Capitulo 16

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Passou uma semana, passaram duas, passaram três e eu continuo aqui nesta casa sozinha. Custa-me saber que estou isolada mas estou a começar a habituar-me, começo a ocupar o meu tempo com coisas que fazia habitualmente, desenhar, treinar, cozinhar...pensando que ele ainda está aqui para me proteger. Sei que pareço desesperada mas percebi com a vida que a esperança nunca se pode perder. Penso que um dia ele talvez volte para me vir ver. Talvez daqui a semanas ou até mesmo anos e para lhe mostrar o que sinto por ele ficarei aqui, à sua espera.

Tem sido um pouco melancólico, talvez também tivesse sido minha culpa de eu e Martín estarmos assim. Ainda era cedo para lhe contar o que sentia por Napoléon e provavelmente ele também pensava o mesmo em relação a Sasha. Estamos a passar os dois pelo mesmo, ambos amamos outros mas ao mesmo tempo um ao outro. Cruzes só falta o Napoléon e a Sasha se apaixonarem mas se isso acontecesse eu iria ficar louca da cabeça. Ela tirar-me-ia o meu demónio e o humano ao mesmo tempo, ao menos que escolha um não é?

Eu estou aqui a gritar comigo sem razão.

- Ainda sinto a tua falta - Nem sabia ao certo de quem estava a falar.

Precisava de um abraço de qualquer um dos dois. Talvez estivesse na altura de ir buscar as mesmas coisas e explicar-me a Martín o que sinto. Digo que percebo o seu lado e que mesmo que nos amemos um ao outro precisamos de nos afastar. Só isso, aposto que será fácil.

Tenho dormido na cama de Napoléon, voltei a por as cortinas no sítio e expus a moldura das flores na parede, mudei as minhas coisas para o quarto dele e fiz o meu próprio quarto uma espécie de studio para ocupar o meu tempo. Sei que ele não se iria importar, era um dos maiores quartos mas o melhor de tudo era as vistas. Sobretudo a parte da vegetação, as árvores de manhã confundiam-se nuns tons de verdes constantes, por vezes via a bicharada a passar de um lado para o outro, a viajar.

- Porque é que tiveste de ir? - Perguntava-me a mim mesma- O que fiz eu de mal?

E ele responderia "nasceste" e eu ficaria feliz porque saberia que na verdade era o que ele mais agradece em todo o mundo. Pelo menos foi o que ele explicou na carta e acho que posso acreditar, pelo menos pareceu-me mesmo sincera. Às vezes ainda me imagino a ir para o seu quarto para lhe chatear, a meio do dia quando ele estava a descansar e ele, mesmo estando aborrecido, me dava um pouco atenção. Quando brincávamos à apanhada, adorava porque ele abraçava-me sempre e sorria ao meu ouvido. Quando eu me magoava e ele estava lá para me dizer "eu avisei-te".

Larguei um suspiro e lancei um sorriso.

Espero que ele pense assim da mesma maneira assim como eu penso dele.

Não tinha absolutamente vontade neuma de fazer algo. Apetecia-me deitar e voltar a sentir o cheiro da sua camisa branca mas fiz isso durante uma semana, acho que preciso de uma pausa para respirar sem problemas. Era isto que precisava, de um tempo para pensar sem ninguém me chatear.

Não cheguei a avisar os meus pais e lamento imenso pelo facto de o não o ter feito. Não que eu não quisesse ir ou não, apenas porque todos as pessoas precisam de um tempo para se conhecerem a si próprios. Espero que ele ainda estejam há minha espera, será que Sasha ainda se deu ao trabalho de lhes avisar que eu não estava com vontade de sair de casa? Seria uma excelente ideia traze-los cá a casa para passarem cá um tempo, para ter companhia e porque prometi a Melinda que iria passar um dia com ela.

- É exatamente isso que vou fazer - Disse com convicção.

Hoje estava calor, finalmente o verão estava perto e podia usar roupa não tão apertada. Odiava o facto de as minhas roupas me comprimirem e mal me mexer e o pior mesmo era o facto de as minhas curvas ficarem mais acentuadas e isso não me agrada de maneira nenhuma. Sei que não preciso de mostrar curvas nem de me maquilhar para mostrar que consigo ser atraente.

Laços perdidosOnde histórias criam vida. Descubra agora