Capítulo 6

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Sofia não se permitiu ficar cansada, nem mesmo sentir frio quando sentiu as gotas de chuva encharcarem seu vestido.

Estava viajando há seis horas, e rezou silenciosamente para que sua mãe tivesse conseguido esconder sua fuga. Se seu pai descobrisse o que estava acontecendo, digamos que não ia acabar nada bem.

Como se fosse um bom presságio, Sofia logo se viu adentrando em Monte Sul, que se chamava assim por, literalmente, ter um monte no sul da ilha.

Como estava muito tarde e chovendo, a maioria dos lugares estava fechado, as ruas estavam completamente desertas, a chuva deixava grandes poças por todos os lugares, que Sofia tentou de todas as formas desviar. Com desespero, ela se deu conta que não pensou onde poderia passar a noite.

— Merda — sussurrou para si mesma, enquanto entrava cada vez mais na cidade, tentando achar algum hotel ou algo do gênero. Até que, se deparou com uma pensão humilde, com a pintura laranja descascando e um letreiro neon escrito Pensão do Sul.

Caindo de sono e com a roupa toda molhada, ela estacionou a moto na calçada, e adentrou no local. Se por fora ele já era humilde então por dentro era ainda mais. O balcão de madeira velho estava quase caindo aos pedaços, o papel de parede florido já estava todo desbotado e o piso de carpete, que um dia fora branco agora estava todo encardido.

Olhando para o funcionário que estava dormindo no balcão, Sofia tossiu discretamente, mas quando viu que o mesmo não acordava, o cutucou fortemente. O que o fez abrir os olhos e a fitar os olhos castanhos da garota, irritado.

— Nós não hospedamos pedintes — falou já voltando a dormir, quando Sofia disse estressada:

— Que bom que eu não sou pedinte. — A jovem tirou uma quantia de dinheiro da bolsa e colocou no balcão, o que fez o homem, moreno com os olhos cor de caramelo, usando um uniforme velho azul escuro, saltar na cadeira. — Quero um quarto.

O rapaz a olhou abismado, dividindo seu olhar entre a pilha de cédulas e a moça com o vestido molhado, a maquiagem borrada e o cabelo escuro embolado, talvez se perguntando como ela teria conseguido tudo aquilo.

— Eu só preciso de um quarto — a menina pediu, tirando o rapaz daquele transe. — Pegue — Sofia disse indicando o dinheiro em cima do balcão.

— Mas moça...

Ela apenas indicou a quantia de novo, não se importando com o que ele iria falar e nem se aquele dinheiro era mais que o suficiente para não apenas uma noite em um lugar daqueles. Com um suspiro, o homem pegou o conjunto de cédulas e lhe deu uma chave com um chaveiro de número três desbotado escrito nele.

— Tenha uma ótima estadia, moça.

— Obrigada — respondeu, indo para seu quarto.

A última coisa que se lembrou foi de deitar na cama dura demais do quarto e se cobrir com os cobertores ásperos antes de apagar completamente.

A última coisa que se lembrou foi de deitar na cama dura demais do quarto e se cobrir com os cobertores ásperos antes de apagar completamente

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Guardiãs • 2021Onde histórias criam vida. Descubra agora