Capitulo 9

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Acordei ao lado de Martín. Ele ainda dormia profundamente, provavelmente ainda iria ficar mais uns minutos ferrado. Se já não dormia há dias era normal que quisesse ficar por mais tempo. Ele estava com um braço a prender o meu corpo ao seu e eu dormia com a cabeça ao seu peito, cheirava a suor, não deve de tomar banho a algum tempo mas até é agradavél porque nã é intenso.

Estava frio. Olhei para baixo e vi que as nossas cobertas estavam caídas no chão, puxei-as e tapei-nos. Sentia-me aconchegada ao sentir a sua pele contra a minha, eu estava a usar a minha camisa de dormir de seda, não faz sentido dormir com roupa normal. Podia habituar-me a este tipo de mimo, o mimo que Napoléon nunca foi capaz de me dar porque pensa que sou a sua ex mulher.

Porra, porquê que tenho de pensar nessas coisas nas melhores alturas? Talvez porque me magoou profundamente, eu amo-o. Mas deixaria de amá-lo porque ele também não me ama como pensei, tal como ele me ama a mim e a outra pessoa, acontece o mesmo comigo. Eu amo Martín e Napoléon. Quer dizer, acho que amo Martín. Ainda não o posso dizer, mas o que sei é que ele me deixa fora de mim, me deixa louca, envergonhada, feliz.

- Sim, eu acho que estou a começar a ter um certo amor forte por ti - Disse num sussurro com medo que ele estivesse acordado para ouvir.

- Eu já o tenho - Manteve os olhos fechados.

Porra tinha de ter sempre azar. Ele parecia mesmo ferrado.

- Desculpa mas é que acordei quando nos tapaste e agora estava a tentar adormecer de novo. Senti-te a mexer pensei que irias fugir.

- Não meu querido. Nunca - Beijei o seu queixo e ele sorriu - Mas agora tenho de ir por uns minutos.

Aconchegou-se mais a mim e eu a ele, ele não queria que me fosse embora de perto de si. Parecia que tinha de o sentir por completo, que cada milimetro de pele que não sentia era como se algo faltasse naquele momento. Ele estava tão quente e eu estava tão confortável.

- Mas tenho de ir ver o meu cavalo, dar de comer e treinar um pouco. Já há alguns dias que não treino.

- Eu quero ver-te treinar. Quero saber em que tenho de ter cuidado com a minha mulher.

"Mulher".

- Não, tu vais dormir. Falta-nos comida e eu sei que a devoraste toda a meio da noite. Eu senti logo as três vezes que saíste da cama - Disse amavelmente - Daqui duas horas volto aqui para dormir mais um pouco contigo. Ainda é cedo, provavelmente vou voltar cansada e depois fico aqui.

- Está bem, compra coisas doces. Apesar de isso não servir de nada porque a coisa mais doce que tenho está ao meu lado - Olhou-me com os olhos melosos - Mas primeiro não te vás embora sem te despedires de mim.

Soltei um riso.

Beijei-o. Ele faz-me sentir tão preciosa. Pus-me em cima dele e ele logo alcançou as minhas nádegas mas tirou logo as mãos para me abraçar. Ele devia de achar que de noite não senti a sua mãozinha perversa a vagear pelo meu rabo, pensando que eu estava a dormir. Parece que nós os dois fomos apanhados em flagrante. Ele já me estava a prender, não voluntariamente mas sim por vontade dos dois. Estava dificil de o largar de novo.

Ao fim de um longo beijo ofegante consegui deixá-lo sem vontade. Enquanto me vestia ele não tirava os olhos de mim, mesmo depois de eu lhe gritar repetidamente para não olhar sei que ele me espiava pelo canto de olho. Sacana. Fechei as portadas de jeito a que a luz não entrasse no quarto para o não acordar.

Desci as escadas e deparei-me com Kiki à frente da porta com um ramo de uma macieira.

- Parece que não tenho de te dar de comer, seu ladrão.

Laços perdidosOnde histórias criam vida. Descubra agora