Sem rumo

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Will PoV

Apocalíptico.

Essa era a descrição do cenário que eu via na minha frente. Uma confusão de pessoas, cheiros, cenas, sons...algo assustadoramente...familiar.

Sim. A cena que havia se desenrolado diante de mim, me fez reviver aquele horror em Nova York, alguns anos atrás, um fato que eu sabia ser o maior culpado. Era como se eu estivesse do lado de fora olhando, do alto, para a mesma cena fatídica em que vivi no passado. Só hoje pude entender um pouco o tamanho da dor que a Meredith sentiu ao me ver nos braços da Addison naquela ocasião.

Eu digo que consegui entender um pouco, porque a dor que vi na Meredith hoje, com certeza era bem maior. Até porque o amor que ela sente pelo Andrew é maior do que aquele que ela um dia sentiu por mim. E eu tive vontade de abraçá-la e dizer que ia ficar tudo bem, e quando eu digo isso é realmente sem nenhum interesse amoroso nela mais. É algo humano mesmo, de desejo de reparar um erro irreparável que cometi com uma pessoa que nunca mereceu tamanho sofrimento.

Quando tentei puxar a Mer para fora do quarto, foi numa tentativa impulsiva para preservá-la do horror que ela estava mais uma vez vendo diante dela, mas ela se desvencilhou dos meus braços e saiu pisando duro, em prantos. 

- Deixa, Will! Fique com o Andrew, por favor! - disse a Carina saindo do quarto e indo atrás da Mer.

Eu acenei com a cabeça e fui até o Andrew. Ele estava sentado na cama, parecia alheio a tudo, zonzo; com uma das mãos ele se apoiava na cama, com a outra ele esfregava os olhos, tentando enxergar alguma coisa.

- Andrew,cara...tá me ouvindo? - eu perguntei me ajoelhando até ele e tentando chamá-lo.

- Ai, minha cabeça.... - ele murmurou quase sem forças.

Morrendo de ódio, me virei para Addison que calmamente se vestia e perguntei entredentes:

- O que você fez dessa vez, Addison?!?

Ela sorriu:

- Eu? Não fiz nada, Will. Pelo menos, não sozinha.

- Para com essa palhaçada, já chega! Eu te conheço bem!

- O quê? Não acredita que eu e Andrew dormimos juntos?

Eu fechei os olhos. Ela era realmente  inacreditável.

- Você não muda, Addison! Você não tem coração! Ela é sua IRMÃ!!

Addison sorriu para mim enquanto colocava o brinco, com uma calma irritante:

- O que aconteceu aqui, Will, foi muito simples e você, mais do que ninguém, sabe bem: o Andrew bebeu além da conta e não resistiu aos meus encantos...Por que pergunta? Não acredita?

Eu fechei os olhos:

- Olhe pra ele, Addison! Não se aguenta nem sentado! Está claro que você armou tudo isso, ele está dopado, eu sou médico, você esqueceu? Você aprontou e das boas!

Ela riu sarcástica:

- Faça-me o favor, Will! Andrew pode até estar apaixonado pela Meredith, mas, ele é homem e, no fundo, você sabe que você e ele são farinha do mesmo saco. Era questão de tempo pra ele cair nas minhas garras. Eu disse que iria conseguir e consegui.

Sem perder mais tempo, eu vesti Andrew, que continuava muito grogue; passei o braço dele pelo meu ombro e ajudando-o a se levantar, eu disse à Addison:

- O Andrew é muito melhor do que eu, Addison! Muito melhor...e eu vou descobrir o que você fez com ele e com a Meredith. É só uma questão de tempo. Enquanto isso...espero que você nunca mais consiga colocar sua cabeça no travesseiro e dormir em paz depois do que fez hoje. Pela segunda vez.

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