O dia se passou com Hanako o tempo todo junto a Yashiro para garantir sua segurança enquanto permanece na academia. Apesar dos comentários que surgiu por causa do ocorrido na sala de aula, a garota conseguiu seguir sua rotina normalmente e nem mesmo o seu acompanhante atreveu-se a participar. Tudo parecia como antes e ela nem se lembrava da presença do garoto. Não que seja ruim estar com ele, mas ela realmente parecia uma estudante normal seguindo o curso de sua vida e isso agradou muito o garoto, pois nunca a tinha visto de longe e nem a observado como fez.
— Tem certeza, Nene-chan, que está tudo bem? — perguntou Aoi novamente.
Yashiro sabia que no fundo Aoi está preocupada com ela e, mesmo que seja egoísta da parte dela, ela realmente gosta disso. Aoi provavelmente já a viu várias vezes conversando sozinha e admite que nunca entendeu o que realmente está acontecendo com sua amiga, mas nunca chegou a vê-la tão tensa como estava.
— Sim. Não aconteceu nada demais.
Respondeu Yashiro arrancando uma erva daninha do solo de plantio. A brisa balançou seu cabelo podendo ver seu rosto sereno, o que não passou despercebido nem por Hanako, que se encantou pela cena, e nem por Aoi, que se tranquilizou satisfeita com a resposta. Se ela diz que está tudo bem, então o melhor é acreditar que está tudo bem. Mas mal sabia que o motivo da tranquilidade de sua amiga é pelo fantasma que está a acompanhar.
— E eu também não lembro nada — acrescentou um pouco envergonhada e com um sorriso constrangedor.
Desculpa, Aoi, mas não posso te contar nada. Pensou Yashiro
Não demorou muito para terminarem seus afazeres do clube de jardinagem e, como sempre, Yashiro seguiu para o banheiro feminino do segundo andar. Notando que não há muitos alunos no corredor, ela levantou os braços para se alongar um pouco enquanto ainda não chegou no local destinado.
— Finalmente estou terminando quase tudo.
Um sorriso apareceu no rosto de Hanako. Segui-la foi um pouco chato em certos momentos, mas vê-la tão positiva como normalmente é o tranquilizou, apesar de que gostaria de estar vivo junto com ela participando dessa sua rotina tão chata. Como seria? Eles seriam amigos? Lembrando de como era quando se chamava Yugi Amane, provavelmente nem chegariam a ser amigos. Deveria ser um alívio? Talvez, nem ele mesmo sabe.
— Bem que você podia me liberar hoje sem limpar o banheiro.
A garota jogou uma expressão emburrada para ele, uma tentativa de convencê-lo pela emoção, mas apesar de tudo, Hanako é Hanako e ele não quer não ser recompensado depois de ter passado o dia inteiro sem atrapalha-la.
— Mas eu fiquei o dia todo com você. Mereço pelo menos um banheiro limpo — aproximou-se dela, após se jogou em sua frente e um sorriso malicioso se abriu — Ou tem uma maneira melhor de me recompensar?
— Vou limpar o banheiro mesmo!
Por mais que fosse pega na brincadeira dele, ele gostaria realmente que ela entendesse as jogadas que ele faz para dar em cima dela, mesmo que sejam todas indiretamente. O que seu coração não entende é que Yashiro é lenta demais para perceber seus sentimentos e uma investida bem direta seria muito melhor para que ela entendesse ou tivesse consciência da existência desses sentimentos. No final, nada disso importa muito já que é divertido, para Hanako, tê-la por perto.
— É ruim algumas vezes, tipo, ficar mentindo pra Aoi.
— Besta, você não tem escolha.
Apesar de escutá-lo, Yashiro não se sentiu satisfeita com a resposta. Aoi agora tem consciência dos 7 mistérios escolares e acabaram de presenciar um na fronteira do Número 6. Será que ela se sente culpada por tê-los traído? Mas se não o tivesse feito, não teriam descoberto a Yorishiro do Número 6 e nem mesmo conseguiriam a trazer de volta. Ela bateu em suas bochechas na tentativa de esquecer tudo e parar de se lamentar por besteiras. Tudo ficou certo no final e ainda está sendo assim.
