Cap 24 - Boiolas

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Pov Gizelly

Ao despertar, vejo Rafaella me encarando escorada na cabeceira da cama com os braços cruzados e um semblante sério.

- Bom dia, meu am...- sou interrompida por vários tapas nervosos em meu braço - Ai! O que eu fiz?!

- Você não tinha o direito! - ela exclamava ao se levantar

- Direito de quê, mulher?

- De ficar se engraçando pra cima dessas... Quengas! - ela gesticulava furiosa

Me sentei na cama observando a mais alta enquanto procurava em minha memória alguma coisa que justificasse a atitude da mesma.

- Sonhou comigo fazendo merda? - questionei

- Sim, Gizelly! - respondeu antes de sair do quarto com passos pesados batendo a porta por trás de si, o que me fez rir enquanto esfregava meu braço na intenção de aliviar a ardência dos tapas

Fui até o banheiro e, após fazer minha higiene e trocar de roupa, me direcionei à cozinha encontrando Rafa preparando ovos e Sama o café, enquanto as demais conversavam à bancada.

Me aproximei de minha namorada, sendo advertida pelo olhar da mesma.

- Não encosta em mim. - ela disse

- O que a Gizelly fez agora? - Bia perguntou nos olhando

- Ela me traiu! - soltou séria atraindo os olhares incrédulos das presentes que logo se viraram para mim

- Para, Rafaella! - disse ao perceber que Manu, assim como Bianca já estavam se preparando para ir em minha direção com cara de poucos amigos - Conta direito! Ela sonhou! Foi um sonho, eu não fiz nada! - finalizei, recebendo risadas como resposta

Tomei meu café e, ao ver que o humor de Rafaella ainda não havia melhorado, peguei a chave de meu carro que estava pendurada ao lado da porta.

- Vou na cidade. - informei - Manu, me acompanha? - perguntei à pequena que acenou positivamente antes de ir em minha direção

[...]

Fomos em silêncio durante o caminho. Quando chegamos à cidade, Manu aproveitou que havia sinal de rede para fazer algumas ligações. Ficou me esperando no carro enquanto eu fui até um mercadinho que o caseiro tinha me dito encontrar de tudo.

Ao retornar para o carro, noto Manu com um semblante preocupado.

- Oh, baixinha... - chamo sua atenção enquanto coloco as sacolas no banco traseiro - Vem. Tem uma sorveteria alí na frente.

Ela, sem dizer nada, sai do carro e caminha comigo até o local.

Me sento em uma mesa no exterior do estabelecimento, aceno para que a baixinha se sente à minha frente e logo um garoto por volta dos 17 vem nos atender. Peço um açaí pequeno puro e Manu pede apenas um suco de laranja.

- Tá, pode perguntar. - ela diz me olhando assim que os pedidos chegam - Eu sei que você não me chamou só pra te fazer companhia...

- Então me conta o que tá acontecendo. - solto

- Minha mãe... - dá um gole em seu suco antes de continuar - Ela me pediu ajuda pra sair de casa. Por isso precisei ir até lá. Letícia deu entrada com os papéis do divórcio e eu tô tentando achar um lugar pra trazer ela para São Paulo.

- E por que está ocultando tudo isso da sua irmã? É a mãe dela também. Não acha que ela tem o direito de saber? - pergunto tentando entender

- É complicado, Gi... A Rafa cortou os laços com ela a muito tempo. Ela guarda muito rancor ainda. E eu queria ter certeza que seria de verdade dessa vez antes de contar pra ela.

- Como assim?

- Nossa mãe já disse que iria se separar antes. Criávamos esperança, e então ela voltava atrás... é complicado.

- Hm. Mas uma hora ou outra, você vai ter que falar com ela. Sabe disso, né?

- Sei... E pretendo fazer isso assim que vocês voltarem. Eu só não posso dar as costas pra minha mãe agora. Você não tem noção do estado que ela estava quando eu cheguei lá...

- Ele bateu nela? - questiono sentindo um nó na garganta temendo o que possa ter acontecido com a mulher

- Ele a empurrou forte durante a última discussão dos dois. Ela acabou caindo e machucando o punho. Ele é um bosta, mas nunca chegou a ser físico com ela. Mas isso é o de menos... - Manu respirava fundo tentando controlar as lágrimas que se formavam em seus olhos - Quando cheguei em Goiânia, ela me me ligou assim que ele saiu de casa, foi o que combinamos. Então eu fui buscá-la. Ela tá tão magra, Gi, tão apática... Parecia morta em vida.

- Meu Deus, Manu... E onde ela tá agora?

- A deixei na casa de uma amiga minha, mas ela não pode ficar por muito tempo lá. Por isso preciso voltar amanhã. Comprei passagem e vou olhar alguns apartamentos pra ela.

- E do que precisa? - ela me olha em dúvida - Eu te ajudo.

- Você já me ajudou muito com a Letícia, Gi. Eu vou dar um jeito. - ela vira o restante do líquido em seu copo - Agora vamos que as meninas devem estar achando que nós perdemos.

- Tá bom. - entrego a chave do carro para a menor - Vai indo que eu pago aqui. Vou pegar um pote sorvete pra levar.

Pov Rafaella

As meninas resolveram se banhar na lagoa, mas eu não estava muito animada pra isso, então fiquei na cozinha adiantando o almoço.

Ora ou outra alguém entrava na cozinha para pegar algo ou me oferecer ajuda, essa que eu sempre dispensava por preferir cozinhar sozinha. Acabei por não perceber quando Manu e Gizelly chegaram.

- Oi, bebê. - disse Gi depositando um beijo em meu rosto, me fazendo levar um pequeno susto - Trouxe pra você.

Ela coloca duas sacolas sobre a bancada, retirando duas caixas de Ferrero Rocher, um pote de sorvete, um segundo pote de açaí de um litro e várias porcarias como jujubas, MM's, cobertura para o sorvete e um saco de leite em pó para o açaí. Coloco a espátula que antes estava usando para misturar a panela e me viro para a mais baixa.

- Eu não mereço você... - digo sorrindo antes de puxá-la pela cintura para um beijo

- Não mesmo, mas eu te amo mesmo assim. - disse sorrindo entre o beijo - Ah! Eu aproveitei e comprei um chip de uma operadora que pega sinal aqui. - ela tira o pequeno pacote do bolso e me entrega - Só pra você acalmar o pessoal do Twitter, porque já criaram cada teoria sobre seu sumiço... - riu

- Amanhã eu faço isso.

- E o que a senhorita tá fazendo de gostoso pra gente? - diz se separando de mim e espiando a panela no fogão

- Tô tentando aquela receita de frango sua. Só não sei se vai ficar tão bom.

- Tudo o que você faz, fica perfeito, meu amor. - ela sorri e me dá um selinho segurando em meu queixo - Tá olhando o quê, menina? - pergunta com humor para minha irmã que estava atrás de mim nos observando

- Vocês são fofas... - Manu solta - Duas boiolas. - ela termina nos fazendo rir

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