Cap Final - Anel Do Humor

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Pov Gizelly

Oito meses haviam se passado. O nosso aniversário de namoro tinha chegado. Não me cabia tanto nervosismo e ansiedade pra tudo que eu estava a mais de mês planejando para hoje. 

O relógio marcava 19:00. Eu andava para um lado e para o outro de meu quarto me arrumando quando escuto Bianca me gritando que Rafa já estava me esperando na sala. Havíamos combinado de sair para jantar esta noite. Reservei uma mesa privativa em um restaurante italiano localizado no Jardim Europa, cujo nome eu sequer me atrevia pronunciar.

- Amor, sobe aqui. - gritei da porta do quarto já ouvindo os saltos da mais alta subindo as escadas

- Oi, minha linda. - ela diz ao entrar no cômodo me fazendo dar uma pausa no que estava fazendo para admirá-la 

- Meu Deus… Que mulher! - soltei a fitando dos pés à cabeça. Ela estava maravilhosa trajando um vestido vermelho de cetim que caía perfeitamente em suas curvas, usava um colar prata de corrente fina que destacava em seu decote bronzeado. Essa mulher era um pecado ambulante. 

- Eu que o diga. - ela me olhava com aquele sorriso perfeito no rosto - Minha Titchela de vestido negro… Com esse decote, não sei se vou dar conta de me segurar até o final da noite. - se aproximou de mim depositando um beijo terno em meus lábios 

- Antes da gente ir… - disse me separando do beijo - Preciso que me ajude a encontrar uma coisa. É uma caixinha preta, fina deste tamanho. - falava gesticulando com as mãos em uma distância de 10cm entre elas - Tá em uma dessas caixas… - me virei mostrando o closet 

Rafa logo me ajudou a procurar entre uma dezena de caixas de sapatos onde eu guardava algumas coisas. 

Alguns minutos se passaram e ela estava sentada em minha cama olhando o conteúdo de algumas delas. 

- Olha… se me perguntarem sobre o amor, só posso dizer que amadureci muito nesse último ano, conheci pessoas maravilhosas, me apaixonei e me arrependi de um dia ter gostado de alguém, mas amar? Não, não amei. - ela lia uma das páginas em uma caderneta antiga

- Não, não, não… Para de ler minhas coisas. É pra procurar a caixinha! - disse me virando para ela e pegando a caderneta - Deixa a Gizelly de… - olhei a data no topo da página - 2013 em paz. 

- Oh amorzinho… Deixa eu ler. - me dizia fazendo bico

- Ai, tá! - a devolvi - Mas se a gente se atrasar, a culpa é sua que fica dando uma de xereta nos diários alheios. 

- Aquela vez foi sem querer. Achei que fossem só anotações… Mas aí eu vi meu nome. - ela pigarreou - Ai, por que a Rafa tem que ficar trocando de roupa na minha frente? Será que ela gosta de me provocar com aquele corpo escultural… - continuou com uma voz irritantemente infantilizada - ela me deixa loooouca… Acho que eu estou apaixonada! 

- Nossa, Rafaella! Não tinha nada assim, sua idiota! - joguei em si um ursinho de pelúcia que apanhei do closet enquanto ela ria antes de voltar a ler o conteúdo da caderneta

- Ok… Onde eu parei? Ah! "mas amar? Não, não amei. Certamente, amei todas minhas amigas e amigos e esforcei-me para ajudá-los sempre, amei cada momento com as pessoas indo e vindo e com o tempo passando, com os sonhos sendo moldados nas praças, nos parques, nas festas, nos estacionamentos do shopping... Isso era casa, passava mais horas ali do que em qualquer lugar, minha casa era minha turminha e muitas vezes eu preferia nem voltar pra essa casa aqui. Fiz casa o coração dos meus amigos, aqueles sorrisos diários que me davam forças para continuar, fiz casa nossos momentos de conversas, risadas, falávamos sobre a vida, o passado, o presente e o futuro, falávamos sobre política, vida social, financeira, amorosa e familiar... mas aquele amor de sonhar junto, construir a vida, conhecer intimamente seus medos, histórias e sonhos, desejar a felicidade e ser a felicidade do outro, não, não o vivi. Não sei se vocês buscam essas coisas, não sei onde é a casa de vocês mas essa vida de amores que se vão tão rápido quanto vieram, que se acendem em fogo e se acabam em fumaça e cheiro ruim que atrapalha a respirar, essa vida de verdades incompletas de pessoas perdidas em si mesmas, essa vida de busca pelo prazer, sendo que a vida não é só o prazer e tem mais sacrifício do que prazeres, essa vida  não é pra mim. Quero uma vida verdadeira, recheada de conflitos que me façam crescer, de lugares que me alegram, mas principalmente, de pessoas, de pessoas maravilhosas, pessoas reais, pessoas que façam tudo valer a pena, e talvez no meio delas brilhe aos meus olhos alguém especial, e nesse caso quero amar uma pessoa real, que saiba quem é, o que quer, e que, verdadeiramente, encontre em meu coração casa e eu possa morar no dela, e derramar o meu coração na casa dela. Nesse caso, na vida, terei achado casa e casas e viverei uma vida cheia de significado. Seja casa, permita que morem pessoas especiais e mantenha as melhores histórias, mesmo que o tempo lhe mostre as partes dolorosas e difíceis de viver. Fique na casa…" - ela terminou me olhando - Menos quatro pontos por cada vez que você repetiu a palavra casa, Gizelly… O que aconteceu com a Titchela de 17 anos? 

