O Projeto Wattpad's Bakery - Prática de escrita criativa

Vencedores da semana - "Amizade ao Acaso"

Olááá, hoje trago aqui os textos mais votados desta semana, onde o tema principal foi "Amizade ao Acaso".
Não vou me demorar muito aqui hahaha, podem ficar com os maravilhosos vencedores!

Subgrupo Chocolate 🍫 - 🏆taliriddle🥇

O fenômeno Lizzy

Garota estranha, essa tal de Lizzy. Sempre por aí, com suas roupas extravagantes e cabelo
colorido, falando sozinha ou com um animal de rua qualquer.
Eu sou o Dave, a propósito. Moro na Rua das Orquídeas, número 411, num bairro pacato e
normal. É tedioso morar aqui, na Cidade das Flores, eu quero dizer. Nada ocorre por aqui, a
maior coisa que já aconteceu foi quando um bêbado tentou assaltar um mercado de uma
grande franquia, no fim tudo acabou bem, e nós voltamos para o nosso amigo de longa
data, o tédio.
Não entendo o porquê de alguém como Lizzy veio morar aqui, nesse fim de mundo. Ela
parece ser o tipo de pessoa que ama uma aventura, que gosta de coisas novas, bom, se
esse for o caso, ela com certeza veio a cidade errada. Ela deveria estar em lugares mais
agitados no nosso país, como A Ilha das Ovelhas, por exemplo.
Bem, de qualquer maneira, como mamãe já disse, eu não tenho nada a ver com isso. É
melhor eu seguir a minha vida e deixar essa tal de Lizzy pra lá. Hoje é o meu primeiro dia
de aula, estou muito ansioso para fazer exatamente as mesmas coisas que eu fiz os anos
passados.
Eu não preciso ser um tipo de vidente para saber exatamente o que vai acontecer. Vou ser
o quase-melhor-aluno-do-ano, porque ser o melhor me daria muito destaque, e você não
quer se destacar numa escola como a minha, não mesmo. Destaque na Escola Estadual
dos Girassóis, tem o mesmo significado que bullying.
Vou me sentar sozinho em todas as aulas, lanchar sozinho, fazer os trabalhos sozinho, e
pra variar vou ficar em casa sozinho o tempo todo, já que minha mãe é sempre muito
ocupada com o trabalho e eu nunca conheci meu pai.
···
Chegando na escola, reparo uma multidão incomum. Eu nunca vi tantos alunos reunidos
assim sem ser no refeitório, ou numa luta, e isso com certeza não era uma luta, pois não
conseguia ouvir nenhum grito ou berro do mar de adolescentes que se encontravam ali.
Me aproximo mais para ver do que se tratava. Era uma garota caída no chão, mas não uma
garota qualquer, era Lizzy. E ela estava cercada pelos alunos mais populares, os que
ficavam no topo da cadeia alimentar e comandavam a mini-hierarquia da nossa escola.
Bem, todos nós já sabíamos que isso iria acontecer, certo? Ela era diferente, diferente
demais para estar aqui.
Ora! Não pense que eu sou uma pessoa ruim por deixá-la sozinha. Do que adiantaria eu
tentar ajudar ela? Eu apenas iria sofrer junto. Eu não sou um maldito herói, baixe suas
expectativas, não existem salvadores da pátria nessa história
Vou o mais rápido que posso para a minha sala, antes que eu vire o novo alvo. Minha
primeira aula era de história, ótimo, uma das minhas matérias favoritas. Quando chego lá
ainda não tem ninguém, obviamente eles só sairiam do pátio quando algum professor os
espantasse.
Assim que os alunos começam a entrar na sala eu tenho uma surpresa. Lizzy estava lá.
Bem, não é só porque ela é da minha sala que eu tenha que falar com ela, certo?
Aparentemente eu estava errado, pois minutos depois o professor Eduard colocou ela como
minha dupla, já que eu era um dos melhores alunos e ela havia estudado em casa durante
a vida inteira. Ela poderia precisar de ajuda, não é?
— Olá. Você é o Dave, certo? Dave Willians. — diz ela de maneira… sonhadora? É como
se ela estivesse aérea, em outro lugar. E como diabos ela sabe meu nome?
Assinto com a cabeça, não queria conversar com ela, não queria ser visto com ela, não
queria ser visto por qualquer um, com qualquer um.
— Eu sou a Lizzy.
Por que ela continuava falando?
— Eu gosto de ovelhas, aquelas bem fofinhas, sabe? Queria ter ido pra Ilha das Ovelhas,
mas minha mãe decidiu que aqui era um lugar melhor pra mim.
Ela continuou tagarelando no meu ouvido durante a aula inteira. Não entendi nem metade
do que ela disse, ela era realmente estranha, essa tal de Lizzy. No final da aula Sr. Eduard
designou um trabalho em dupla, e é claro que minha parceira seria ela.
— Na minha casa, okay? — digo num tom monótono enquanto fecho minha mochila —
Podemos ir amanhã, se você não conseguir avisar sua mãe ainda hoje.
— Eu te vi lá, no pátio da escola. — fala ela, olhando em meus olhos.
O que ela queria que eu respondesse? “Oh sim, eu te vi lá, acuada e sem nenhuma forma
de escape, foi mal, não deu tempo de te ajudar, estava atrasado pra aula”
— Vou avisar pra minha mãe que vou chegar um pouco mais tarde em casa, então
podemos ir pra sua casa e fazer o trabalho.
···
Estávamos caminhando em direção á minha casa no pôr do sol, com nossas bicicletas em
mãos em uma conversa silenciosa. Quando ela diz, de repente:
— Por que você é assim, Dave?
Olho para ela com confusão estampada em meu rosto. O que ela queria dizer com isso?
— Você sabe o que eu quero dizer. Você não é você. Por que se esconde? — Lizzy olha
para mim decidida a me fazer entender — O mundo pode ser difícil as vezes, assim como é
difícil caçar borboletas com uma vara de pesca, eu sei. Mas você não pode ser isso pra
sempre, ser quem você não é pode te matar, sabia?
— Minha casa é aqui. — digo baixinho, perdido em pensamentos, e aponto com a cabeça
para uma casa cinza, como todas as outras.
— Para um bairro que se chama Orquídeas, aqui é bem… caído, não é?
···
Bem, depois daquele dia as coisas ficaram diferentes, para não dizer estranhas. Lizzy e eu
viramos melhores amigos, não me pergunte como, porque aparentemente ninguém pode
responder essa pergunta.
Lembra quando eu disse que nada acontecia na pacata e monótona chamada Cidade das
Flores? Isso mudou. Aconteceu um fenômeno extraordinário chamado Isabelly Jones (Lizzy
para os mais íntimos.) e agora, a cidade que antes não tinha cor, parece brilhar mais que o
próprio Sol.