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"Eu vejo a vida melhor no futuro"
Tempos Modernos -
Lulu Santos. 



 
 

2 anos atrás...

– Percy! Vem aqui!

– Só um minuto, mãe! – Gritou de volta.
Jackson estava há dois dias com o fone de ouvido na cabeça para evitar escutar as brigas entre sua mãe, Sally Jackson, e Gabe. Ele não suportava o padrasto e não entendia como a mãe aturava aquele homem. Já falou, quase suplicando, para sua mãe anular o casamento, e ela dizia que não podia, mas nunca o motivo. Infelizmente, quando se tratava de sua mãe, Jackson precisava parar o que estivesse fazendo para atende-la, inclusive perder sua partida online.

– Oi, mãe – Jackson chegou na cozinha. Sally o olhou. Ele não sabia quando percebeu que tinha alguma coisa estranha, mas ele sentiu que algo não estava certo. – O que aconteceu?

A sra. Jackson enxugou os olhos e tossiu.

– Eu quero que você me leve até o hospital.

– O que aconteceu? – Repetiu preocupado.

– Nada, só não estou me sentindo bem pra ir trabalhar hoje. Eu quero um atestado – a mãe olhava para ele com olhos tão esquisitos, que Jackson enfrentou o orgulho de não falar com Gabe e pediu o carro dele emprestado.

– Aonde vocês vão? – Gabe perguntou olhando por cima de sua latinha de cerveja e da sala suja, ou como Jackson costumava chamar, Gabelândia.

– Percy vai me levar no médico para eu conseguir um atestado, meu amor. Assim eu fico em casa de noite com você – Sally sorriu.

Ele olhou para a mulher tentando analisar o olhar dela.

Gabe era burro o suficiente para não entender aonde os dois realmente iam.

E Percy era lerdo demais para nunca ter reparado.
 
 
 

Dias atuais...

– Ele tá no quarto – Jackson escutou sua mãe falando com alguém da sala de estar. Em poucos segundos, como que sincronizado, a porta do quarto foi aberta e o garoto olhou.

Poseidon estava parado olhando para ele com um sorriso. Ele usava uma blusa estampada de folhas de coqueiro e seus cabelos estavam molhados, provavelmente tinha acabado de tomar banho depois de uma tarde de treinos de natação.

– E aí? Tá pronto?

O mais novo se levantou.

– Oi, pai. Só vou pegar minha mochila e o carregador.

– Pra que carregador?

Jackson o olhou sem entender.

– Pra carregar o celular, talvez?

– Percy, – Poseidon suspirou – o lugar não tem internet.

– Ah, mas é bom levar pra caso precise.

– Só vê se não me troca pelo celular – o pai riu.

Jackson pegou suas coisas e deu uma última olhada no quarto azul dele. Sally insistia em que ele deixasse o quarto arrumado sempre que passava pela porta.

– Tchau, mãe.

– Ei, – ela chamou – e meu beijo?

Jackson sorriu e deu um beijo na bochecha dela.

– Se cuida – disse por fim e fechou a porta do apartamento.

Poseidon esperava ele no final do corredor. Os dois desceram em silêncio metade do caminho do elevador.

– E então, – começou Poseidon – como sua mãe está?

– Bem melhor – Jackson deu um sorriso sincero.

– Fico feliz. Ela não merecia aquilo – sua mão começou a tremer de raiva.

– É, não merecia – o filho concordou tristemente.

– E como está a Reyna?

O moreno o olhou surpreso.

– Eu não te contei? Desculpa. Eu e ela terminamos.

– Ah... Por quê? Ela parecia ser uma menina tão boa, e você parecia gostar dela realmente.

– Não sei dizer, acho que não era pra ser – Jackson atravessou a portaria em direção ao carro do pai. – Na verdade, acho que eu não gostava dela de verdade, era mais uma admiração por quem ela era. E ela não gostava de mim do mesmo jeito que eu dela, enfim, não deu certo.

– Entendo, mas se eu não te conhecesse tanto, eu acreditaria que você não está caidinho por outra garota e que realmente percebeu que a Reyna não era para você – Jackson riu do pai.

– Sim, tem uma garota no meio.

– E aí? – Poseidon deu a partida no carro.

– Eu vi ela numa apresentação que a minha mãe me levou esses dias. Pai, ela é linda e inteligente e – Jackson suspirou animado – tudo. O nome dela é Annabeth Chase. A gente vem conversando a semana toda.

– Pelo celular? – O pai olhou para o filho decepcionado. – Na minha época eu pedia os números das garotas pra pedir par sair com elas.

– Ontem eu levei ela na Tulis’ Excoffee – Jackson deu uma piscadinha e Poseidon riu.

– E como foi?

Jackson hesitou.

– Olha... Não sei, acho que foi bom. Eu chamei ela pra poder conhecer ela melhor, mas eu não cheguei nem perto disso. Ela é muito fechada.

– Difícil?

– Não, eu acho que ela não se faz de difícil, acho que ela não quer se abrir mesmo – Jackson ficou calado por um tempo. – Ela era ex-namorada do Luke.

– Ah...

– Luke contou pra gente a versão dele, mas acho que a versão da Annabeth é diferente. Ela me disse que viu uma foto minha com ele e ela ficou muito irritada com aquilo. Eu achei estranho – suspirou. – Aí depois que eu disse que não sabia, ela mudou totalmente de assunto, como se nada tivesse acontecido. Nós conversamos coisas superficiais, não consegui me aproximar dela. Demos uma volta no terraço e eu levei ela pra casa.

Poseidon ficou calado.

– Complicado. Percy...?

– Oi.

– Se você quer conhecer essa menina direito, se você quer se aproximar dela e, principalmente, se você quiser ficar com ela – ele deu uma pausa –, não desista dela.

Percy sorriu.

– Ok.

– Às vezes, as pessoas de quem precisamos, precisam ainda mais da gente. Não desista dela.

Os dois ficaram em silêncio.

Jackson via a cidade e o trânsito de New York passar ao redor dele, e não fazia noção de onde iam.

– Pai, pra onde a gente tá indo?

Poseidon o olhou com seus olhos misteriosos como um oceano.

– Para o lar.






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