chapter iv

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Se havia algo que Tony odiava mais do que atrasos, ele desconhecia. Steve surpreendentemente lembrou-se da data comemorativa de seu mesversário de namoro. Ele ligou às dez da manhã, dez em ponto, avisando que havia feito uma reserva num restaurante bem caro e bem chique. Stark não conseguiu arrancar do rosto o sorriso contente o dia inteiro, claro, pois aquilo era um acontecimento. Era a primeira vez em quase um ano que teriam outro encontro propriamente dito e dessa vez como um casal oficial. Parecia bom demais para ser verdade.

Tony revirou sua gaveta de roupas a tarde toda até encontrar um traje de seu agrado. Usaria a camisa favorita de Steve, a de tons lilases. Estava pronto meia hora antes, tamanha era sua ansiedade. Sentia-se um adolescente novamente, morrendo com a antecipação de encontrar a paixonite. Faltava-lhe apenas compartilhar daquele nervosismo jovial com Rhodey, mas este devia ter assuntos mais importantes para se preocupar, por isso Tony preferiu sofrer em silêncio.

Agora, ali estava ele: sentado no sofá, encarando o teto com um bico de insatisfação. No relógio marcava sete e quarenta, quarenta minutos que extrapolavam o horário combinado e nada de Rogers aparecer. Tony já havia perdido a conta de quantas vezes ligou para o mesmo, ouvindo a repetida mensagem da sua caixa postal. Anthony gostava de pensar que era alguém paciente, do contrário teria dado um pé na bunda do mais velho há muito tempo só pelo atraso deselegante, mas a essa altura estava tão possesso que seria capaz de arremessar uma cadeira em Steve quando ele chegasse por aquela porta.

Se chegasse.

Ele tirou dos pés o sapato apertado e esticou os dedos, suspirando. Quase oito da noite e a impaciência já dava lugar à preocupação. E se houvesse acontecido algo? Um assalto, um acidente?

Levantou-se do sofá num pulo e calçou novamente o tênis, pegando suas chaves. Não sabia bem aonde estava indo, mas estava indo. Desceu as escadas afobado e esbarrou em alguém.

Era Steve.

— Onde é que você estava?! — esbravejou Tony, olhando-o ainda aflito. Steve limitou-se a fazer um gesto desdenhoso com a mão.

— Foi o trânsito. — explicou, sua voz apática como sempre.

— Custava ter avisado? Eu te liguei várias vezes! — insistiu indignado. O mais alto travou o maxilar, claramente descontente.

— Não uso o celular dentro do carro e você sabe.

Um silêncio desagradável firmou-se entre os dois. Steve escondeu as mãos nos bolsos e olhou para o chão. Havia certo remorso em sua face, mas ele morreria antes de dar o braço a torcer e pedir desculpas ao mais novo. Tony o conhecia o suficiente para saber disso.

Com um suspiro audível, ele deixou os ombros caírem:

— Eu estava preocupado.

— Não aconteceu nada. — Steve constatou factualmente, não com o intuito de tranquilizá-lo de verdade. Stark assentiu apenas, procurando sem sucesso os olhos azuis do rapaz. Mais uma pausa incômoda se instalou e ele tornou, se aproximando: — Ainda quer sair?

— O horário da reserva já passou. — considerou, ainda de cara fechada. O mais velho abraçou-o lentamente e Anthony aceitou de bom grado, escondendo o rosto em seu peito.

— Eu conheço o dono do restaurante, posso pedir um favor.

— Você e seus contatos misteriosos. — Tony brincou e sentiu seu coração esquentar com a risada fraca de Rogers, vibrando no peito contra sua bochecha.

Os dois saíram, enfim. A pequena discussão já estava esquecida em meio à conversa agradável no caminho até o restaurante. Steve parecia de bom humor àquele dia, no final das contas, uma vez que estava tagarela como nunca falando de trivialidades. O brilho em suas írises cristalinas sumiu, porém, quando Tony mencionou a festa de dias atrás.

I HATE U, I LOVE U | 𝘀𝘁𝗼𝗻𝘆Onde histórias criam vida. Descubra agora