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Quando eu entro em casa, sou seguida de perto por minha prima, que me abraça nos primeiros degraus da escada. Sei que ela está falando comigo, pois escuto sua voz ao meu redor, mas não sou capaz de compreendê-la. Meus soluços preenchem a sala e eu estou sufocando em busca de ar, no meio do meu choro.

- Amber, se acalma - Ela me aperta com força - Por favor, respira.

Eu estou com tanta raiva que meu corpo inteiro treme. Raiva da minha avó por achar que pode mandar em minha vida, raiva por ela falar aquelas coisas ruins e sem sentido sobre o meu namorado e principalmente, raiva de mim por ser tão imprudente.

- Ela vai me mandar embora Jade. Logo agora, porra. Logo agora - Eu tento falar, no meio de uma explosão de soluços - Ele me pediu em namoro.

- ELE O QUÊ? - Minha avó aparece na sala, batendo a porta de madeira com força enquanto caminha até nós - Você perdeu completamente o juízo Amber Eloise.

- Vovó por favor - Eu imploro - Não me manda para casa, eu não posso ir.

- Não pode ir porque? Pra ficar com ele? - Ela ri brevemente - Eu não vou mudar de ideia Amber, você deveria estar fazendo suas malas. Eu te avisei desde o início para não se envolver com ele. É com esse tipo de gente que você se vê no futuro? - Diz enquanto caminha até o meio da sala.

- Pelo amor de Deus - Jade intervém - Seja racional uma vez na vida vovó. Você não percebeu o quanto a Amber mudou nos últimos dias? Ela está feliz! Você não consegue perceber isso? Por que você quer acabar com a felicidade dela?

- Olha bem o jeito que você fala comigo Jade Flores - Ela briga, andando até o telefone fixo - Estou ligando agora mesmo para sua mãe Amber, ela vai comprar a primeira passagem para São Francisco e não se fala mais nisso.

Ela disca os primeiros números enquanto eu apenas fico lá, parada, vendo-a destruir a única coisa boa que aconteceu em minha vida. Eu deveria ter coragem de gritar, lutar, dizer que vou ficar e apenas o que eu quero que importa, mas não consigo. As palavras travam em minha garganta. Eu tenho 16 anos, não tenho para onde ir, e sim, eu tenho certeza que assim que minha mãe ficar sabendo disso, ela vai surtar tanto quando a minha avó. Então, não há muito o que eu possa fazer.

Estou tão em transe que não vejo o momento que a porta se abre novamente, apenas sou despertada pela voz de meu avô, ecoando pela sala.

- Desliga o telefone - Seu tom é firme, parado no início do cômodo, alguns metros de distância dela.

Minha avó parece não ouvir, ou finge que não, então ele caminha até ela, retirando o aparelho de sua mão e devolvendo ao gancho.

- O que você está fazendo? - Ela pergunta, confusa.

- Amber não vai embora - Ele diz calmamente, e eu me surpreendo. Olho para Jade no mesmo momento, querendo saber se ela entendeu o mesmo que eu, ou se meus ouvidos estão me traindo. Ela sorri para mim, apertando minha mão levemente.

- Como assim não vai embora? Olha com quem ela estava passando as noites! Ela mentiu para gente esse tempo todo - A mão de minha avó recai sobre o telefone novamente, na tentativa de pegá-lo, mas ela é cortada mais uma vez.

- Sim, ela mentiu - Ele concorda - Não acho certo e e Amber deveria saber disso, mas você pode culpá-la? Tudo o que você faz é falar coisas ruins sobre esse garoto. O que exatamente ele fez para você? - Eu sorrio sem nem perceber - Porque sinceramente, tudo que eu vi nesses últimos dias, foi minha neta feliz, você percebe isso?

- Você deve estar ficando louco - Minha avó caminha pela sala, mantendo as mãos na cintura.

- Não estou. Amber fica, e eu não estou aberto a negociações - Ele para novamente, de frente para ela, esperando algum tipo de contestação. Minha avó parece hesitar, mas em algum momento ela desiste, sabendo que não vai ganhar essa discussão com meu avô.

Innocent OneOnde histórias criam vida. Descubra agora