alcatéia, alguém que ao invés de proteger teria que ser protegida constantemente. Ela era só uma humana, um ser que em um segundo está vivo e no outro não. A espectativa de vida deles eram mínima!
Era muita coisa para se pensar e Sara não queria pensar tanto naquele momento. Olhando a mulher que agora já estava de pé, Sara assumiu o controle da loba e correu. Sem olhar para traz, agora, sem olhar para uma parte de si que a olhava partir ainda sem entender o que tinha acontecido.