Ano terrestre: 2020
Sofia estava se dirigindo para seu quarto, morta da cabeça aos pés após a discussão que acabara de ter com Frederico. Ele e a menina estavam tendo brigas constantes pelo fato dele sempre a trocar para ficar com, sua amiga e ex-namorada, Vanessa, que terminou com ele para namorar com um modelo de sungas, mas algumas semanas após o término deles voltou a procurar Frederico. Por mais que Sofia achasse ótimo ele ter amigas... Bem, a menina não gostava que Vanessa fosse a amiga em questão.
Suspirando, a jovem continuou a caminhar pelo corredor passando pela porta que dava ao jardim dos fundos, onde havia uma grande piscina, mas um barulho de um grito do outro lado da porta de madeira a fez parar no ato.
Preocupada de que algo pudesse ter acontecido, a jovem abriu a porta e se chocou com a imagem que encontrou.
Sua mãe estava jogada no chão, lágrimas escorriam pelo seu rosto enquanto o homem, que ela se recusava a chamar de pai, estava com uma expressão que ia além de raiva, encarava Viviane, em uma cena que já havia presenciado milhões de vezes, tanto no dia a dia quanto em seus pesadelos.
— Vá para seu quarto, Sofia! — Joaquim de Alcantara falou, sem tirar os olhos da mulher em prantos no chão. As suas mãos em punho e suas mangas erguidas até os cotovelos.
— O que está acontecendo aqui? — a menina perguntou, ignorando Joaquim e indo em direção de sua mãe para ajudá-la a se levantar do chão.
Seu coração parou ao ver que do lado esquerdo de seu rosto estava presente uma marca vermelha, quase roxa, como se alguém a tivesse batido fortemente no rosto.
Sofia se lembrava de como tudo começou. No início Joaquim distratava sua mãe, a rebaixava, usava de meios psicológicos para ela fazer o que ele queria e isso dava certo, mas no momento em que a menina convenceu sua mãe a ir em uma psicóloga, aos poucos a mulher começou a ficar contra as ordens do marido. O que fez o verdadeiro pesadelo começar. Ele a beliscava e batia nela onde os outros não conseguiam ver.
A garota ainda conseguia lembrar dos gritos de terror da mãe e dos seus próprios, conforme ela ameaçava chamar a polícia. Ele a bateu tanto que Sofia não conseguiu andar por uma semana, desde então ela ficava com medo de fazer qualquer coisa. A ideia de que ele poderia fazer coisas piores contra ela ou sua mãe a causava pesadelos.
Ódio gélido percorreu seu corpo quando se virou para o homem, sendo recebida por um olhar colérico do monstro à sua frente.
— Que porra você fez com a minha mãe? — ela perguntou cheia de raiva, escondendo o corpo trêmulo de Viviane atrás de si, ficando ao lado da piscina que refletia o sol se pondo no céu, como se fosse um escudo contra Joaquim.
— Isso não é da sua conta, Sofia Valentina Souza de Alcantara! — ele respondeu dando um passo para frente, em direção das duas mulheres, parando apenas alguns centímetros da filha. Ela odiava quando aquele homem usava seu nome inteiro. — Agora vá para seu quarto e cuide da sua vida.
— Se você acha que, por um segundo eu vou deixar você colocar um dedo na minha mãe, você pode ir tirando seu cavalinho da chuva!
Antes que pudesse fazer qualquer coisa, Joaquim levantou a mão e acertou o rosto de Sofia tão forte que fez a menina cair dentro da piscina.
Ela tentou ir para a superfície, mas não conseguia, não sabia nadar. A cada segundo que ficava sem ar o terror a consumia cada vez mais e antes que percebesse seu mundo ficou escuro e ela sabia que tinha desmaiado.
Logo após aquilo, Sofia acordou em seu quarto com equipamentos médicos à sua volta, o médico disse que o afogamento não tinha gerado nenhum quadro grave, mas que deveria passar alguns dias de observação para ter certeza de que ela não fosse piorar.
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Guardiãs • 2021
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