Yashiro apressou seus passos e Hanako a ficou olhando um pouco mais distante do que normalmente fica quando está com ela. Sua mente curiosa gostaria de saber o que está pensando e não pode evitar tentar advinha-los, possui muitos palpites do que poderia ser, só que, o medo de poder ser sobre ele era maior. Não conversou com ela enquanto estava próxima a alguém, mas queria saber realmente o que Tsukasa queria dizer quando lhe contou sobre Yashiro estar apaixonada por ele. Realmente ela possui sentimentos por ele? E para piorar, não foi o único que comentou, esse momento aconteceu antes com a Aoi quando estavam na fronteira do número 6 onde ela fala algo parecido. Seu rosto cora. Só a possibilidade de ter seus sentimentos correspondidos, é o suficiente para deixa-lo relaxado e ansioso ao mesmo tempo. Yashiro sempre o rejeita, mas ele não sabe exatamente o que ela pensa ou se age da mesma maneira com todos os garotos. Ela limpou todo o banheiro praticamente sozinha por Kou estar ocupado demais para vir ajuda-la e voltou pra casa.
No dia seguinte, Yashiro seguiu sua rotina matinal com calma, se preparando para ir a escola. Normalmente ela precisa de um tempo para ficar animada quando acorda cedo, mas dessa vez o dia parecia estar mais lindo do que o normal. O sol do amanhecer, o som dos pássaros cantando, a paz em que a rua está. Tudo é tão bonito quanto nos livros ou mangás e sua mente adora imaginar algo tocando de fundo enquanto aproveita o caminho da escola. Nada pode estragar, nem mesmo um garoto bonito a deixando na mão. Foi o que ela imaginou.
Chegando na academia, abriu seu armário para trocar os sapatos e lá, encontrou uma carta como daquelas em mangás onde possui um adesivo de coração para fechá-la e o envelope rosa. Um sorriso foi aberto em seus lábios e a expectativa só aumentou. Será que esse seria realmente o melhor dia da sua vida como está pressentindo? Comemorou como nunca após confirmar seu nome no envelope, lembrando de não cometer o mesmo erro que da ultima vez quando sua maravilhosa primeira carta de amor era na verdade para Aoi. Respirou fundo conseguindo finalmente controlar a euforia e, finalmente, abriu sua preciosa primeira carta de amor.
Após abrir o envelope a sua preciosa carta foi estourada em suas mãos saindo confetes, não só em sua cara, mas também nos lugares ao seu redor onde eles conseguiram voar. O que aconteceu? Decepcionada, trocou os sapatos e pegou todos os confetes que caíram no chão. Tentou não reclamar ou resmungar, mas não consegue negar o quanto seu coração se feriu pela brincadeira. Quem podia ter feito isso? Eles realmente não sabem o quanto o coração de uma garota louca para amar é frágil nesses assuntos? Realmente, aquilo abaixou muito a sua autoestima. Jogou fora todos os resquícios de esperança no lixo e foi de encontro com o seu amigo fantasma para tirar satisfações e aproveitar para desabafar tudo o que aconteceu.
— Hanako-kun, você viu quem colocou uma carta no meu armário de sapato?
— Não?
O garoto arqueou uma das suas sobrancelhas estranhando o questionamento e, principalmente, a atitude negativa de sua assistente. Normalmente uma carta seria motivo de euforia.
— Fiquei resolvendo umas coisas com os 7 mistérios e o resto do tempo, fiquei jogando Hanafuda com os Mokkes.
Isso foi o suficiente para convencê-la de que não foi ele quem a fez, apesar de ter uma pontada de esperança que ele soubesse de alguma coisa. Um suspiro soltou que combinou com sua expressão amarga e chateada e, com total certeza, não passou despercebido por Hanako.
— Quer que eu te acompanhe hoje?
Yashiro assentiu, mal sabia ela que ele o fez porque está preocupado com ela.
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For you, my brother (Jibaku Shounen Hanako-kun)[Fanfic tendo escrita atualizada]
FanfictionFazia muito tempo desde que Tsukasa soube que Hanako também possuía uma assiste, mas nunca os presenciou interagindo. A primeira vez foi no banheiro feminino da ala do ensino médio enquanto passeava pela Academia Kamome no fim da tarde. Tsukasa estr...