II - 𝙱𝚎𝚊𝚝𝚛𝚒𝚌𝚎 𝙱𝚊𝚞𝚍𝚎𝚕𝚊𝚒𝚛𝚎.

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capítulo original: 01/07/2020
capítulo da revisão: 12/04/2021

...

" Para Beatrice -

Não se preocupe, a saudade dói, mas no fundo não mata."

...

" Qual seria a possibilidade de me trazer jujubas para me acompanhar ?" perguntou Beatrice ao garçom, anunciando que era uma voluntária.

" Isso depende, você deu seus brinquedos velhos à sua priminha ?" perguntou o garçom, querendo saber se ela estava em missão.

" Meu pai virá levar " disse a menina querendo dizer algo como "não, obrigada por perguntar, vou me encontrar com alguém hoje."

" A especialidade da casa é chá com Mantega " disse o rapaz, querendo dizer algo como 'se precisa de ajuda com algo, peça um chá de manteiga ', afinal que espécie de chá é feito com manteiga e não com margarina ? " Você tem sido boazinha com sua avó?"

" Ela está cega como um morcego " respondeu Beatrice, ele perguntava com o que ela trabalhava ou estudava. E ela disse que era uma baticeer, para logo se despedir com; " Diga a sua tia que o céu está muito bonito hoje "

" Essa história sobre os piratas finlandesas é séria ?" questionei.

Beatrice me olhou com uma expressão mista entre surpresa e um amargor na garganta. O amargor não tinha relação direta com a pergunta, é claro. E eu não sabia que se tratava de um código, assim como não tinha ideia do que estava escrito na carta que ela usava como marca páginas em um livro de capa azul. Mesmo se ela tivesse sido um pouco mais corajosa e aberto aquela carta quando lhe chegou, - e não depois de ler sobre um incêndio no jornal. - Minha primeira impressão dela, não seria diferente.

" Deixe, não é nada " ela bufou fechando o livro, " Faz algum tempo que queria lhe conhecer " disse sorrindo gentilmente.

" Eu também queria lhe conhecer. Desculpe por não ter lhe procurado, só soube da sua existência até um tempo atrás." disse eu, a menina levou a mão sobre o nariz, um pouco vermelho pelo início do outono, deduzi.

Como talvez vocês possam imaginar, minha primeira impressão sobre Beatrice, veio muito antes de ver seu rosto, - e constatar que parecia muito com Kit, sem dúvidas. - Mas de quando li suas cartas, ou melhor, de quando eu soube que minha irmã tinha tido uma criança. Eu não sabia se ficava feliz ou triste. Ela estava ali, viva. Isso é sempre ótimo, - ao menos que ela fosse uma barata - Entretanto estava sozinha, e estar sozinha normalmente é mais terrível do que muitas pessoas podem imaginar. Mas então, eu estava ali, só eu. Foi então que senti pena de verdade dela.

" O que você achou das minhas anotações ?" perguntei, afinal não tinha outro assunto. Ela parecia um tanto magoada, e não era de um parente desconhecido que ela gostaria de ouvir conselhos.

" Algumas coisas se diferem um pouco do que ouvi " Ela disse, depois de ter passado alguns segundos procurando palavras com a boca entreaberta. " Tenho algumas críticas construtivas, para uma outra hora."

" Outra hora ?" disse eu, afinal que hora era melhor que aquela ?

" Bom, suas histórias têm características peculiares ", citou ela, " como um tom extremamente melancólico. Claro que é totalmente adaptável ao caso, mas... " ela se conteve por alguns instantes, parecia ter medo de dizer algo que não deveria. " Ou talvez seja a forma que eu ouvi que as fizeram ser menos melancólicas. "

Vocês talvez possam ter notado, que Violet, Klaus e Sunny Baudelaire, até em seus momentos mais sombrios, tinham uma perspectiva um pouco mais otimista do que o escritor dessa história em seus momentos mais felizes. E conto a vocês, com um certo alívio, que Beatrice adquiriu essas características dos tios adotivos.

Desventuras em serie : Voluntários & Incendiários (concluída)Onde histórias criam vida. Descubra agora