Capitulo 18

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- Vê lá como é que falas comigo - Avisei-te com um tom de voz dominador - Não estás a falar com a tua irmã ou outra qualquer.

Mal tinha eu chegado, já se estava ela a chatear-me. Que coisa mesquinha que ela era, nem sei como é que ela tem amigos.

- Pois não. Estou a falar com uma coisa pior.

- Desculpa, mas eu não sou um espelho.

Calou-se e ficou sem palavras.

"Toma sua vaca, agora calei-te"

Entreolhamo-nos com os olhos em fogo. Algo me dizia que a inveja que ela sentia por mim era muita, se ela era rica o que ela queria mais? Nunca desviou o olhar de mim tal como eu também não deixava de a confrontar, não ia ceder à luta, sou uma guerreira e não um soldado sem instrução.

Senti o silêncio à nossa volta, estavam todos calados e a assistir à cena e a Sasha sabia que eu não gostava que ela se metesse nos meus assuntos de guerra. Tanto como a minha mãe, como o meu pai ou os vizinhos de Sasha sentiam como se poderiam queimar se dissessem algo. A minha aura estava no máximo e Amy sabia que era má altura para se meter comigo, além disso tornei-me mais fria desde que perdera Napoléon.

Amy acabou por baixar a cabeça, afinal tinha bom senso ao ponto de não armar confusão na casa de outra pessoa, pelo menos por enquanto. Nunca se sabe o que pode vir de pessoas imprevisíveis como ela. Imprevisível e uma pura ingénua.

Ela Pousou o tabuleiro com as chávenas de chá a deitar vapor, sem nunca tirar os seus olhos de cima de mim, tinham acabado de sair do lume.

- Mana - Melinda agarrou a minha mão e sussurrou-me - Não precisas de ficar chateada porque eu também não gosto dela.

Voltaram todos à conversa e Amy ficou a olhar para mim de lado, conseguia persenti-lo.

Baixei-me à altura de Melinda para também poder falar com ela num tom baixo para que ninguém ouvisse. Podia não gostar da vaca mas também não tinha que provocar nada.

- Porquê?

Melinda olhou em volta.

- Porque quando a mãe não estava aqui, ela disse que o Arthur e o Thomas eram duas crianças nojentas e inúteis que não lhe paravam de chatear.

Não aguentei conter um riso. Como é que ela podia achar uma criança um horror se ela fora uma? Ainda me pergunto como é que ela podia ser tão estúpida se a Morgana parecia uma pessoa tão bondosa e querida, tirando a parte porca de ela ter fornicado em cima do meu belo chocolate. Bem, Morgana tinha-me explicado que ela tinha inveja de tudo e de todos e que se achava mais importante que todos só porque era rica. E ela mostrava demasiado isso, exagerava.

Ela trazia um vestido cor-de-rosa pálido, muito adornado com joias prateadas e pérolas por todo o vertido, com vários folhos e com um espartilho bem apertado fazendo com que os seus seios parecessem duas bolinhas pequenas. O cabelo estava encaracolado e usava uma maquilhagem carregada, mas muito bem desenhada, nos olhos que se acompanhava com um pó demasiado branco e nas maças do rosto um rosa muito claro, e no seu pescoço carregava uma joia de ouro pesada bastante trabalhada.

Se ela achava que aquilo tudo falso me fazia inveja estava muito enganada, não estava disposta a ser como ela e a ter aquele aspeto.

- Melinda, gostavas de ficar um pouco comigo em minha casa?

- Isso pergunta-se?

- Podias não querer.

- Eu adoraria passar tempo contigo, além disso isso pode safar-me por uns dias de ser ama dos pequenos. Eles parecem ser muito calmos mas de calmos não têm nada.

Laços perdidosOnde histórias criam vida. Descubra agora