Colocando os pingos nos "is"

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Andrew PoV

Depois que saí do jardim, a conversa com a Meredith ficou martelando na minha cabeça. Tudo que ela me contou era horrível e não combinava com o Will que eu conhecia. Eu sempre achei o Will superior a mim, eu sempre me espelhei nele e eram os conselhos dele que eu sempre escutava e seguia.
Eu me dirigi ao interior do Hotel e fui até o quarto do Will. Ele estava deitado na cama e Carina estava sentada em uma poltrona com o semblante sério. Quando me viu, ela se levantou e disse:

- Eu vou deixar vocês dois conversarem. Acho que precisam colocar alguns pingos nos "is". Mantenham a calma, ok?

Eu acenei pra ela e ela saiu. Will estava de cabeça baixa, se recusando a olhar pra mim. Por dentro, eu sentia um misto de raiva e revolta, e eu não sabia como começar uma conversa com ele.

Lutando internamente, decidi quebrar finalmente aquele silêncio:

- Por que não me disse a verdade, Will? Por que nunca me contou?

Will permanecia calado. Eu continuei:

- Nós não éramos dois amigos quaisquer...eu sempre te considerei um irmão. Eu sei que esse assunto era seu, dizia respeito somente a você, mas...mas nós sempre compartilhamos tudo, tudo. Só que você vivia fugindo quando eu falava sobre isso. Por que nunca me contou, Will?

Silêncio. Eu insisti, aumentando o tom de voz:

- Por que, Will?

- PORQUE EU TINHA MEDO DE DECEPCIONAR VOCÊ!!!

A resposta veio em um grito só. Will me olhava ofegante, os olhos marejados, a respiração difícil. O choro claramente preso aos olhos. Fechando os olhos e recobrando parte do equilíbrio, Will continuou:

- Andrew...eu sempre te vi como uma espécie de irmão mais novo, mesmo que a gente tenha a mesma idade. Você sempre me acolheu tão bem, desde que eu fui para Seattle fazer a residência. Eu devo tanto a você, à Carina...e a minha forma de me sentir útil, de retribuir todo o carinho que vocês sempre me deram era agindo como um irmão, um exemplo pra você, alguém que você admirasse e pudesse contar em todos os momentos. Por isso, eu fazia minhas farras junto com você,mas eu também tinha minha vida organizada pra que você se espelhasse em mim.

Eu olhava pra ele, a raiva ainda se fazendo presente dentro de mim. Ele continuou:

- Se eu te contasse que eu tinha machucado a única mulher que amei na vida, uma mulher pura, ingênua, eu deixaria de ser uma pessoa admirável pra você e você me olharia assim...como está me olhando agora.

Eu desviei o rosto. Eu não conseguia disfarçar a raiva que eu estava sentindo. Olhando para um ponto qualquer na parede, falei:

- Você não podia ter traído a Meredith, Will. Principalmente, você não podia ter caído nas garras da Addison.

Ele me olhou incrédulo:

- Você já prestou atenção naquela mulher, Andrew? A Addison nunca deu em cima de você quando você chegou aqui? Eu duvido que ela não tenha tentado nada com você...

Num ímpeto, eu virei pra ele, levantando o tom de voz:

- É claro que ela deu! Ela me atentou de diversas formas, principalmente depois que ela começou a desconfiar do meu interesse pela Meredith! Porque no fundo, Will, eu sei que ela já sabe que nós estávamos interessados um no outro e sabia que estávamos juntos. Mas eu resisti, Will! Eu nunca dei chance a ela, nenhuma liberdade sequer. A grande verdade é que eu nunca me senti atraído por ela.

- Ta brincando? - Will me perguntou incrédulo.

- Nunca. Ela é uma mulher linda, sedutora, mas desde que eu cheguei, ela não passou disso. E quando eu vi a Meredith, cara... - eu sorri, meu olhar se tornou doce - Eu só tive olhos pra ela e nada mais.

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