Cap 1

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Pov Gizelly

Bianca abriu a porta de casa me dando passagem com as malas. A franga sempre me fazia de burro de carga, segundo ela, queria evitar quebrar as unhas. Ao entrar em casa, coloco as malas no pé da escada.

- Tô morrendo de fome. Vê se tem alguma coisa na geladeira? - digo me virando para a morena que logo foi em direção à cozinha. - Tem nada aqui além de fruta estragada, Gizelly. A gente pede alguma coisa no aplicativo. - ela me respondeu com um tom preguiçoso - Esse negócio demora... - falo com manha já sentindo meu estômago roncando - Pede aí uma pizza pra gente enquanto eu tomo um banho e mando mensagem pras meninas.

Bianca se jogou no sofá fuçando o celular enquanto eu subia as escadas com o meu em mãos. Enviei mensagens no nosso grupo chamando as meninas, Ivy e Mari que estavam no mesmo junto à mim e Bia, para uma resenha em casa marcada para às 18:00. Logo após confirmar a presença delas, segui para o meu banho.Assim que saí do banheiro dei de cara com Bianca no meu quarto olhando pela janela com uma expressão curiosa.

- O que você tá fazendo? - pergunto me aproximando dela ainda enrolada na toalhaParece que teremos vizinhos novos - ela responde apontando para um caminhão de mudanças descarregando caixas na casa ao lado- Só espero que não sejam chatos como os últimos. Perdi a conta de quantas vezes chamaram a polícia pra cá por causa do som. - digo rindo enquanto observo um táxi parando logo em frente o caminhão - Rufem os tambores... - brinco tentando enxergar quem saía do carro.
Mentira... só pode ser zoação.

Uma baixinha de cabelos curtos sai do veículo junto de uma mulher alta e esbelta. As reconheci na mesma hora e senti minha respiração falhar. Não é possível! Depois de tantos anos... Eram Rafaella e Manu: minha melhor amiga do ensino médio e sua irmã caçula. Nunca mais havia tido contato com as duas desde que sumiram do nada após a festa de formatura. Eu e Rafaella éramos inseparáveis no colégio, vivíamos uma na casa da outra. Até aquele dia...

Flash back on

Havíamos acabado de sair da festa na casa de um dos formandos e Rafa sugeriu um after na minha casa, já que minha mãe não estaria presente. Ela, por ser mais alta e sempre aparentar mais velha que de fato era, conseguia facilmente comprar bebidas para a gente sem que pedissem a identidade, e foi isso que fizemos. 

Chegando em casa, vi que minha irmã também não estava. Provavelmente teria saído com os amigos dela para alguma balada; Bianca quase sempre saía pra curtir as sextas-feiras a noite.

- Vai subindo que eu vou pegar uns copos - disse pra loira enquanto me dirigia à cozinhaPega uns salgadinhos também - Rafaella dizia já um pouco alterada devido aos goles que demos durante o caminho até em casa.

Ela era muito fraca pra bebida e isso rendia várias risadas minhas quando bebíamos; bastavam dois copos pra loira estar trocando os pés e tropeçando nas palavras.

[...]

Estávamos sentadas no tapete do meu quarto. A garrafa de vodka já estava chegando ao fim quando tive a ideia de jogarmos eu nunca com os últimos copos.

- Eu nunca tomei banho de piscina pelada - eu disse a vendo tomar um copo - Rafaella?! - fingi surpresa- O que foi? Até parece que você nunca me viu banhando na piscina do sítio do meu pai de madrugada. Nas últimas férias eu te vi me observando da janela - me respondeu rindo enquanto eu corava de vergonha- Ai, Rafa... - Eu nunca beijei uma garota - ela disse me interrompendo - É... Nunca.Nenhuma das duas bebeu e ficamos alguns segundos em silêncio. - Eu nunca quis beijar uma amiga minha. - Rafaella soltou de uma vez quebrando-o e bebendo do copo em sua mão.
Caramba, como essa garota consegue me deixar sem graça.

Bebo do meu copo e a olho pensando em quais palavras dizer em seguida. Rafaella era uma menina linda, eu era louca por ela, mas éramos amigas, muuuito amigas. Nunca tive coragem de dizer nada nem fazer nada por medo de perdê-la, mas sempre que a loira bebia, falava ou fazia algo que me deixava sem graça. Ela sabia de meus sentimentos: uma vez a vi folheando meu diário enquanto eu tomava banho, mas ela nunca tocou no assunto e eu nunca a fiz saber que tinha visto ela mexendo no pequeno caderno.

- Eu nunca me apaixonei pela minha melhor amiga. - decidi soltar de uma vez virando o restante do conteúdo em meu copo enquanto sentia o mesmo descendo queimando por minha gargantaRafaella me lançou um sorriso enquanto se inclinava em minha direção. Senti que meu coração iria sair pela boca. Ela passou a mão por meu rosto puxando-o para si enquanto olhava pra minha boca. Fechei meus olhos quando senti seus lábios macios tocando os meus. Ela se aproximou mais pedindo passagem com a língua. Cedi enquanto sentia sua mão deslizando por meu pescoço, passando por meu busto, por minha cintura e repousando em minha coxa.

[...]

Me desperto no susto ouvindo Bianca gritando enquanto abre a porta do meu quarto. - Levanta, criatura. Já é meio dia. Mãe pediu pra te chamar pro almoço.- Sai, inferno! - reclamo jogando um dos travesseiros nela- Tomou todas ontem, né? Ainda bem que foi eu quem subiu. - ela disse rindo enquanto apanhava a garrafa vazia no chão do quarto me fazendo recordar da noite passada.Olho ao redor e não encontro Rafaella na cama e nem em nenhum outro canto do cômodo. - Você viu a Rafa? - pergunto curiosa- Vi ela saindo de fininho bem cedo. Tava exalando álcool igual você. - me respondeu enquanto eu me sentava na cama - Toma um banho antes de descer. Se a mãe te ver assim, vai dar merda.

Pego meu celular e envio um SMS para Rafaella antes de entrar no banheiro. "Rafa, espero q tenha chegado bem em casa. Me avisa se for querer ir com a gente amanhã"

[...]

Na manhã seguinte abri o celular na esperança de ver alguma mensagem de Rafa, mas não havia nada, então decidi ligar para ela. - Alô. - ouço a voz do outro lado- Rafa? - Não, é a Manu. Oi, Gi. - disse a irmã mais nova de Rafaella- Manu, cadê a Rafa? Ela não me responde as mensagens. Achei que fosse com a gente pra praia. - Ela... tá passando mal. Acho que foi... alguma coisa que comeu. Não vai poder ir. Tá descansando, mas desejou uma boa viagem. - me respondeu pausadamente desligando em seguidaDroga.

[...]

Os 15 dias da viagem se passaram e nada de Rafaella responder minhas mensagens. Eu ligava, tanto no celular, quanto no fixo da casa dela; no celular ia pra caixa postal e o fixo chamava eternamente. Eu já estava enlouquecendo sem saber o que havia acontecido. Ela estava me ignorando, mas por quê? Será que ela odiou tanto assim aquela noite que sequer podia me responder um SMS? Inferno!

Assim que voltamos pra casa, avisei minha mãe que iria visitar Rafaella e assim o fiz. Chegando lá, me deparo com uma casa vazia e uma placa de "vende-se". Meu coração gelou, senti minhas vistas embaçando por conta das lágrimas que se formavam. Não acredito que ela fez isso comigo. Não acredito que sequer se deu ao trabalho de me avisar. Por quê?!

Flash back off

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