Cap 2 - A Nova Vizinha

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Pov Gizelly

- É… A Rafaella, não é? - diz Bianca me cutucando no braço - A sua amiga da escola que ficou famosa. Ela tá gata! 

Dei de ombros sentindo um nó na garganta. 

- É ela. Agora licença que preciso me vestir. - disse a puxando pra fora do meu quarto. 

O que diabos ela está fazendo aqui? Se mudar logo pra casa do lado da minha?! 

Começo a me vestir evitando a janela. Não podia pensar naquilo agora. 

Logo que termino, sou desconectada de meus pensamentos pela voz de Bianca vindo de fora. 

- Rafaella! Quanto tempo… - corro de volta à janela para saber o que estava acontecendo e vejo minha irmã cumprimentando a mais alta - Lembra de mim? Bianca. Você tava sempre lá em casa com minha irmã. 

Pov Rafaella 

Fico parada diante de Bianca que sorria para mim e apenas sinto um frio no estômago. 

- Oi! Claro que lembro. Como você tá? - digo sorrindo de volta tentando disfarçar o nervosismo 

- Finalmente vizinhas com menos de 50! - Bianca brinca intercalando o olhar entre mim e Manoela - Desculpa, eu esqueci o seu nome. - a morena diz estendendo a mão para a mais baixa

- É Manoela, mas prefiro que me chamem de Manu.

Ficamos alguns minutos conversando até que Bianca nos faz o convite de ir à uma "reuniãozinha" em sua casa no início da noite. Antes que eu pudesse responder, Manu já se antecipa. 

- Claro! Até lá a gente já organizou as coisas, não é? - ela se vira pra mim sem sequer esperar minha resposta - Vou levar um vinho! 

- Ótimo! Vejo vocês às 18h.-
- Até. - a baixinha responde acenando enquanto a morena retorna pra dentro de casa

Virei para Manoela com os olhos cerrados. 
- Manoela! Por que aceitou? 
- Ai, sis… Olha quantos anos já se passaram. Não dá pra você continuar fugindo. Aliás, foi você quem escolheu essa casa e eu sei o motivo. - disse a pequena com tom de deboche antes de seguir para dentro da nossa nova casa dando ordens aos rapazes do carreto. 

Eu amo a minha irmã, mas às vezes esse ar de sabichona me irrita tanto!

Pov Gizelly

Desço as escadas esperando com os braços cruzados Bianca entrar pela porta.

- O que você foi falar com elas? - digo tentando ao máximo não transparecer minha irritação
- Ué, fui me "reapresentar" pras vizinhas - me responde fazendo aspas com os dedos - conversamos um pouco e, de passo, aproveitei pra chamar as duas pra festa de mais tarde.
- Você o quê?!
- Gizelly, qual o problema? Não é como se estivesse chamando desconhecidos. - Você e a Rafa costumavam ser amigas.
- Rafa? Já tá íntima assim?
- Ainda não, mas quem sabe... - ela disse com um sorriso no rosto piscando para mim.

Não é possível que agora a Bianca vai querer a Rafaella também…

- E o que conversaram? Sabe por que elas se mudaram de volta pro bairro? - perguntei desviando o assunto
- Falei um pouco sobre o nosso trabalho com a Rafaella, já que somos mais ou menos do mesmo meio, e a baixinha… - pausou por alguns segundos estalando os dedos tentando se recordar do nome - Manoela! Ela me disse que decidiram voltar por conta dos trabalhos delas. Ela tá iniciando na música e a irmã, com a carreira de modelo… Bom, aqui em São Paulo tem mais oportunidades pras duas, né?
- Hm… É.
Queria saber mais coisas, mas me limitei só a isso.

Peguei meu celular e decidi chamar mais gente para a resenha.
Olhando em meus contatos resolvi mandar mensagem para Letícia. Ela era minha melhor amiga, minha confidente e a única que sabia da Rafaella.
Assim que a contei sobre a nova vizinha, a loira me disse já ir tomar banho e vir direto para minha casa.

[...]

Letícia havia chegado e estávamos sentadas em minha cama conversando. Contei sobre o que aconteceu e sobre a conversa que tive com Bianca. Ela também se irritou com o convite feito por minha irmã, mas entendia que não era culpa da mesma. Afinal de contas, Bianca não sabia de nada do que aconteceu comigo e Rafaella. Pra ela, éramos amigas até que Rafaella se formou e mudou de cidade.

Letícia era da minha turma na escola, ela viu quando eu arrumava namoradinho apenas para me encaixar enquanto só sabia falar sobre a garota popular do terceiro ano que um dia resolveu me ajudar na biblioteca e acabou fazendo amizade comigo, nos viu virando amigas inseparáveis, viu eu me apaixonar por essa garota, me viu chorando baixinho no banheiro do colégio enquanto me descobria e temia preconceito e rejeição da minha família, estava presente na festa de formatura que a turma da Rafaella organizou e só fomos convidadas por causa da loira. Letícia foi a mão que eu segurei feliz ao contar o que havia acontecido naquela noite após Rafaella ir para a minha casa e foi o colo onde chorei quando voltei da praia e descobri que ela tinha ido embora. Era quem me mandava bilhetes com piadas idiotas de pintinhos só para me animar quando me via cabisbaixa na sala de aula durante o ano seguinte. Foi sempre minha parceira, minha confidente, e estava sempre ao meu lado quando eu precisava. Ela me conhecia melhor que eu mesma.

Estávamos conversando sobre o último casinho desastroso da Letícia quando minha irmã bateu na porta nos apressando para terminarmos de nos arrumar.

- As madames ainda não estão prontas? Falta meia hora. Bárbara, Natalie e as bebidas já chegaram e as meninas do grupo estão à caminho. Eu preciso de ajuda lá embaixo! - disse a morena irritada
- Calma, já foi… Só vou terminar de secar meu cabelo e já desço. - falei com o secador na mão

[...]

Ao finalizar, fui em direção à porta, parando ao senti Letícia segurando levemente meu braço.
- Ei.
- Fala. - disse a olhando
- Era uma vez um pintinho que tinha a bunda cabeluda…
- Lá vem…
- Um dia ele soltou um pum e morreu chicoteado. - ela terminou apertando os lábios segurando o riso
- Você é muito retardada. - ri da piada tosca da loirinha - Vamos.

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