Capítulo 2

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Uma voz fez presença no quarto de Antonela, a maneira como o som invadia todo o local e o consumia era assustador.

É hora de despertar.

A garota não percebia nada além de uma sombra, um vulto quase invisível aos olhos, mas que parecia ser uma garota muito semelhante a ela. Uma dor forte fez presença em seu peito, Antonela se sentia em agonia, até uma luz aparecer em sua frente e ela tentar com todas as suas forças alcançá-la.

Seus olhos se abriram e o ambiente pareceu ficar mais leve, embora ela respirasse pesado e aquela dor ainda continuasse. A menina estava deitada na cama cor-de-rosa, o relógio mostrava ser cinco e meia da manhã, a cabeça doía por conta da ressaca, devido à noite passada. Tinha sido um pesadelo, um maldito pesadelo.

A jovem bufou e saiu exasperada da cama ao sentir enjoo, estava usando apenas uma camiseta larga cinza ao ir correndo até o banheiro. Assim que parou em frente ao vaso sanitário, ela vomitou tudo o que era possível, se xingando mentalmente por ter bebido tanto na noite passada. Se levantou do chão com raiva, olhando sua imagem deplorável no espelho, estava sem dúvidas, acabada. Penteou o cabelo rebelde e escovou os dentes para aquele gosto péssimo sair de sua boca. Ao sair do banheiro, viu uma figura em sua cama. Porra, quem pode ser? Pensou, se aproximando lentamente. O homem se mexeu, mas não acordou.

— Parabéns, Antonela, mais um desconhecido na sua cama — ela resmungou, pegando o celular no criado e vendo uma mensagem recente nas notificações.

Lucas Panaca: Bom dia, bebê! Provavelmente você vai acordar umas 14h por conta de alguma festa que foi ontem. Te conheço, praga.

Lucas Panaca: Mas queria te desejar um feliz aniversário, estou com saudades de você. Vem logo para essa porra de cidade, te amo. Tchau!

Um sorriso bobo apareceu no rosto da jovem, mas ela logo o afastou, se sentando na cama e pensando como responderia. Lucas era um de seus melhores e mais antigos amigos, o conhecia desde pequena e continuaram sendo próximos mesmo quando os pais da jovem decidiram se mudar de Monte Sul para Curitiba.

Antonela: Bom dia, panaca! Obrigada haha.

Antonela: Também estou com saudades, mas você que deveria vir me ver, já que é MEU aniversário.

Antonela: Para sua informação, acordei super cedo. Também te amo! Beijos!

Olhando para as paredes rosadas do quarto — que a garota considerava rosa demais —, Antonela concluiu que era melhor assistir alguma série, já que acordar o desconhecido não parecia uma boa opção e o sono tinha desaparecido. Após longos minutos procurando alguma coisa, ela decidiu assistir Eternal Monarch pela oitava vez, o quanto tinha ficado viciada naquele k-drama era assustador, mesmo mais de um ano após o lançamento, ele ainda era uma das coisas que a fazia chorar.

Quando se deu conta, já eram onze horas da manhã e ela estava abraçada ao travesseiro, completamente envolvida com os acontecimentos, se o estranho não tivesse começado a acordar, ela continuaria assistindo até terminar todos os episódios.

— Bom dia! — o rapaz falou, sonolento.

Ele era bonito, com os cabelos castanhos bagunçados, olhos azuis profundos e a boca vermelha de uma forma quase injusta.

— Bom dia! — Ela sorriu, tentando recordar o nome dele.

O rapaz apoiou a cabeça nas mãos e ficou olhando para Antonela, que começou a se sentir desconfortável, odiava coisas assim, eles apenas tinham ficado durante uma noite, não era como se fossem ter algo além daquilo.

Guardiãs • 2021Onde histórias criam vida. Descubra agora