Cap 25 - Oi, Filha

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Pov Gizelly - dias depois

O fim de nossas férias havia chegado. Pegamos estrada sem muito tráfego. Letícia já tinha ido antes com a Manu. Bia e Sama foram juntas no carro da Mari e acabaram ficando para trás por terem parado no caminho para abastecer, então eu e Rafa chegamos na frente.

Parei diante da casa de minha namorada para ajudá-la com suas malas. Ela caminhou na minha frente com uma bagagem de mão, enquanto fui atrás puxando a grande de rodinhas.

Ao entrarmos na residência, ouvimos vozes vindo da cozinha. Rafaella, já foi na direção para ver quem mais estava lá com Manu.

- O que ela tá fazendo aqui?! - questionou Rafa à Manu

- Oi, filha. - disse a senhora sentada à mesa

- Rafa, a mã... - Manu tentou iniciar, mas foi interrompida pela irmã

- Ah, eu não tenho disposição pra isso agora não... Vamos pra sua casa. - Rafaella disse impaciente se virando para mim e indo em direção à porta

- Eu vou falar com ela. - eu disse à Manu antes de sair

[...]

- Ela não tinha o direito de trazê-la aqui... - Rafa dizia colocando sua mala sobre minha cama após ter ficado em silêncio desde que saímos de sua casa - Manoela não pensa?

- Amor... - eu tentava falar, mas ela continuava em seu monólogo consigo mesma que eu não conseguia entender nem metade - Rafaella! - disse a virando para mim, chamando sua atenção

Seus olhos estavam vermelhos e marejados. Eu não entendia essa sua reação. Pelo que sabia, o problema era seu pai e não sua mãe, então por que ela estava assim?

A abracei e ficamos assim por um tempo, até eu me separar da maior e puxá-la para se sentar na cama comigo.

- Por que você tá assim? É a sua mãe... - iniciei

- Ai, Gi... sua mãe sempre apoiou vocês, sempre foi amiga de vocês, deixou essa casa pra vocês... Você não entende.

- Então me faz entender. - pedi segurando em suas mãos

- Você sabe como meu pai é. Já te falei tudo que passamos em casa... E ela nunca falou um "a", nunca interviu. Ela via e ouvia tudo, mas nunca fez nada. Um dia eu tentei conversar com ela e só ouvi um "respeite o seu pai". Pouco depois que eu me separei, Manu e eu estávamos morando numa kitnet minúscula, fazendo das tripas coração pra pagar as contas, e ela disse que iria deixar ele. Eu e Manu tiramos tiramos dinheiro do cu pra ela pagar advogado, mas ao invés de fazer o que tinha dito que faria, ela usou o dinheiro pra pagar as dívidas dele com agiota.

- Mas, Rafaella, você também tem que entender que ela foi mais uma vítima dele. Não é fácil, pra quem tá em relacionamento abusivo, reconhecer e sair disso. Demorou, mas ela finalmente conseguiu sair disso. E você, como filha, deveria ao menos ouvi-la.

- Você tá defendendo ela? - questionou soltando minhas mãos

- Não tô defendendo. Só acho que você deveria conversar com ela, entender o lado dela...

- Aah, não dá com você. - se levantou

- Amor... - eu dizia enquanto ela caminhava em direção à porta puxando a mala maior - Rafa...

- Vou dormir no quarto da Bia. - saiu batendo a porta por trás de si

[...]

No dia seguinte desci para a cozinha encontrando Bia e Sama à bancada e Rafa ao fogão.

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