Texto - Intercâmbio

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Olááá, como vão? Hoje trago os vencedores deste texto temático sobre intercâmbio! 💖✈️

Tortas 🥧 - 🏅@llDuque 🏆

Exílio

“Minha terra tem palmeiras onde canta o sabiá”

De um apartamento no mais alto prédio residencial de  Washigton, murmurava uma lusofalante um poema que ninguém naquela terra entendia.

“As aves, que aqui gorguejam, não gorguejam como lá”

Suas pupilas azuis, cercadas pelo globos avermelhados, perdiam-se no céu cinza.

“Nosso céu tem mais estrelas”
A luz de mil prédios corriam pela sua vista, pequenos globos de luz em massa por toda a cidade.

“Nossas várzes tem mais flores”
Sobre o concreto andavam humanos como se fossem formigas, sem serem aliviados por sombra de árvore alguma.

“Nossos bosques têm mais vida”
Havia algumas árvores perto de sua residência, mas estes foram bloqueadas pela floresta cinza de edifícios. Uma troca não muito agradável pra ela.

“Nossa vida, mais amores”
Com esse verso sempre vinha o arrependimento. A memória da solidão sempre voltava quando esse verso escapava de sua boca. O impulso de participar de um intercâmbio, mesmo sem falar inglês, falou mais alto que a razão. Pagava com a solidão, com o confinamento que só era aliviado quando ela ia pra escola tão diferente de sua  pequena escola em Salvador.

E frente aquela terra que tão mal a havia recebido, ela decidiu que voltaria a qualquer custo. Não esperaria nem um segundo mais. Ainda haveria de estar mais uma vez, para nunca mais sair, na sua terra.
De pé, ela via as palmeiras de sua terra; Via sua casa, seus amigos e suas peles morenas, não o pálido dos cidadãos novaiorquinos; Via toda Salvador em sua visão, via os restaurantes e shoppings que frequentava.

“Eles vão ter que me levar pra lá agora, né?”

E seu corpo se lançou ao ar, impaciente para ser leva inanimado para sua terra.

Sorvetes  🍨 - 🏅FernandaMichelutti🏆

Simples assim

Tiro as meias e as coloco dentro do tênis perto da porta do apartamento, meus pés doem e estão meio úmidos. Após um longo dia de faculdade, finalmente no apartamento.

Espalho-me no sofá e cubro o rosto com as mãos.

O que eu estava fazendo da minha vida? Um curso que me tomaria quatro anos e não me daria nenhuma estabilidade no futuro. Será que realmente valia a pena investir tanto tempo e emocional em algo tão incerto? Talvez eu também nunca consiga ser boa o suficiente para ter
algum sucesso.

Tiro as mãos do rosto enquanto me deito sobre o braço direito e encaro a parede ao lado do móvel onde fica a televisão. Vejo minha bandeira da India, ela sempre está ali, mas pelo costume não é sempre que percebo o que ela significa.

Levanto-me e ando até a bandeira. Ali estão vários recadinhos de todas as pessoas que conheci durante meu intercâmbio voluntário. Todos havíamos trabalhado juntos em um orfanato de crianças HIV positivo. Percorro os olhos por cada anotação de caminhos que cruzaram minha
vida. E ali, no meiozinho tinha a assinatura da Mamta e do lado da bandeira, a pintura que ela me
fez, enquadrada. Tiro o quadro da parede, seguro em minhas mãos e o levo até o sofá.

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