chapter iii

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Tony revirou os olhos e bufou, indignado. O que mais teria de fazer para Rhodey entender que ele desprezava a ideia de ir a uma festa? Mas o mais velho estava impossível, o queria arrastar para o bendito evento a qualquer custo. Ponderou se deveria usar a cartada do namorado, uma mentirinha inocente de que Steve não gostava que Tony saísse sem ele — quando na verdade, Rogers sequer se importava —, mas decidiu por não fazê-lo. Rhodes tinha alma de justiceiro e somente a insinuação de um homem qualquer controlando seu amigo o faria subir pelas paredes.

Não, o melhor era marchar de bico fechado para fora de casa e esperar pacientemente pela meia noite. Afinal, eles tinham aula no dia seguinte. Certamente James não seria irresponsável a ponto de madrugar pouco antes de fazer um teste. Ao menos era o que Tony pensava.

— Você sempre reclama e depois está mais animado do que eu.

— Por conta do álcool, não do ambiente. Muito menos das pessoas. — insistiu Stark, inutilmente, enquanto analisava com uma careta seu guarda-roupa. — Você sabe que detesto as pessoas daquela fraternidade. Elas são irritantes e me fazem sentir como uma ameba na sua presença. — Tony pegou um cabide com uma camiseta preta básica e torceu o nariz enquanto girava a peça.

— Que besteira. São apenas algumas maçãs podres, a maioria delas sempre nos trata muito bem. — Rhodey ergueu uma sobrancelha, como a quem desafia que haja qualquer discordância. Tony o olhou apático e guardou a peça de volta no armário, optando por um traje mais casual. Ele jogou a calça escura e a blusa de botões sobre a cama e começou a se despir. James continuou, cruzando os braços: — Ou talvez você só tenha inveja deles.

— O quê?! — Tony o encarou estupefato, comicamente vestindo a blusa com pressa para poder fitá-lo melhor. Rhodey deu de ombros e sorriu maldoso.

— Isso que você ouviu. Sei bem que ano passado você tinha o maior crush no namorado da Natasha. — o mais novo soltou uma risada alta, meneando a cabeça.

— Você está ficando louco, Rhodey. Nunca olhei duas vezes pro Bruce. — ele pôs uma perna dentro da calça, então outra. — E mesmo se eu tivesse, não teria importância. Ainda não seria o bastante pra me causar inveja dela. — Stark suspirou alto, buscando um tênis debaixo da cama. — Natasha pode ser um amor com a gente quando estamos todos juntos, mas sozinha com ela só eu sei o que já passei. — concluiu, limpando uma poeira sobre o sapato direito e tentando espantar as lembranças desagradáveis sobre Romanoff.

Talvez chamar o que a ruiva fazia consigo de bullying seria um exagero, porém não estava muito longe de sê-lo. Desde que chegou à universidade, Tony sentiu-se acuado pela veterana. As poucas festas que frequentaram juntos foram o bastante para fazê-lo entender que ela tinha um enorme desprezo, infundado diga-se de passagem, pelo mais baixo. Não se recordava do que poderia ter feito à menina para merecer os olhares atravessados e as piadinhas em sua direção, mas se fosse sincero, àquela altura do campeonato ele simplesmente os ignorava. Faltava um ano para Natasha se formar e logo, logo Tony se veria livre de sua perseguição improcedente.

— Pronto. — ele decretou, dando os últimos retoques nos cabelos.

Perfumou-se generosamente e mandou uma mensagem de texto para Steve, mesmo que soubesse que era desnecessário. Como já mencionado, embora estivessem namorando há quase um mês, seu comportamento em relação a Tony não havia se alterado em proporções consideráveis. Os dois continuavam se vendo três vezes por semana, no máximo, e quase nunca ele abria a boca para tratar de algo que não fosse assuntos corriqueiros ou sexo. Anthony não se incomodava muito com sua lonjura, até porque o conheceu e se apaixonou por ele já tendo aquela compleição. Mas não entendia de fato como Steve podia ser tão afetuoso consigo, como nas vezes que dizia que o amava, ao mesmo tempo que era tão indiferente que sequer se interessava pelo que o mais novo fazia fora de casa à noite.

I HATE U, I LOVE U | 𝘀𝘁𝗼𝗻𝘆Onde histórias criam vida. Descubra agora