Capítulo 7

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— Quem é você? — Antonela perguntou, fitando o rosto da garota atrás do balcão.

O olhar da jovem subiu até ela, caminhando para o espaço onde foi possível ver todo seu corpo. Antonela sentiu seu sangue ferver. A desconhecida usava um moletom azul que ela tinha dado para Lucas no ano anterior e não parecia estar com nada além de uma calcinha como parte de baixo.

— Quem é você? — questionou a estranha.

O olhar daquela garota era desconfiado, o belo par de íris castanhas fitavam Antonela. Os cabelos eram cor de chocolate e os lábios vermelhos, assim como os da Albuquerque. Se Antonela não soubesse com certeza que era filha única, poderia facilmente chutar que eram irmãs, já que aquela estranha se parecia com ela.

— Você está na minha casa — Antonela falou, parecendo prestes a sair bufando.

Pitoco que até então estava parado próximo de sua dona, correu até a desconhecida e a lambeu.

— Pitoco! Seu traidor! — Antonela brigou com o animalzinho.

Vou te chamar de Judas a partir de agora, foi a primeira coisa que se passou em sua cabeça.

— Menina, você está bem? — indagou aquela moça, mostrando estar com um pouco de receio, mas ao ver que Pitoco estava em seus pés, coçou a cabeça dele carinhosamente. — Como você entrou aqui?

— Você é surda, caralho? É a minha... minha casa. — O sangue de Antonela fervia mais à medida que escutava aquela jovem. — Cadê o Lucas? Eu vou matar esse desgraçado! Fica trazendo gente para cá.

— Me desculpa — disse a desconhecida, já pálida. — Eu não sabia que ele morava junto com a namorada, mas eu pensei que ele tivesse te avisado...

— Namorada?! Pirou? Olha minha cara de quem namora aquele panaca. — Antonela suspirou, tentando encontrar a paz interior, mas claramente não tinha conseguido. — Avisado que arrumou uma... uma... Cacete! Você é o que?

Antonela analisou por alguns segundos, talvez aquela fosse uma nova ficante de Lucas. Aquela possibilidade lhe causou um arrepio. Mas se aquela garota ficava com ele e estava pensando que Antonela era a namorada...

— Espera! Você está aqui e pensou que eu fosse a namorada dele, então... Você seria tipo a amante? Porra! Ajudou a me chifrar e ainda pergunta sobre isso?

— O que? — A garota subiu o tom de voz, e pareceu irritada pela primeira vez, o que deixou Antonela surpresa. — Eu aluguei um quarto nessa casa, sua louca! Não sou amante dele coisa nenhuma, e não vou deixar que me chame assim de novo, se não...

— Se não o que?! É abestada? Cadê a merda do Lucas? — Antonela estava perdendo toda e qualquer paciência com aquela jovem e com o melhor amigo.

Não sabia ao certo o motivo de ficar tão estressada, apenas estava muito brava com a desconhecida. O problema nem deveria ser ela, mas mesmo assim, desagradava Antonela.

— Foi você que começou a surtar, do nada, então se eu sou abestada você também é — a garota disse, revirando os olhos. — E eu acho que ele deve estar dormindo.

— Eu vou matar o desgraçado do Choi — Antonela resmungou, tentando manter a calma.

— Que barulheira é essa? Você trouxe alguém para cá, Valentina? — A figura alta descia as escadas, com aquele cabelo castanho-avermelhado bonito descabelado e o rosto marcado pelo travesseiro.

— Ah é Valentina, então? Já odiei sua namoradinha nova, Lucas. — Antonela cruzou os braços e olhou para ele.

— Eu não sou namorada dele, caralho! — A garota que até então tinha se contido, havia dado um soco na bancada, segurando a mão por provavelmente ter doido. — E se você está tão incomodada com a ideia de ele ficar com alguém, talvez deva ficar com ele de uma vez! — Exalando raiva, ela saiu batendo os pés, deixando um Lucas abismado, olhando sua saída dramática.

Guardiãs • 2021Onde histórias criam vida. Descubra agora