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AMIRA.








Se Núcleo e Welly pudessem me ver agora, certamente eles estariam se envergonhando ou planejando algum tipo de maldição horrível para colocarem em mim. Deveria estar me sentindo péssima por mentir na cara dura para todos eles. Mas não me sinto. O que esperavam de mim? De uma espécie alienígena conhecida por mentir e trapacear? Essas são umas das poucas coisas que sou muito boa: enganar.

Para eles meu pai biológico e minha avó estão mortos, o que não é verdade. Para eles eu fui capturada pelos Galra, enquanto tentava voltar para o meu planeta, o que não é verdade também. Para eles eu quero lutar uma guerra que não é minha e derrotar Zarkon, o que, mais uma vez, não é verdade.

O que todos não precisam saber sobre mim é que minha avó é uma pessoa horrível e ela está viva. Meu pai é um humano chamado Takashi Shirogane e ele não só está vivo, como também é o paladino negro. Minha mãe morreu no meu parto. Fui capturada pelos Galras, porque estava tentando rastrear o meu pai e que sou uma pessoa que detesta guerras ou conflitos. Essa sou eu de verdade e não a imagem de pobre coitada que vendi para toda equipe Voltron.

Eu só disse o que eles queriam ouvir, para que assim pudesse me juntar à equipe e ficar próxima ao meu pai. Não sou uma pessoa horrível. Ou pelo menos gosto de me imaginar assim. Claro que nutro um carinho e uma amizade sincera com Pidge. Eu me importo com ela. Mas não acho que estou pronta para contar a eles toda a verdade sobre mim. E nem sei se eles aguentariam ouvi-la toda palavra por palavra.

O que eles fariam se descobrissem metade das coisas que escondo sobre minha vida e meu passado?! Por mais que eles pareçam amistosos, tenho certeza que se soubessem mais sobre minha vida, eles certamente não iam me querer por perto. Sequer eu gostaria de me ter por perto depois de tudo o que fiz...

Cada um deles, da equipe, todos têm esperança. Ou talvez seja só ilusão de que uma guerra com boas intenções vale a pena ser lutada. No entanto, não é assim que eu vejo do lado de fora. Uma guerra sempre será uma guerra. Pessoas inocentes sempre se ferem ou morrem pelos ideais exacerbados que são vendidos por diversos falsos líderes. Guerras apenas trazem miséria e sofrimento, não trazem paz ou muito menos glória. Tire um tirano do poder e outro aparecerá em seu lugar.

Pensei que continuaria fora de uma participação direta nesse conflito com os Galras, quando abandonei e enterrei o meu passado. Acho que Núcleo e Welly estão me punindo com as crueldades do destino, ao não só me fazerem reencontrar meu pai, como também tentarem me colocar novamente no meio de um fogo cruzado, do qual nunca quis me envolver.

Não menti ao dizer que quero ajudar, mas quero ajudar porque meu pai biológico está nisso, porque acho que essa é a nunca forma de estar próxima a ele nesse momento. Mas, devo admitir, que está no meio dessa guerra não me agrada nenhum pouco, não é uma guerra minha e tampouco quero luta-la. Essa sempre será a minha decisão final desde que abandonei minha vida antiga. Eu abandonei meus companheiros e algo mais próximo do que já cheguei a ter de uma família, por quê... Já vi de perto o que uma luta direta com os Galras é capaz de fazer.

A questão não é vencer ou perder, mas quem vai se ferir ou morrer no processo. E a coisa mais certa numa guerra é que haverá mortes. Quantas pessoas queridas, amigos ou companheiros, estaremos dispostos a sacrificarem por algo tão sem sentido? Eles acham que uma guerra é algo fácil. Um brinquedo divertido. Mas não é. A guerra é apenas um massacre entre pessoas não se conhecem, em prol de outros que se conhecem, mas não se massacram. É apenas uma jogada politica arriscada e desnecessária. Nunca gostei de nenhum tipo de conflito e por isso sempre procurei me manter neutra em todos eles.

Supernova ── 𝐊𝐄𝐈𝐓𝐇 𝐊𝐎𝐆𝐀𝐍𝐄 [VDL]Onde histórias criam vida. Descubra agora