Prólogo

181 36 277
                                    

Ano terrestre: 2002

Tudo estava acontecendo tão rapidamente que nem parecia real, em um momento Aredhel e Calen estavam em suas posições, próximas da entrada do Templo e no seguinte, Aredhel se encontrava partindo Destiny em quatro partes, as deixando nas mãos sábias do sacerdote, que as esconderia em locais que julgasse ser seguro.

As duas corriam como se suas vidas dependessem daquilo, e realmente dependiam. Ao longe, elas conseguiram avistar as asas do rei, ainda distante ao ponto de não as alcançar tão rápido, mas próximo para poderem ficar receosas. Calen o castigou de todas as formas em sua mente, ao mesmo tempo em que Aredhel usava o mais chulo dos linguajares para o xingar.

— Precisamos escondê-lo, aquele maldito está chegando perto — Calen falou, alto o bastante para que a outra jovem a escutasse.

— Você sabe o que temos que fazer — Aredhel disse em resposta, apertando o arco em suas mãos.

— Não. — Calen cerrou os punhos, já sentindo as lágrimas prestes a cairem de seus olhos.

— Sim.

— Não seja tresloucada, você sabe que não vai sobreviver. — A jovem bufou, não queria se separar, mesmo que soubesse que era o certo.

— Nossa obrigação é com o universo, nossas vidas foram feitas por ele e devemos cumprir o que nos foi destinado — Aredhel falou, parando de correr e vendo sua irmã parar também.

— Sempre estarei contigo, irmã. — Calen se aproximou, a abraçando.

— Vamos nos reencontrar, algum dia, em algum lugar — Aredhel disse aquilo com sinceridade, enquanto abraçava sua irmã pela última vez. — Agora vá.

Calen assentiu, correndo em direção aos campos montanhosos, sua irmã sabia que ela tinha dado uma última olhada para trás, mas não podia olhar também, pois, tinha ciência que choraria. Ela se posicionou, apontando seu arco na direção da fada maldita e não demorou para que o rapaz, de aparência jovem e bonita parasse em sua frente. Ele tinha cabelos em um tom castanho-claro e olhos azuis, se alguém o julgasse apenas pela aparência, jamais imaginaria o quanto de ruindade tinha por trás daquele belo rosto.

— Me entregue o amuleto, Aredhel, as coisas serão muito mais simples — proferiu a fada, com um olhar psicótico em sua direção.

— Você não é meu rei, não cogite que tem o poder de me dar ordens — a jovem falou, apontando o arco para ele e disparando uma flecha em direção ao coração do rei, mas ele segurou aquela pequena arma e a quebrou no meio, jogando seus restos no chão, com um sorriso maligno no rosto.

Em um piscar de olhos, ele estava na frente dela, com as mãos apertando seu pescoço, fazendo com que o ar não conseguisse entrar nos pulmões da jovem, aquele sorriso ainda maior no rosto do rei. Aredhel sabia que ele estava se divertindo enquanto a sufocava, mas ela não se importava, sentia que tinha feito o que era necessário. Sua irmã já deveria ter conseguido chegar na caverna naquele momento.

— Prefere morrer, guardiã? — Foi possível escutar o deboche ao dizer a última palavra, o que trouxe um sorriso nos lábios dela, sabendo que a cada minuto que o atrasasse, mais distante da vitória ele ficaria.

— Se for para você apodrecer em seu palácio sem nunca conseguir o que tanto almeja, morro com todo o prazer, sabendo que eu o impedi. — Ela cuspiu aquelas palavras e observou a feição do homem à sua frente ficar mais sombria. A garota soube que sua hora estava chegando, mas não deixou a tristeza entrar no seu coração. Esse era seu destino, e se fosse morrer, preferia que fosse para o bem de todos, mesmo que pelas mãos de um monstro.

Guardiãs • 2021Onde histórias criam vida. Descubra agora