— Claro. — Margaret apertou com mais força do que o necessário a mão de Steven. Ela pigarreou e forçou um sorriso: — Perdoem nossa indiscrição, com licença.
Os dois policiais sumiram pelos corredores brancos e sem vida do hospital. Tony assistiu ainda um pouco atônito enquanto eles se afastavam e virou-se para Rogers com uma carranca:
— Como sabia que eu estava aqui?
— Senhora Hernandez me contou o que aconteceu e eu fiquei preocupado. — explicou, mudando sua maleta de uma mão para a outra. — Ela me disse que houve um tiroteio de madrugada em frente ao prédio e você não estava em casa, mas a porta estava aberta. Eu vim correndo assim que pude porque achei que você podia estar ferido.
— Eu não estou, como pode ver. — Tony respondeu a contragosto, percebendo pela visão periférica a cara de paisagem de Thor enquanto os assistia em silêncio. Ele suspirou e gesticulou distraído na direção de Rogers. — Thor, esse é o advogado que te falei mais cedo.
— Prazer, como vai? — Steve sorriu rapidamente para o loiro, então voltou a atenção para Tony. Perguntou impaciente: — E você, vai me contar o que aconteceu ou não?
— E você já não sabe? — devolveu desgostoso, ainda profundamente incomodado com o espírito fofoqueiro da sua senhoria. Rogers fez que não com a cabeça, seus olhos azuis ainda o fitando sem parar esperando por uma explicação. Stark suspirou e pousou uma mão sobre os olhos, tentando espantar a enxaqueca por conta da noite mal dormida: — Meu vizinho foi baleado.
— Meu Deus, Tony, você estava com ele? Você está bem?!
— Não, não. — franziu o cenho e esfregou o rosto com as mãos, sentindo o estresse tomar conta do seu corpo. — Eu vi tudo da minha janela. Só desci quando o tiro foi disparado, mas o criminoso já tinha fugido.
— Foi um assalto?
— Acerto de contas... Quer dizer, mais ou menos. — corrigiu-se rapidamente. Steve enrugou a testa e Anthony trocou um olhar com Thor, como se o pedisse permissão para deixar o mais velho à par da situação. Ele assentiu brevemente em resposta e Tony murmurou, apontando para o fim do corredor atrás de si: — Vamos tomar um café e eu te conto tudo. Thor, vá ficar com seu irmão. Eu te trago algo pra comer depois. — o loiro apenas concordou e entrou de volta no quarto.
Tony e Steve foram até a pequena lanchonete do hospital em silêncio. Se ele dissesse que não estava minimamente aliviado com a presença do mais velho ali, seria uma mentira deslavada. Só Deus sabe o que teria acontecido se tivesse falado o que não devia aos policiais e acabasse prejudicando Loki com sua burrice. Ele era um fugitivo, afinal. E de certa forma Thor estava certo em apontar que a lei não poderia ajudá-los, ao menos não por agora... Mas alguém que conhecia a lei como a palma da sua mão seria de suma importância para terem uma noção de onde estavam enfiados e Steven, apesar dos pesares, era o mais indicado àquele serviço.
Eles sentaram à pequena mesa mais afastada das outras e Rogers pediu dois cafés. A barba cheia e escura em seu rosto ainda era uma visão com a qual Tony havia de se acostumar. Sua postura profissional quando estava com suas roupas formais sempre fora um charme para o mais novo, mas ele reprimiu aqueles pensamentos rapidamente. Tomou um gole do café e pigarreou, chamando a atenção do loiro.
— Então — começou, cruzando os braços sobre a mesa —, eu preciso da sua ajuda.
— Você está metido em alguma encrenca, Anthony? — Tony revirou os olhos com suas palavras um tanto paternais, meneando a cabeça. — Quem é esse seu vizinho? Achei que só você morasse naquele prédio.