Capitulo 8

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Voltei a estar sozinha dois dias depois. Sasha tinha se ido embora porque tinha alguém à sua espera. Imagino o que elá irá fazer com esse "alguém" pois nunca mais voltou. Voltei a trancar-me no quarto despois de ter comido outra carcaça seca sem nada. Comecei a pensar no que terei feito à minha prenda que ia oferecer a Napoléon. Acho que não a perdi, provavelmente ele terá a guardado.

Já se faz de noite e ele ainda não chegou. Hoje cheguei a confirmar quatro vezes dando a volta toda a casa para ver se ele se tinha metido em algum beco da mansão mas não. Ele deixara-me sozinha e sem proteção, graças a deus ainda tenho alguns animais para me fazerem companhia. Os meus cães estavam nos estábulos mas os gatos tinham a mania de se reunirem no sofá da sala.

Levantei-me. Com vontade me animar um pouco, não podia estras mórbida toda a vida isso não faz sentido.

- Vou ao quarto de Napoléon - Sussurrei - Vá Lynn sem medo, não és medricas nenhuma.

Tinha de me encorajar a mim mesma se não, não iria conseguir. Tinha de achar a minha prendar para depois dar a Napoléon, quero que ele saiba o quanto gosto dele.

Vesti a minha camisa branca que dava pelas coxas, pois ainda tinha estado com a minha roupa casual durante o dia todo e já cheirava a suor dos nervos. A camisa era de Napoléon mas ele nunca descobrira que a tinha tirado, ajuda-me a dormir porque sentia-me segura com o seu cheiro, como se ele estivesse sempre ao meu lado para matar algo que me fizesse mal. Usava-a sempre à noite e às vezes quando tinha de lavar, lavava às escondidas e depois punha um pouco no seu perfume na gola da camisa. Desde pequena que faço isso. É um pouco obsessivo mas quando tinha medo tinha de o fazer porque por vezes ele não estava em casa.

Encaminhei-me até ao seu quarto, o gato preto seguia-me sorrateiramente. Abri a porta e estranhei não estar trancada, por vezes tranca porque dentro do seu quarto tem as maiores reliquias do mundo, não para os outro mas para si era do mais precioso que havia. Ele sempre me dissera isso mas nunca soube porquê.

Entrei.

Respirei fundo e o seu bafo ainda pairava no ar. A sua cama estava com os lençóis amarrotados e a coberta estava no chão. O luar refletia-se no seu grande espelho com bordados de ouro e prata, olhei-me para o espelho e vi que continuava com o mesmo corpo de sempre. Com a pele tonificada mas sem peito.

- Pareço uma tábua, jesus.

Olhei em redor e em cima da mesa de madeira onde ele trabalhava, estava o meu embrulho. Maravilha, não foi dificil de achá-lo. Aproximei-me mas quando ia para agarrar no objeto outra coisa chamou-me a atenção. Na mesa havia uma gaveta meio aberta e algo brilhava com o reflexo da luz da lua. Sei que não devia de fazer aquilo mas a curiosidade sempre me alcançou primeiro do que o arrependimento.

Abri-a, tinha um mau presentimento mas tive de a abrir na mesma. Lá dentro havia uma moldura mas não conseguia ver o que estava dentro dela por isso aproximei-me da janela e nela vi, nela vi onde tinha o seu amor. Na moldura havia um retrato muito bem feito de um casal de jovens, um deles sei que era Napoléon mas ao seu lado havia uma rapariga de cabelos ruivos alaranjado liso. Tirei o papel e na parte de trás vi escrito "Minha querida Mary Lynn, o meu amor estará sempre contigo onde quer que estejas".

Congelei.

- Ele ama outra pessoa - Disse para mim mesma.

Caí no chão, não aguentava a minhas pernas trémulas. Chorei de novo mas desta vez rejeitei-as, eu não podia chorar só porque ele ama outra pessoa e eu o queira só para mim, não é justo para ele.

- Ele deu-me o seu nome - Morri por dentro - Eu tenho o nome da mulher que ele ama.

Ele atreveu-se a por o nome da puta em mim? Era por isso que ele sempre me chamou de Lynn e não de Jayden. Porque era o nome dela. Voltei a olhar para o retrato e nela voltei a ver uma felicidade que nunca vi nele, não conseguia o perdoar pelo fato de me ter dado o nome dela. Isso é tão egoísta!

Laços perdidosOnde histórias criam vida. Descubra agora