Nova Perspectiva

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Andrew PoV

Eu abri os olhos devagar enquanto escutava um bipe longe. Era o bipe familiar de máquinas hospitalares. Eu o reconheceria em qualquer lugar.

Quando finalmente abri os olhos, vi Carina e Will e só então me dei conta de onde eu estava: deitado na cama do hospital, cheio de fios. Mas que diabos tinha acontecido?

- Carina? Will?

- Ei, Andrea, vai com calma...

-  O que eu tô fazendo aqui nessa cama, Carina?

- Andrea, respira, calma, eu vou te explicar.

E então ela me disse o que eu quase nao acreditei: eu tinha tido um infarto. Um infarto! Eu, um médico, jovem, um homem de referência na Medicina...tinha tido um infarto. Eu queria rir. Era muita ironia do destino. Meu peito ainda doía e eu estava respirando com dificuldade ainda, o oxigênio ainda ligado às minhas narinas.

- Como isso foi acontecer? - eu perguntei ainda incrédulo.

- Como foi acontecer? Tem certeza que não sabe mesmo, Andrea?

A Carina estava irritada. Bufando, na verdade. Foi então que eu vi Will colocando a mão no ombro dela acalmando-a.

- Ei, cara...você deu um susto imenso em todo mundo hoje.

- Eu só lembro que eu estava na sala de reuniões...com o Comitê. Então eu senti uma dor muito forte e apaguei. - eu disse fechando os olhos em confusão.

- Você teve um infarto naquela hora, Andrew. Acho que juntou a emoção do momento com...

- Com a vida totalmente irresponsável que você vem levando, Andrea! - era a Carina novamente, alterada.

Will pegou Carina pela mão e retirou-a do quarto. Eu conhecia a minha irmã. Ela era passional demais e quando ficava nervosa ela despejava tudo sem dó, não importava as circunstâncias.

Eu fechei os olhos e senti Will se aproximar e sentar em um banco perto da minha cama.

- Will, me conte tudo, não me esconda nada, está bem? Em nome da nossa amizade, por favor.

- Eu não vou esconder. Você teve um infarto, foi sério,trouxe danos a você. Mas por um milagre,não foi necessária uma cirurgia. Entretanto, os médicos foram categóricos....você vai precisar de um tempo afastado para se recuperar.

- Will, eu não posso...você sabe, eu..eu acabei de conseguir a verba para pesquisa pediátrica e pro meu laboratório...

- Ei, ei, calma,calma,Andrew! Nao fique agitado, nao te faz bem. Me ouça, por favor.

Eu vi Will respirar fundo, fechar os olhos, abri-los e olhar seriamente pra mim.

- Cara, você sabe que você é como um irmão pra mim. Você é mais minha família do que qualquer um que tenha meu sangue. Por isso,Andrew eu me preocupo tanto com você. Eu sei que eu tenho responsabilidade nessa loucura de vida que você leva,porque eu fico te arrastando pras festas...mas não é de hoje que eu peço muito pra você se cuidar. E você não se cuida. Você só come porcaria, não tem horários de refeições, não dorme direito...sério, eu nem sei como você consegue ter esse corpo todo malhado aí, porque nem vejo você se exercitar.

Eu sorri. Em outra ocasião eu teria feito piadinha por ele ter me falado sobre meu corpo sarado.

- Olha, Andrew, a Carina tá super preocupada com você e com razão. Está passando da hora de você cuidar mais de você,  da sua saúde. Do que adianta você ter ganhado seu laboratório, ser um médico renomado,cheio de títulos e prêmios, se você quase morre de infarto? Você vai embora e suas conquistas ficarão aí para outro usufruir.

Por acasoOnde histórias criam vida. Descubra agora