- Primeiro que ela não estava escrevendo uma redação, bocó… E quanto a Titchela de 17, ela voltou pra casa bêbada, foi pega pela mãe e passou os últimos 20 dias de férias em prisão domiciliar… - disse respondendo-a, o que a fez gargalhar - Achei! - peguei a caixinha que estava dentro de um baú no fundo do closet 

Ao abri-la, sorri vendo que o que eu estava procurando ainda se encontrava lá dentro. 

- Olha… - coloquei o anel nas mãos de Rafa 

- Meu Deus, Gizelly… Você guardou isso esse tempo todo? 

Flash back 

Era um domingo de tarde, eu e Rafa estávamos deitadas no gramado de minha casa conversando sobre banalidades adolescentes enquanto ela mexia no pequeno anel-do-humor em seu dedo. 

- Onde arrumou isso? - perguntei

- Ontem o Zé levou Manu e eu ao circo, aí a cigana de lá me deu. Falou que ele vai trazer a pessoa com quem eu vou me casar… - ela riu - Mas é bonitinho. 

- É lindo. 

- Toma. - retirou-o de seu anelar me entregando - Fica com ele. Eu não vou casar tão cedo. 

- Ué, não era você que ficava olhando os vestidos de noiva das revistas? 

- Sim, mas… Sei lá. E se ele me trouxer alguém que eu não quero? - brincou - Se eu fosse escolher agora com quem me casar, seria com você. - sorriu me deixando sem graça 

- Eu li uma vez que o segredo para um casamento feliz é se casar com seu melhor amigo… - rimos

- Vamos fazer o seguinte: Escolhe um número! 

- Nove… - respondi curiosa

- Então daqui a nove anos… 2021, né? - concordei com a cabeça - Então se nenhuma das duas estiver casada em 2021 e você quiser casar comigo, você me devolve o anel. Fechado? - ela me estendeu o dedo mindinho

- Fechado! - disse rindo entrelaçando nossos dedos selando a promessa

Flash back off 

- Guardei… - respondi sentindo uma onda de nervosismo em meu corpo - Não se quebra uma promessa de mindinho. Agora eu estou te devolvendo ele. 

- É o quê? - ela solta após se lembrar do trato que fizemos anos atrás - Gi, isso… - sua voz falhava e eu via seus olhos se enchendo de lágrimas 

- Bom… Eu queria fazer isso no restaurante, mas você me prometeu ser mais discreta com nossa vida privada… - ri me lembrando de todas as broncas que levei por soltar demais minha língua nas redes sociais e acabar parando nas páginas de fofoca - Então decidi fazer aqui. Só nós duas. - peguei o pequeno anel em sua mão e me ajoelhei diante de si - Rafaella… Rafa. Minha Deusa… Minha loba, minha feiticeira… - ri fraco tentando brincar na tentativa de disfarçar meu extremo nervosismo - Você quer casar comigo? 

TO BE CONTINUED… 

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É isso... Agradeço a todes que leram até aqui essa história doida que foi um escape pra mim nessa quarentena. Pretendo sim fazer uma continuação, só não sei bem quando kkkkkkk
No momento eu tô trabalhando em outra fic que já está quase toda pronta, então não devo demorar muito pra começar a postar.

Meu Twitter é @pureoxytocin e assim que sair a minha próxima fic, estarei informando lá.

No demais, bom final de ano pra vocês! 😘

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