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"We'd always go into it blindly
I needed to lose you to find me"
Lose you to love me -
Selena Gomez.




Annabeth Chase estava mais uma vez de cabeça para baixo na cama enquanto observava as flores azuis no teto. Quer o melhor momento para se auto descobrir? Seja um adolescente olhando para o nada e pensando em si. Às vezes ela fazia isso quando precisava pensar ou botar as engrenagens do cérebro pra fucionar.

Chase estava perdida. Mesmo depois de semanas, ela não conseguia deixar de lado aquele beijo. Rolou alguma coisa, disso tinha certeza. Estava muito perdida. Havia feito a si mesma uma promessa: não se apaixonaria antes de terminar a faculdade. Chase não suportaria perder mais alguém ou ficar num namoro à distância. Mas agora estava apaixonada, ela sabia, ou pelos menos começara a se apaixonar. O que menos desejava, aconteceu. Se perguntava se Percy pensava no mesmo. Chase se revirava na cama, sem saber o que fazer. Fora o moreno, ainda havia Luke...

Naquela noite, Luke havia proposto para que tentassem de novo, para ver se daria certo. Ela ficou tensa, tanto na ida quanto na volta. Não queria sofrer de novo. A dor que sentiu depois que ele foi embora parecia com uma facada no peito. Doía, e não era psicologicamente, a loira sentiu isso no físico. Passar por aquilo com Luke de novo e sabendo que não daria certo... aquilo enfureceu-a. O pior foi o loiro apelando para o beijo. Era por esse motivo que tinha que se manter distante e fria. Se demonstrasse um pingo de afabilidade, o garoto pensaria que estava dando uma chance ou rolando o clima. E foi o que aconteceu no carro.

Luke não tentou mais nada depois com Percy perto. Chase tinha que admitir, ela gostou do moreno cuidando dela. Lembrar disso fez o coração da loira se aquecer e ela suspirar.

Chase sabia que não poderia fugir sempre disso. Percy lhe mandou mensagens, telefonemas e até a Piper para conversar com ela. Claro, McLean não disse nada do que conversaram para o moreno por respeito à amiga. A loira vinha apenas tomando coragem para enfrentar tudo.

O amor, ele causa muita dor, mas quando se está apaixonado, o mesmo amor te cega. Você é guiado pelo amor para a dor, mas é algo que vale a pena se arriscar, porque você está cego. Chase enfim entendia. Estava com um pé atrás quanto ao Percy, mas estava pronta para se abrir.

O telefone dela tocou.

– Desce aqui um minutinho? Precisamos conversar.

Ela suspirou.

•••

– Então, é isso? – Zoë perguntou enquanto sugava o resto do milk-shake do copo.

– É, é isso.

Ela ficou quieta olhando os pedestres passearem pela rua. Cada um concentrado no que tinham para fazer.

– Olha, Anna... – começou. – Eu sei que não sou uma perita no amor...

– Não mesmo – concordou.

– ... e nunca vou ser, você sabe disso. Mas olhando a sua situação, eu vejo claramente.

– Vê o quê?

– Você precisa seguir em frente. Veja bem, você e Luke tentaram, por um ano, mas tentaram. Luke foi seu primeiro amor, você queria se apegar a ele como se existisse apenas ele. Tudo bem, não estou te culpando, mas Luke era... livre. O que quero dizer é que o fim começou cedo. Imagino que doa escutar isso, mas é verdade.

Chase ficou calada e Zoë continuou depois de dar uma última raspadinha no copo.

– Não dá pra segurar ninguém. Quanto mais você segura, mais eles querem escapar. Tudo que pode fazer é amar e garantir que essa pessoa saiba que você nunca vai escapar. Como vocês já se separaram, acho que isso não se aplica totalmente. Entende o que quero dizer?

– Mais ou menos.

– Basicamente, o que eu disse foi que você se amarrou a ele e ele se sentiu sufocado, mas não queria se afastar de você para não te magoar. Luke viu que não poderiam ficar assim, aquilo estava matando vocês. E, acredite, eu percebi a diferença de antes e depois, você está muito mais leve agora. Mas pense, Annabeth, Luke nunca foi uma decepção ou uma perda de tempo, foi um amadurecimento. Você precisava passar por isso para que pudesse crescer – disse –, para que pudesse conhecer outra pessoa e seguir em frente sem cometer os erros do passado. Você precisava perder Luke para se achar.

Chase assobiou.

– Pra quem não tem experiência com relacionamentos, você é boa.

– Obrigada, escuto muito meninas choramingando pelos garotos.

As duas riram.

– O que você me sugere?

– Bem – Zoë hesitou –, você tinha que conversar com o Luke, resolver tudo que precisam. Depois, falar com Percy, se desculpar por tudo e se abrir pra ele. Anna, eu vi como aquele garoto te olhava. Ele gosta de você, e eu gosto dele. Não no mesmo sentido – acrescentou rindo –, quero dizer que eu confio nele. É a hora de você se abrir, mas só poderá fazer isso se definitivamente deixar para trás o Luke.

– Por isso conversar com ele...

– Exato.

– Entendo. Você está certa, mas depois vai ter que me dizer de verdade como sabe conselhos tão bons.

Zoë ficou vermelha.

– Ok. Olha! Ai, cara, era o casaco de snowboard que eu queria comprar – ela saiu arrastando a loira para uma loja.

•••

Se sentiu sozinha enquanto andava pelas ruas de New York. Estava quase anoitecendo. A brisa de calor da primavera batia em seus ombros.

Chase foi agarrada por mãos fortes que logo taparam seu nariz. Seu reflexo agiu mais rápido. Meteu um chute nas partes de baixo da pessoa – homem ou mulher, não ficou para descobrir – e saiu correndo de volta para casa. Com o coração a mil, ela entrou como uma bala no apartamento e foi para o colo da mãe. O susto de quase ter sido sequestrada, ou sabe-se lá o que, foi tão grande que ela começou a chorar de medo. Atena a segurou pelos ombros.

– Minha filha! O que foi?

Ela tentava falar, mas sua voz se perdia e caíam de seus olhos mais e mais lágrimas. Por fim, a mãe ficou apenas afagando seus cabelos loiros e encaracolados até que a filha dormisse.

Por fim, deitou a garota na cama e a cobriu com o cobertor, certa de que descobriria no dia seguinte o que aconteceu.









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