Capitulo 4.1

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            Levantei-me calmamente e ainda lhe mandei um olhar mórbido mas ele nem sequer reparou. O que eu queria na verdade era para estar com ele, eu pensei que vínhamos aqui para estarmos junto e não para ele fazer aqui que sempre fez. Sei que no inicio importei-me mais com o facto de ver Martín do que estar com ele mas é impossível. O meu sentimento por Napoléon ainda é um mistério, mas é um mistério que não me saía do coração nem da cabeça. Estamos a perder-nos um ao outro e mesmo que eu me esforce ele nunca irá tentar. Estamos a quebrar o nosso laço de união.

- Posso sentar-me? - Comecei a corar assim que as caras de espanto ficaram a olhar para mim - Peço desculpa de estou a interromper eu posso voltar noutra altura.

- Sim, estás - Ouvi baixinho mas não detectei de onde veio.

- Não, claro que não incomodas - Disse Martín com um sorriso de orelha a orelha - Ainda bem que ele mudou de ideias.

Pela primeira vez vi alguém que ficou radiante por me ver. Os olhos de mel dele estavam brilhantes e grandes cada vez que olhava para mim que apesar de simples, eram encantadores. Ele virou-se para os amigos e apresentou-os enquanto eu arranjava um lugar para me sentar.

- Malta esta é Jayden Lynn. Jayden estes são o John, a Jennifer, a Amy, a Sasha e o Adam.

Pareciam-me todos simpáticos e normais à exceção de Amy, ela era estranha, porém pacífica. Tinha uma aura muito estranha mesmo, não sei explicar, era simplesmente "não confiável". Ela tinha o cabelo pelo queixo, loiro e liso. Olhava para mim sem sorrir com ar de superioridade, com uns olhos azuis comuns e sem graça nenhuma, monótonos. Aposto que foi estava vaca que disse que eu estava a incomodar.

Começaram a fazer-me perguntas e a tentar fazer com que eu falasse mas eu era demasiado tímida e insegura, por isso não confiava em ninguém, nem mesmo em Martín, estava só a dar-me a mim mesma uma oportunidade para eu ter um amigo.

Passado um pouco finalmente deixaram de me prestar qualquer atenção e consegui descontrair um pouco. Adam, o rapaz loiro com mechas castanhas já estava impaciente.

- Vamos lá enquanto ainda está nevoeiro. Dizem que numa terça de manhã várias crianças se suicidaram mas não se sabe bem ao certo, e foi numa manhã de nevoeiro. E também de mês em mês, na segunda terça feira do mês, voltam em espirito para levar mais um consigo.

- Também acredito - Disse Sasha, uma rapariga aparentemente da minha idade só que era um tanto mais extrovertida que eu - A minha vizinha há duas semanas teve um filho na segunda e na terça do dia seguinte, na manhã de nevoeiro, o puto morreu, mas não se sabe a causa.

- Mas há muitas dessas - Disse Jennifer.

Amy fixou os seus olhos nos meus e tentou desafiar-me.

- Se tiveres medo nem vale a pena vires conosco.

- Querida, já vi coisas piores - Disse-lhe a fim de entrar no seu joguinho, mas o meu objetivo não era empatar, mas sim ganhar - Mortes, sangue e outras coisas desconhecidas.

Todos se calaram.

Se calhar não devia ter dito aquilo. Não sei o que dizer mais.

Sasha tossiu e sorriu para quebrar imediatamente o momento.

- Então bora lá - Ela estava realmente entusiasmada - Não quero perder isto.

Antes de ir embora atrevi-me a olhar para trás. Napoléon também persentiu o meu olhar e devolveu-o mas logo o desviou para as mulheres.

- Vamos Jayden? - Perguntou-me Martín enquanto eu estava no meio dos meus pensamentos.

Laços perdidosOnde histórias criam vida. Descubra agora