Sofia estava deitada em sua cama, abraçada a um de seus travesseiros. Ela havia passado a noite em claro chorando, lembrando de todos os momentos no qual passou com o Frederico e se sentindo estúpida.
Os pensamentos sondaram a cabeça da menina a noite inteira, mas quando o sol nasceu, as lágrimas começaram a secar e sua mente a clarear.
Toda a sua tristeza mudou para ódio. Ela queria apenas destruir tudo o que lembrava ele em sua vida, começando por aquela moto, a favorita dele, que Frederico se gabava para os amigos e tratava como se fosse uma filha.
Então a menina se levantou da cama, sem se preocupar com o rosto todo inchado, roupas amassadas, ou o cabelo bagunçado e desceu para o andar de baixo até um armário que ficava ao lado da área de serviço, mas acabou derrubando um balde, que estava em uma prateleira de cima, fazendo um barulho alto.
— PARADO, LADRÃO! — Lucas gritou atrás da menina. No susto, Sofia acabou batendo a cabeça em uma prateleira.
— Mas que merda, Lucas — ela disse se virando, a cabeça começando a doer por conta da batida, e se deparando com o rapaz segurando uma faca sem ponta em sua direção. — Por que você tá apontando essa faca para mim, seu doido?
— Porque eu ouvi um barulho e pensei que era um ladrão — ele disse abaixando o objeto.
Só então ela notou que Lucas estava com a mesma roupa do dia anterior, só que naquele momento seu rosto parecia gravemente abatido, como se também tivesse passado a noite em claro.
— E você ia esfaquear ele com uma faca sem ponta? — ela perguntou apontando para o objeto na mão do garoto.
— Era isso ou uma caneca — ele falou dando de ombros. — Se ele não se assustasse com a minha cara de bravo, então a faca com certeza o assustaria.
— Claro Lucas... Ele iria morrer de medo da sua faca de passar manteiga no pão — Sofia fez graça, enquanto ria da tentativa de cara má do amigo, que o tornava incrivelmente mais fofo. — Você poderia fazer uma demonstração de como fazer seu pão de manhã, certeza que ele iria se tremer todo.
— Não critique meus métodos de sobrevivência — ele disse, apontando o dedo para a menina.
— Acho que você teria mais chances de sobrevivência se tivesse chamado a Antonela.
— Ela ainda está dormindo, se acordasse ela, quem iria morrer esfaqueado seria eu — Lucas respondeu, mas Sofia reparou que no momento em que tocou no nome da menina, o jovem assumiu uma postura desconfortável, como se não quisesse falar sobre a garota.
— Não que seja da minha conta, mas considerando que seus amigos tem chave da sua casa, vocês nunca trancam a porta, toda hora tem gente aqui e esse é um condomínio com uma segurança absurda... Por que raios seria um ladrão? — Sofia questionou.
— Você tem um ponto bem bom — Lucas admitiu. — Acho que não estou muito bem da cabeça mesmo.
— Aconteceu alguma coisa? — A jovem demonstrou preocupação.
— Complicado de explicar, já que envolve meu coração imbecil e situações confusas, mas não se preocupe, vou sobreviver — Lucas disse, em seguida tentando obviamente mudar de assunto. — O que você está procurando?
Só então a menina lembrou o que estava fazendo. Lucas tinha o dom de fazer com que os outros esquecerem os problemas, mesmo que fosse apenas por um segundo.
— Eu preciso de um taco de baseball ou um pé de cabra, o que tiver maior poder de destruição.
Por um minuto o garoto olhou para ela sem reação, como se estivesse digerindo o que a menina tinha acabado de dizer.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Guardiãs • 2021
RomansaEM ANDAMENTO 《Universo Monte-Sulistas - Elementais - Livro 2》 Dois destinos ligados por um passado esquecido. Almas que nasceram no mesmo dia e minuto. Antonela Beatriz Costa de Albuquerque sempre gostou de chamar atenção, era conhecida por dar as m...